Conheça as coleções resort, a aposta das grifes para aparecer e vender mais
Se você acompanha o mundo da moda, ouviu falar bastante das coleções resort de grandes grifes. Não é à toa: entre maio e junho, as maiores marcas fashionistas do mundo apresentam as criações deste perfil e os formatos podem ir de um ensaio fotográfico divulgado nos canais oficiais da marca a riquíssimos desfiles em lugares deslumbrantes ao redor do mundo.
Estas apresentações acontecem justamente no intervalo entre os desfiles da temporada internacional de moda inverno, que acontece geralmente em fevereiro, e a de verão, realizada em setembro.
Mas o que é uma coleção resort, afinal?
Chamada também de cruise ou coleção de meia-estação, seu conceito envolve looks mais leves, frescos, geralmente coloridos, com tecidos mais fluidos e confortáveis, um visual de férias no litoral.
Tudo começou em 1919 com Coco Chanel. A estilista foi a primeira a criar uma coleção com o conceito resort, pensando em suas clientes milionárias que durante o inverno no hemisfério norte partiam em busca de temperaturas mais quentes no hemisfério sul ou viajavam no início da primavera para destinos de luxo, como o balneário francês de Biarritz.
Roupas com tecidos fluidos, calças mais amplas, pijamas para usar à beira-mar, vestidos leves para a noite e outras peças práticas e funcionais para passear de barco ou praticar esportes ao ar livre compunham as coleções resort da estilista. Sua grife se tornou a responsável por consolidar e espalhar esse movimento entre outras marcas com o passar do tempo.
Dois desfiles da Chanel são icônicos nesse sentido: um em 2004, onde as novidades cruise foram apresentadas em um barco em pleno Rio Sena, em Paris, e outro em 2007 na Grand Central Station, o terminal de metrô de Nova York. A partir daí, criar desfiles espetaculares em lugares inusitados ou exuberantes com o objetivo de mostrar suas coleções resort se tornou um imperativo para as grifes.
Viagem pelo mundo
Produzir um lookbook é uma opção na hora de divulgar uma coleção resort, no entanto, em busca de repercussão midiática, burburinho nas redes sociais e criação de imagens memoráveis entre as pessoas, muitas grifes têm apostado em organizar desfiles em locais paradisíacos, pontos turísticos ou com cenários instagramáveis, em diferentes partes do globo.
A Chanel levou sua coleção de meia-estação 2016 para Havana, em Cuba. A Louis Vuitton desembarcou na capital do Japão em 2017. A Dior mostrou sua coleção Cruise 2020 no Palácio El Badi, monumento histórico de Marraquexe, no Marrocos. E mais recentemente a grife Carolina Herrera apresentou sua coleção resort 2024 no Rio de Janeiro no boêmio bairro de Santa Teresa.
Muitas vezes, as marcas se inspiram no destino escolhido e incorporam em suas coleções resort elementos e referências da cultura local. Na Cruise 2020 da Dior, desfilada no Marrocos, por exemplo, a estilista Maria Grazia Chiuri se inspirou no país africano e os tecidos, estamparia e acessórios da coleção foram criados em parceria com artesãos da região.
Interesse comercial
Se, por um lado, a escolha dos lugares de ambientação dos desfiles é uma espécie de disputa simbólica de poder entre as marcas para ver quem surpreende mais, por outro os destinos escolhidos podem ser também estratégicos do ponto de vista comercial, representando um potencial mercado consumidor para as grifes.
A Gucci, por exemplo, lançou sua coleção resort 2024 no mês passado com um desfile em Seul, na Coreia do Sul. O país é hoje um dos que mais consomem produtos de luxo na atualidade. Dados da empresa especializada em serviços financeiros Morgan Stanley indicam que o consumo de bens desse tipo na Coreia do Sul cresceu 40% em relação ao período anterior à pandemia de covid-19.
Além disso, a escolha por apresentar sua coleção resort com desfiles grandiosos acaba sendo uma forma de as grifes conquistarem atenção exclusiva, uma vez que são realizados separadamente numa data escolhida por elas e não dentro da programação de uma semana de moda, onde concorrem umas com as outras para atrair holofotes, celebridades, influenciadores e cobertura midiática.
