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Vinho mais antigo do mundo tem 1.700 anos e ainda pode ser bebido; entenda

A garrafa de vinho mais antiga do mundo no Museu Histórico do Palatinado, na Alemanha - Reprodução/Instagram
A garrafa de vinho mais antiga do mundo no Museu Histórico do Palatinado, na Alemanha Imagem: Reprodução/Instagram

De Nossa

09/06/2023 04h00

Você já imaginou beber um vinho fabricado no Império Romano? Tecnicamente, é possível — embora ninguém se aventure a romper o lacre — já que a mais antiga garrafa da bebida em todo o mundo, produzida em torno do ano 325 d.C., segue intocada no Museu Histórico do Palatinado (Historisches Museum der Pfalz) em Speyer, na Alemanha.

Mais do que isso, ela ainda seria apropriada para a ingestão, de acordo com a professora de enologia Monika Christmann. "Microbiologicamente, o vinho provavelmente não está estragado, mas não traria nenhuma alegria ao paladar", relatou a pesquisadora ao jornal britânico Daily Mail.

Segundo a própria equipe do museu, as análises que puderam ser conduzidas até o momento sem abrir a garrafa indicam que o sabor seria parecido com o de "um chiclete insosso". A revista Food and Wine ainda observou que o álcool deve ter sido completamente evaporado. Os pesquisadores, contudo, não encontraram evidências de que o rompimento do lacre para maiores estudos não destruiria, de vez, o material.

"Não temos certeza se ele poderia suportar o choque com o ar. Ainda é líquido e há aqueles que acreditam que ele deveria ser submetido a mais análises científicas, mas não estamos certos disso. Eu, pessoalmente, segurei a garrafa [apenas] duas vezes em minhas mãos durante reformas [no museu]. Foi um sentimento incrível", confessou Ludger Tekampe, curador do departamento de vinhos do museu ao Mail.

A garrafa de vinho mais antiga do mundo no Museu Histórico do Palatinado, na Alemanha - Carole Raddato/Creative Commons - Carole Raddato/Creative Commons
A garrafa de vinho mais antiga do mundo no Museu Histórico do Palatinado, na Alemanha
Imagem: Carole Raddato/Creative Commons

A bebida foi preservada com um fio de azeite de oliva — que o preservaria do contato com o ar dentro do recipiente — e um selo de cera quente aplicado ao topo da garrafa. Quando foi fabricada, há 17 séculos, teria sido um vinho branco à base de uvas ao qual os romanos teriam adicionado temperos e mel para adocicá-lo. Atualmente, contudo, seu conteúdo é bem menos translúcido.

Ainda de acordo com o Museu Histórico do Palatinado, a garrafa foi encontrada em um sarcófago de pedra de um romano em 1867, quando um novo vinhedo foi estabelecido no sul de Speyer — uma antiga cidade romana conhecida pela sua produção da bebida desde aquela época. Ironicamente, ela estava localizada próximo a uma cervejaria.

Apesar de outras garrafas terem sido encontradas junto a esta recordista, a relíquia de Speyer era a única totalmente intacta depois de tantos anos. Há mais de 100 anos, ela "descansa" no mesmo museu. Ao jornal alemão The Local, Tekampe disse em 2011 que, em seus 25 anos (até então) no museu, ele não viu alterações na preciosidade.

"O conteúdo é notavelmente estável", observou, o que indica que os romanos já entendiam como evitar que o vinho se decompusesse. É possível visitar a garrafa de vinho mais antiga do mundo no Museu do Vinho dentro do complexo do Museu Histórico do Palatinado. A entrada para esta seção é gratuita.