Titanic: como era pacote de viagem de R$ 1,2 mi no submersível desaparecido
Desapareceu na manhã de ontem um submersível que levava turistas para uma expedição ao naufragado RMS Titanic, o navio mais famoso de todos os tempos, que "descansa" no fundo do Oceano Atlântico.
A empresa que organizava a viagem, a OceanGate Expeditions, informou que já realiza uma operação de buscas pelos passageiros e tripulantes da embarcação.
"Estamos explorando e mobilizando todas as opções para trazer a tripulação de volta com segurança. Todo o nosso foco está nos tripulantes do submersível e suas famílias. Estamos trabalhando para o retorno seguro dos tripulantes", diz o comunicado.
A embarcação Titan — o único da empresa que realizava o percurso — tinha capacidade máxima para cinco viajantes (um piloto, um "expert" e três turistas) a partir de 17 anos de idade. Toda a viagem estava programada para durar oito dias e ver de perto os destroços do Titanic a 611 quilômetros da costa, a 3.800 metros de profundidade.
O preço desta aventura era de US$ 250 mil ou quase R$ 1,2 milhão. A OceanGate já havia realizado duas expedições bem-sucedidas ao Titanic, em 2021 e 2022, e esta seria a terceira. No último verão, contudo, seu submersível também perdeu contato com a empresa em seu 6º dia nas águas.
Na ocasião, estava a bordo um jornalista da emissora americana CBS, David Pogue. O repórter relatou que o problema operacional durou algumas horas, em que a comunicação — feita por mensagens de texto enviadas via satélite — foi interrompida, mas eventualmente todos retornaram em segurança à terra firme. Assista como é a expedição e a embarcação por dentro:
A conexão entre terra e submersível é prestada pelo serviço de internet via satélite Starlink, da SpaceX, empresa de tecnologia aeroespacial de Elon Musk, também dono do Twitter. Nem Musk ou a Starlink se manifestaram a respeito do ocorrido até a publicação desta matéria.
Como é a viagem?
Entusiastas têm pressa em conhecer o Titanic, já que eventualmente o navio todo será decomposto por bactérias e se incorporará à paisagem do oceano, deixando de lembrar o navio que afundou em 14 de abril de 1912. Esta terceira expedição da OceanGate partiu em 15 de junho, mas outras duas já estavam marcadas para junho de 2024, devido ao interesse.
A descida é feita a bordo do submersível Titan, que pesa 10.432 kg, pode alcançar profundidades de até 4 mil metros e tem até 96 horas de suporte de vida — como oxigênio — para uma equipe de cinco pessoas.
Estão inclusos no pacote exorbitante acomodação (privativa) dentro da embarcação que realiza o percurso até área próxima do naufrágio, o mergulho com o submersível até o famoso navio, treinamento para o período dentro da ambercação, equipamento e todas as refeições. Passagens aéreas até o porto de embarque, hotéis e refeições que o viajante possa precisar antes de subir a bordo, além de seguro-viagem não estão inclusos no preço.
As expedições partem sempre de St. John's, em Newfoundland, no Canadá. Ali, a equipe de expedição se encontra e embarca. No segundo dia de viagem, já no meio do Atlântico Norte, o líder da expedição passa aos viajantes informações de segurança e logística do dia de mergulho no submersível, enquanto a equipe científica e os chamados "experts de conteúdo" orientam os turistas a respeito do que verão ao se aproximarem do Titanic, segundo a OceanGate.
No terceiro dia, chamado de "Dive Day" (Dia do Mergulho, em tradução livre), cinco viajantes de fato entram no Titan para iniciar a descida até o Titanic, enquanto os restantes ficam para trás na embarcação principal realizando outras tarefas realizadas ao mergulho, como registros ou auxílio ao gerente da expedição, por exemplo.
Quem não mergulha neste dia tem até o sétimo dia de viagem para ter a sua vez. A OceanGate estima que toda a descida leve cerca de duas horas, em que se encontram "formas alienígenas" no caminho. Nesta travessia, os viajantes são encorajados a ajudar o piloto do submersível com o monitoramento de sua posição, coleta de informações para o time de cientistas da empresa e, para quem preferir, assistir a um filme ou almoçar.
Se houver necessidade, é possível usar o banheiro, já que há um toalete dentro do submersível. Ao fim das duas horas, o grupo tem seu esperado encontro com o Titanic, guiado pelo expert a bordo que aponta as principais características do navio histórico, faz conexões entre o visual e a história do naufrágio e detalha a porção do oceano em que ele afundou. Segundo a OceanGate, o grupo costuma passar "horas" estudando o navio antes de subir à superfície.
De volta à embarcação, os exploradores podem revisar as filmagens do passeio, conversar com especialistas a respeito de possíveis descobertas realizadas na viagem ou observar baleias no último dia de trajeto rumo ao seu ponto inicial, a cidade portuária de St. John's.
O resgate e os passageiros
As Guardas Costeiras dos EUA e do Canadá também estão envolvidas nas buscas, segundo o jornal The New York Times. Enquanto oficiais de Boston comandam os trabalhos em águas territoriais americanas, os canadenses enviaram uma aeronave militar e o navio Kopit Hopson 1752 de Newfoundland para a área da perda de sinal.
Em comunicado à imprensa, a Guarda Costeira dos EUA confirmou que procura cinco pessoas depois que a embarcação de pesquisa canadense MV Polar Prince perdeu contato com o submersível durante o mergulho a cerca de 1,5 km a leste do litoral de Cape Cod, em Massachusetts.
Em entrevista à Fox News, o contra-almirante John Mauger afirmou que atualmente a agência da Marinha americana não possui o equipamento correto na área de buscas para fazer "um estudo completo por sonar do fundo do mar". Ele revelou que eles focam em uma busca aérea atualmente e posteriormente usarão um sonar subaquático.
O Times também chegou a identificar um dos viajantes: Hamish Harding, presidente da empresa de operações aéreas Action Aviation, de Dubai.
A informação foi confirmada pelo diretor da empresa, Mark Butler. O empresário possui diversos recordes no Guinness, entre eles, pelo maior tempo de travessia em mergulho único na parte mais profunda do oceano.
O Titanic, o maior navio de sua época, colidiu com um iceberg em sua viagem inaugural de Southampton, na Inglaterra, para Nova York, nos EUA, em 1912. De seus 2.200 passageiros e tripulantes, mais de 1.500 morreram. O naufrágio se tornou fonte de curiosidade global desde então e seus destroços foram muito procurados até que localizados em uma expedição em 1985 — que inspirou o filme de James Cameron com Leonardo DiCaprio e Kate Winslet em 1997.
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