Nas araras e prateleiras
Já deu para perceber que se uma grife investe em desfiles pelo mundo para divulgar sua coleção resort, sua relevância e a possibilidade de retorno comercial são reais. Primeiramente, porque as peças apresentadas nessas coleções são menos conceituais do que aquelas lançadas durante as grandes semanas de moda. Isso faz com que acabem vendendo mais.
Outro ponto é que as coleções resort têm um tempo de vida maior nas lojas do que as de Outono-Inverno e Primavera-Verão das marcas. Elas chegam aos pontos de venda em novembro e ficam até julho, ou seja, um período de praticamente 8 meses, enquanto as peças das duas temporadas principais permanecem só dois meses disponíveis.
As coleções resort contam ainda com uma grande variedade de roupas e acessórios. Se inicialmente, elas foram pensadas para lugares de férias ou balneário, hoje se diversificaram e englobam tanto beachwear quanto jeanswear, roupas esportivas, looks de festa e outros para diferentes contextos e ocasiões, mas mantendo o conceito principal de serem mais leves e fluidos.
O que rolou em 2023
Ode à Hollywood pela Chanel
A marca francesa desembarcou em Los Angeles, nos Estados Unidos, mais precisamente nos estúdios da Paramount, para apresentar sua coleção resort inspirada no glamour hollywoodiano.
Virgine Viard, diretora criativa da Chanel, entregou looks cheios de cores e texturas, logomania, metalizados, hotpants, bermudas esportivas, rendas, multicamadas e bordados de pérolas. Destaque para o charme das polainas como complemento de muitos visuais.
Vintage futurista da Gucci
Combinando tradição e modernidade, a Gucci viajou para Seul, na Coreia do Sul, e apresentou sua coleção resort no Palácio Gyeongbokgung, construído no século 14 e hoje um dos principais pontos turísticos da cidade. Peças casuais e esportivas se misturavam a outras metalizadas e cheias de brilho.
Calças e camisetas mais largas, tops tipo corset, casacos com cinto e bolsas em formato de skate deram o tom do desfile numa vibe meio retrô meio futurista.
Mergulho na fantasia com Louis Vuitton
A grife francesa escolheu a ilha Isola Bella, na parte alpina do Lago Maggiore, na Itália, como cenário para o desfile da sua coleção cruise 2024.
Remetendo a um universo de fantasia e em diálogo com o mermaid core, uma das tendências do momento inspirada nas sereias e outro seres míticos do fundo do mar, o diretor criativo da marca Nicolas Ghesquière trouxe peças com babados, plissados, paetês, texturas simulando escamas e golas que pareciam guelras e nadadeiras de peixes, além de arranjos de cabeça.
Borboletas de Frida invadem a Dior
A coleção resort 2024 da Dior homenageia a pintora mexicana Frida Kahlo e foi apresentada em um grande desfile no Colégio de San Ildefonso, na Cidade do México, onde a artista estudou. Para a produção das peças, Maria Grazia Chiuri trabalhou com artesãos de comunidades indígenas do México.
Entre as novidades, estão coletes, ponchos, vestidos e camisas com bordados, transparências e estampas florais. A borboleta, elemento frequente nas obras de Frida, ganhou destaque seja como detalhe nas roupas ou em joias feitas pelo ourives mexicano Plata Villa.
Tropicalismo by Carolina Herrera
Pela primeira vez em um desfile fora de Nova York, a grife norte-americana escolheu o Brasil para apresentar sua Cruise 2024, inspirada na alegria e sensualidade do Rio de Janeiro.
Com casting totalmente brasileiro, o desfile enfrentou uma série de contratempos por conta da forte chuva que caiu sobre a cidade no dia, mas conseguiu entregar sua proposta de passeio pela exuberância tropical do nosso país em vestidos, tops e saias com cores vibrantes, babados, estampas florais, poás e listras. Destaque para os detalhes de flor 3D e acessórios como cintos e chapéus maximalistas.
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