Atrações 'pega-turista' lideram ranking de maiores roubadas para viajantes
Filas longas demais, poluição de diversos tipos, preços abusivos, desorganização, maus tratos. A definição de uma roubada turística parte da impressão que alguém teve em relação a um ou a vários desses tópicos. Ou a outros não citados.
Quase sempre, a raiz do problema é a mesma: expectativas que não foram correspondidas. Aí, vem a frustração.
Ninguém gosta delas, o que varia é nossa tolerância. Uma roubada turística pode arruinar uma viagem? Ou faz parte do jogo e precisamos saber como encará-las melhor?
No ano passado, uma pesquisa da plataforma Get Your Guide revelou que 68% dos turistas americanos evitam algum destino ou experiência se eles suspeitam de que se trata de uma roubada. Ou seja, duas de cada três pessoas dizem que fogem de qualquer etapa de um roteiro de férias que possa ser uma total perda de tempo.
Roubadas deixam as emoções afloradas. Geram opiniões pessoais que dependem muito da nossa capacidade de lidar com decepções, do nosso estado de espírito naquele dado dia e, claro, do tamanho da expectativa que acabou de ser estilhaçada. Em suma, é algo difícil de mensurar.
Ainda assim, o site de aluguel de imóveis para temporada Casago decidiu montar, este ano, uma lista com as maiores roubadas turísticas do mundo.
Para tanto, fez um levantamento de quantas vezes o termo em inglês ("tourist trap") aparece nas resenhas do Tripadvisor em diversos países e elaborou um ranking de lugares, teoricamente, a serem evitados.
Sim, teoricamente, porque muitos dos destinos listados só estão lá porque entram naquela categoria de "coisas obrigatórias a fazer na primeira vez que você vai a tal cidade". Aí começa o enrosco.
Tal lugar ganha a estrelinha de "obrigatório" porque é um marco daquela cidade, seja cultural, social ou histórico. Logo, ele é, muito provavelmente, o carro-chefe do turismo local, o que atrai enxames de visitantes e, consequentemente, inflaciona os preços de todos os serviços no entorno.
Ou seja, um ponto turístico, de tão incrível e desejável, tem grandes chances de acabar sendo visto também como uma roubada, com suas filas, tumulto, preços abusivos — o pacote completo para o viajante mais sensível a frustrações.
Talvez o exemplo mais óbvio da lista da Casago seja a Torre Eiffel. Símbolo hiperconhecido de Paris há gerações, ela sintetiza a primeira viagem à França (e à Europa) para muita gente. Quantas pessoas você conhece que já foram a Paris e não conheceram a torre?
Ainda assim, ou por isso mesmo, ela ficou em primeiro lugar na França no ranking. Nenhum destino no país foi tantas vezes chamado de "roubada", segundo a lista.
Existem outros nomes bem conhecidos, e outros que surpreendem. Veja a seguir:
- Fisherman's Wharf, San Francisco (EUA)
- Las Ramblas, Barcelona (Espanha)
- Temple Bar, Dublin (Irlanda)
- Lagoa Azul, Grindavik (Islândia)
- Checkpoint Charlie, Berlim (Alemanha)
- Royal Mile, Edimburgo (Reino Unido)
- Cataratas do Niágara, Ontário (Canadá)
- Mercado flutuante de Damnoen Saduak, Ratchaburi (Tailândia)
- Nyhavn, Copenhague (Dinamarca)
- Pico Victoria, Hong Kong (China)
- Jemma el-Fna, Marrakech (Marrocos)
- Praça da Cidade Velha, Praga (Tchéquia)
- Rick's Cafe, Negril (Jamaica)
- Torre Eiffel, Paris (França)
- Mercado Ben Thanh, Ho Chi Minh (Vietnã)
- Terraços de arroz de Tegalalang, Bali (Indonésia)
- Fonte de Trevi, Roma (Itália)
- Plaka, Atenas (Grécia)
- Ilhas Flutuantes dos Uros, Puno (Peru)
- Mercado de Peixes de Bergen, Bergen (Noruega)
Outras "roubadas" que aparecem no ranking são os pastéis de belém, em Portugal (22º); o centro histórico de Dubrovnik, na Croácia (27º); o bar Bodeguita del Medio, em Havana (29º); e La Boca, em Buenos Aires (34º).
