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Cemitério brasileiro é apontado como um dos mais belos do mundo; veja lista

De Nossa

05/07/2023 04h00

O Brasil tem um dos 53 cemitérios mais bonitos do mundo, segundo avaliação da pesquisadora Yolanda Zappaterra.

Expert em design e jornalista de viagens, ela elencou no seu novo livro "Cities of the Dead: The World's Most Beautiful Cemeteries" ('Cidades dos Mortos: Os Cemitérios Mais Bonitos do Mundo', em tradução livre) aquelas que considera as experiências mais únicas que já viveu ao visitar túmulos no mundo todo.

Entre os mais ricos visualmente — e historicamente — está um popular local de descanso de célebres figuras brasileiras: o Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, onde estão enterrados Cazuza, Tom Jobim, Santos Dumont, Machado de Assis, José de Alencar, Cândido Portinari, Carmen Miranda, Vinícius de Moraes, Chacrinha, Clara Nunes, entre outros.

"Alguns foram escolhidos por seu atrativo físico, mas outros pelos períodos culturais e históricos globalmente importantes que marcam, ou pelas pessoas famosas reunidas neles, suas localidades ou se alguém gostaria de ser enterrado neles", esclarece Yolanda sobre sua metodologia.

Entre outros notórios cemitérios estão a Recoleta, onde está Evita Perón em Buenos Aires, e o bíblico Monte das Oliveiras, na cidade antiga de Jerusalém.

Vista do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, Israel - Juliana Simon/UOL - Juliana Simon/UOL
Vista do Monte das Oliveiras, em Jerusalém, Israel
Imagem: Juliana Simon/UOL

"Como com as nossas cidades dos vivos, as cidades dos mortos são janelas para todo aspecto da humanidade e sua natureza. Aqui, expostos, estão visíveis os potenciais da humanidade para a grandeza — inteligência, conquistas pessoais, filantropia, generosidade, criatividade, imaginação — mas também nosso potencial para fraqueza e falha: sanguinolência, guerra, fome, ganância e brutalidade", refletiu ainda a autora na introdução da obra.

Conheça 5 dos 53 cemitérios eleitos por Yolanda e por que eles se destacaram, segundo a pesquisadora:

São João Batista, no Rio de Janeiro

Túmulo de Santos Dumont no Cemitério São João Batista, no Rio - Divulgação/Concessionária Rio Pax - Divulgação/Concessionária Rio Pax
Túmulo de Santos Dumont no Cemitério São João Batista, no Rio
Imagem: Divulgação/Concessionária Rio Pax

"Aberto em 1852, está localizado entre a estátua severa mas amável do Cristo Redentor e os playgrounds humanos da praia de Copacabana", descreve o livro. "Mais de 25 mil tumbas guardam os restos mortais de cerca de 70 mil pessoas", no local. Yolanda chama o São João Batista de uma "vasta necrópole" e completa:

Terreno de memória dedicado aos construtores do Brasil em cada campo, da aviação à exploração, da cultura popular à política"

Glasgow Necropolis, em Glasgow

Necrópole de Glasgow, em Glasgow, na Escócia - Pedro Costa Simeao/Getty Images - Pedro Costa Simeao/Getty Images
Necrópole de Glasgow, em Glasgow, na Escócia
Imagem: Pedro Costa Simeao/Getty Images

Fundado em 1831, ele foi tido por Zappaterra como um local "calmo e um pouco encantado". "É o tipo de lugar onde é fácil se perder. Frequentemente, o cemitério está deserto — exceto por colônicas de morcegos pipistrelle". Ela ainda considerou a atmosfera "suja e sobrenatural" um de seus grandes atrativos, o que o tornou a locação ideal para diretores de cinema: por ali passeia o Batman de Robert Pattinson no filme da franquia de 2022.

Highgate Cemetery, em Londres

Túmulo de Karl Marx no Cemitério Highgate, em Londres, Reino Unido - alexkuehni/Getty Images - alexkuehni/Getty Images
Túmulo de Karl Marx no Cemitério Highgate, em Londres, Reino Unido
Imagem: alexkuehni/Getty Images

Aberto em 1839, o local é dividido, na verdade, em duas partes: East e West Cemetery. A autora recomenda um passeio guiado, já que "caminhos montanhosos sinuosos por matas surpreendentemente densas são adoráveis de explorar, mas pode ser difícil encontrar túmulos famosos", orienta.

Para Yolanda, o cemitério tem "ótimas histórias para contar": "Você vai aprender sobre Robert Lison, conhecido como a facada mais rápida no West End [centro de Londres] por sua habilidade de amputar membros e serrar o cotoco que sobra em cerca de dois minutos", escreve.

Entre as tumbas mais famosas do cemitério estão a do cantor George Michael, do filósofo e cientista político Karl Marx e a de Alexander Litvinenko, ex-espião russo envenenado em 2006.

South Park Street Cemetery, em Kolkata

South Park Street Cemetery, em Kolkata - Balaji Srinivasan/Getty Images - Balaji Srinivasan/Getty Images
South Park Street Cemetery, em Kolkata, na Índia
Imagem: Balaji Srinivasan/Getty Images

Este cemitério indiano foi criado em 1767, e sua localização foi determinada pela Companhia das Índias Orientais, que precisava de um local destinado ao descanso do expressivo número de europeus morrendo ali. "Estes europeus sucumbiram facilmente a doenças tropicais, saneamento pobre, remédios e práticas médicas inadequadas", conta a estudiosa.

O primeiro ocupante do cemitério foi um funcionário da empresa britânica, mas logo chegaram carceireiros, professores, arquitetos, ourives, tradutores e cirurgiões. Yolanda alerta aos visitantes que não se afastem das passarelas já estabelecidas no cemitério, pois o local possui cobras.

Cemitério Skogskyrkogarden, em Estocolmo

Cemitério Skogskyrkogarden, em Estocolmo - Joel Carillet/Getty Images - Joel Carillet/Getty Images
Cemitério Skogskyrkogarden, em Estocolmo
Imagem: Joel Carillet/Getty Images

Os túmulos deste cemitério sueco de 1920 estão espalhadas entre 10 mil pinheiros, um design concebido por dois arquitetos que queriam valorizar a "experiência do luto". No Skogskyrkogarden está enterrada a atriz Greta Garbo.

"Bancos são levemente angulosos para que os enlutados possam ver uns aos outros e se sentir menos sozinhos, e os degraus da escada que leva ao topo do monte Almhojden (um arvoredo de meditação) se tornam mais rasos a medida que se sobe, para que visitantes possam chegar se sentindo calmos e contemplativos em vez de sem fôlego e agitados", diz a especialista.