'Titanic brasileiro': naufrágio de navio luxuoso em SP é cercado de lendas
O famoso naufrágio do Titanic, em 1912, desperta até hoje curiosidade e foi recentemente lembrado após a expedição turística de um submersível, que terminou em cinco passageiros mortos.
Este naufrágio, no entanto, não é o único que ainda atrai turistas. O transatlântico Príncipe de Astúrias naufragou em 1916 no litoral norte de São Paulo e ficou conhecido como "Titanic brasileiro".
Mais de 100 anos depois, restos da embarcação ainda estão no fundo do mar de Ilhabela — e viraram um ponto de mergulho desafiador e cercado de lendas fantasmagóricas.
Embarcação de luxo
O Príncipe de Astúrias foi um navio transatlântico construído em 1914. Ele navegava na linha regular de passageiros e também de cargas entre Barcelona, na Espanha, e Buenos Aires, na Argentina. Na época, ele foi considerado o mais luxuoso da Espanha.
O navio era operado pela companhia Pinillos Izquierdo. Uma viagem de Barcelona a Buenos Aires durava aproximadamente 17 dias — com paradas em sete portos: Valência, Almería, Málaga, Cádiz, Las Palmas, Santos e Montevidéu.
Luxuosa, a embarcação era chamada de "palácio flutuante". O navio contava com salão de música, restaurante, biblioteca e ambulatório. Na primeira classe, os ambientes eram decorados com tapetes persas, poltronas de couro e móveis de mogno, segundo informações da BBC.
O transatlântico tinha mais de 150 metros de comprimento, pesava 16.500 toneladas e sua velocidade chegava a até 33 km/h. Ao todo, podia transportar até 1.890 passageiros, sendo 150 na primeira classe; 120 na segunda; 120 na segunda classe econômica e os outros 1.500 na terceira classe.
O naufrágio e a fama de "Titanic brasileiro"
O naufrágio foi considerado o pior acidente marítimo do Brasil — o que rendeu ao transatlântico o apelido de "Titanic brasileiro". O navio se dirigia ao porto de Santos quando, na madrugada de 5 de março de 1916, bateu em formações rochosas da Ponta da Pirabura, em Ilhabela, no litoral de São Paulo. Há relatos de que chovia forte e a visibilidade estava baixa no momento do acidente.
O navio demorou cinco minutos para ficar totalmente submerso — diferentemente do Titanic, que demorou duas horas para submergir por completo. A colisão abriu um buraco de 40 metros no casco duplo, fazendo com que a água invadisse a casa das máquinas.
Oficialmente, o navio transportava 588 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Desse total, 445 morreram, enquanto os outros 143 se salvaram. No entanto, o total de vítimas da tragédia pode chegar a 1.000, já que muitos imigrantes viajavam de maneira clandestina fugindo da Primeira Guerra Mundial. Essa era a sexta viagem da embarcação à América do Sul.
Praia das Caveiras. Após o naufrágio, muitos corpos foram recolhidos em praias do litoral norte. Uma das praias de Ilhabela, inclusive, foi batizada — não por acaso — de Praia das Caveiras.
História sobre tesouro intriga curiosos. Há relatos que afirmam que o Príncipe de Astúrias carregava algumas riquezas, como 11 toneladas de ouro. Esta fortuna, porém, nunca foi oficialmente descoberta por ninguém — existe até uma teoria que diz que, pouco antes do acidente, o capitão teria mudado a rota da embarcação e descarregado sorrateiramente parte destes tesouros em um ponto do litoral norte de São Paulo.
Diferentemente do Titanic original, que está a aproximadamente de 3.800 metros da superfície, o Príncipe de Astúrias está a 40 metros de profundidade. Durante os mergulhos realizados hoje em dia, além de ser necessário ter certa experiência, é muito difícil ver os restos do transatlântico com clareza. Isso porque, além da água constantemente turva, a estrutura do navio se encontra em pedaços.
Além das condições do mar no local, há outros fatores que assustam mergulhadores no ponto do naufrágio do Príncipe de Astúrias. Segundo relatos, trata-se de um local mal-assombrado.
Museu em Ilhabela
O Museu Náutico de Ilhabela exibe a história do "Titanic brasileiro". Inaugurado em 2022, o espaço também conta com uma coleção de peças resgatadas do naufrágio.
Entre os objetos em exposição estão desde uma cabeça de uma boneca de porcelana até um capacete de um traje usado por mergulhadores. Segundo a Exame, parte do material foi comprado do pesquisador e mergulhador grego Jeannis Platon.
*Com reportagem publicada em 22/04/2021
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