Não é de hoje! Cropped usado por João Guilherme já foi moda nos anos 1980
Adepto do cropped, João Guilherme desabafou nas redes sociais nesta segunda-feira (26). "Muito doido como um cropped vira motiva de notícia, gera tantas conversas, hate, etc. Que mundinho", escreveu. Os comentários vieram depois que o filho do cantor Leonardo divulgou, em seu Instagram, fotos em que usava uma peça do tipo em Paris, na França.
O cropped, porém, não é peça favorita só de João Guilherme ou do vestuário feminino, em que se expandiu nos últimos anos. Ele já foi tendência nos anos 1980, por exemplo. Veja o caminho do cropped até chegar às ruas:
Entre os famosos
Nos anos 1980, o então galã teen Johnny Depp usou a blusa curta na produção "A Hora do Pesadelo" (1984).
Na mesma década, em cima dos palcos, o multiartista Prince tinha a peça como uma de suas marcas mais características. O estilo se fundia às performances, que, assim como sua arte, o tornaram imortal.
Nos anos posteriores, principalmente na década de 1990, o traje se popularizou. Com isso, a peça deixou de ser algo que pertencia ao universo artístico para ser adotada em looks casuais.
Will Smith, por exemplo, vestia o cropped como um uniforme em "Um Maluco no Pedaço" (1990). Lenny Kravitz combinava a peça com seus dreads. Até mesmo Adam Sandler, muito antes de ser tornar um ícone fashion da Geração Z, já usava o look.
Hoje, os famosos que vestem a blusa com a barriga à mostra são os mesmos que têm grande influência na moda —seja ditando tendências entre o público ou abraçados como queridinhos de grifes.
João Guilherme pode ser citado como exemplo brasileiro ao trajar o meme "reage e bota um cropped". Já Supla usava a peça antes mesmo da existência de influenciadores nas redes sociais.
No exterior, Jacob Elordi, estrela de "Euphoria", fez um ensaio à revista "Wonderland" em que o traje era o protagonista. Já Jaden Smith, cantor e filho de WIll Smith, parece carregar os cortes minúsculos nas veias.
Passarelas e grifes
A obsessão das grandes etiquetas pelo cropped não é de se estranhar. A tendência genderless e, junto a ela, a obsessão pelos anos 2000 são os dois principais propulsores desse movimento.
Entre as grifes de destaque aparece a Balenciaga. A coleção de Demna Gvsalia, apresentada para o Outono/Inverno de 2019, já introduzia a roupa, ainda que em uma versão mais tímida.
Em 2022, os croppeds se fizeram onipresentes. Para a Vetements, sob a direção do outro Gvsalia, Guram, a blusa aparecia em um look todo em tons terrosos, com a malha fina contrastada ao couro da calça e da jaqueta.
Outras labels que também investiram na peça entre os homens foram a Fendi, em um flerte com a alfaiataria; a JW Anderson, em alto-relevo; e a GmbH, em uma adaptação college dos coletes de tricô.
Para o consultor de estilo Gauss Damascena, a forte presença do cropped é consequência do protagonismo das gerações mais novas no mundo da moda.
Acredito que os olhos do mercado estão voltados para o jovem. Acho incrível essa capacidade da moda em romper barreiras e chacoalhar a estética vigente. Ninguém melhor do que o jovem para ser o protagonista dessas mudanças.
Gauss Damascena, consultor de imagem e estilo
Nas ruas
No street style, os que estão abraçando o top cropped como parte do look, em sua maioria, pertencem à comunidade queer. Mas pouco a pouco, assim como nas passarelas, vemos a moda sem gênero dar os seus passos entre os consumidores.
Para Damascena, há um contraponto: ao mesmo tempo em que essas roupas abraçam a diversidade, elas também reforçam um padrão estético ligado ao corpo masculino. As peças enfatizam o abdômen sarado dos consumidores — ainda que o "tanquinho" seja raridade fora do Instagram.
A moda ainda está longe de ser inclusiva. Somos inundados por imagens de corpos definidos e inalcançáveis. Mas o importante é estar consciente do desejo de imagem que se quer passar para se sentir confiante. Quer começar devagar? Experimente usar um cropped em sobreposição com uma malha mais longa e coladinha, tipo uma segunda pele.
Gauss Damascena
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