Diferentemente de vários países da lista, o Brasil não está representado por uma grande atração, de fama internacional, como o Pão de Açúcar ou as Cataratas do Iguaçu. Mas por um restaurante, o Marius Degustare, no Rio de Janeiro.
As avaliações negativas da casa, especializada em frutos do mar, chamam atenção para o atendimento, a qualidade da comida e a "famosa experiência pega turista".
Porém, de maneira geral, as notas do restaurante no Tripadvisor são altas. Ele está entre os 20 melhores do Rio, de acordo com os usuários da plataforma — o que reforça a ideia de que uma frustração com uma experiência é precedida por uma alta expectativa, criada pela fama de tal lugar. Procurado para falar a respeito, o Marius Degustare não respondeu.
Uma tradição americana?
Os americanos têm um gosto especial por roubadas turísticas. Eles até teriam inventado o conceito, quando começaram a espalhar por suas estradas, no século 19, obras que seriam "a maior qualquer coisa do mundo" apenas para atrair visitantes para um estabelecimento comercial qualquer. Ou seja, roubada da boa.
A maior cadeira de escritório do mundo, o maior martelo do mundo, o termômetro mais alto do mundo, o maior búfalo do mundo e o maior relógio de pêndulo do mundo são algumas das grandes atrações espalhadas pelas estradas americanas — só para constar, ficam respectivamente em Anniston (Alabama), Eureka (Califórnia), Baker (Califórnia), Jamestown (Dakota do Norte) e Kewaunee (Wisconsin).
A mais antiga dessas excentricidades ainda de pé é Lucy, um enorme elefante construído em 1882 nos arredores de Atlantic City. O paquiderme de 20 metros de altura foi concebido por James Lafferty para chamar a atenção de potenciais compradores de terrenos e propriedades naquela área de Nova Jersey.
Lucy acabou virando uma atração regional, foi visitada até pelo presidente Woodrow Wilson, em 1916. Nos anos 1960, ela enfrentou a decadência, mas desde a década seguinte, após uma restauração, virou um destino turístico querido e preservado da cidade de Margate — que nasceu graças ao bem-sucedido negócio imobiliário de Lafferty, segundo o jornal "Los Angeles Times", que em 1985 fez uma longa reportagem sobre a elefanta.
Como fugir das roubadas
A própria Casago se apressa em lembrar que não é porque Times Square é a segunda maior roubada dos EUA que o turista que vai a Nova York pela primeira vez deva evitá-la. Pelo contrário, e por tudo que foi mencionado acima. Confira as dicas da plataforma:
- Vai almoçar? Evite restaurantes com funcionários do lado de fora exibindo cardápios e tentando atrair você para dentro. Não seja preguiçoso e caminhe mais algumas ruas.
- Prefira comer em locais recomendados por pessoas que moram na cidade. Não conhece ninguém? Nas avaliações do Google Maps, por exemplo, preste atenção às resenhas feitas pelos chamados "guias locais". Se um restaurante tiver mais avaliações positivas desses usuários, é sinal de que as pessoas da cidade o frequentam, e não somente turistas.
- Quer comprar uma lembrancinha para alguém? Pule as lojas de quinquilharias que provavelmente foram feitas a milhares de quilômetros dali. Valorize o artesanato local.
- Vai a um lugar "obrigatório" e "imperdível"? Ótimo, então procure antecipadamente por descontos, se os ingressos forem caros. Pesquise os horários mais tranquilos (ingressos podem ser mais baratos fora dos períodos ou horários de pico, aliás). Compre com antecedência para evitar perder tempo em filas.
Itens para sua viagem
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