Topo

Como é o passeio no trem de Curitiba a Morretes, que ficou preso no Paraná

Na rota de Curitiba a Morretes os trilhos cruzam mais de 40 pontes e 13 túneis escavados em rochas - Divulgação
Na rota de Curitiba a Morretes os trilhos cruzam mais de 40 pontes e 13 túneis escavados em rochas Imagem: Divulgação

De Nossa

14/07/2023 10h15Atualizada em 14/07/2023 18h15

O que era para ser um passeio para conhecer o que foi considerado "um dos 10 roteiros ferroviários mais espetaculares" do mundo, segundo o jornal britânico The Guardian, virou um tormento.

O trem turístico com 943 passageiros ficou preso ontem (13) na Serra do Mar, no litoral paranaense, por cerca de 10 horas, até conseguir seguir viagem até Morretes (PR), onde chegou por volta das 21h15 desta quinta-feira.

A rota está paralisada pelo menos até sábado. A empresa Rumo, responsável pela administração da ferrovia, está fazendo uma nova avaliação dos danos causados pelo vendaval e de eventuais possibilidades de ocorrências de novas quedas de árvores.

Em comunicado, a A Serra Verde Express, que administra o passeio, avisa que "passageiros com bilhetes para domingo (16), devem ficar atentos aos e-mails, redes sociais e comunicados que serão emitidos neste sábado, sobre o funcionamento ou não da ferrovia neste dia". E que clientes dos dias 14 e 15 podem entrar em contato para remarcar ou solicitar a devolução dos valores — os canais de contato são as agências emissoras dos bilhetes ou o email: contato@serraverdeexpress.com.br.

Como é o passeio

No ano passado, embarcamos neste passeio, que é um dos mais famosos do país em ferrovias. Veja como ele funciona:

O percurso de 4h15 é feito em vagões de diferentes classes, como o Barão do Serro Azul, com varanda panorâmica, e o Imperial, com mesas para até quatro pessoas. No trem de luxo litorina, a decoração é neoclássica.

Uma das curiosidades é o vagão pet friendly com design e acessórios para animais de estimação, como caminhas impermeáveis, tapetes higiênicos e biscoitos caninos.

Vagão da classe litorina - Divulgação - Divulgação
Vagão da classe litorina
Imagem: Divulgação

Do planalto ao litoral paranaense, a viagem é feita pela Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, uma via de mais de 130 anos que rasga a Serra do Mar, ao longo de 110 quilômetros de extensão.

Inaugurada em 1885, a ferrovia é um marco da engenharia nacional e foi a primeira construída sem utilização de mão de obra escravizada. Os trilhos cruzam mais de 40 pontes e 13 túneis escavados em rochas.

Passeio de trem de Curitiba a Morretes Vertical - Divulgação - Divulgação
A ferrovia foi inaugurada em 1885
Imagem: Divulgação

O ousado projeto da ferrovia é dos irmãos André e Antônio Rebouças, considerados os primeiros engenheiros negros formados no Brasil.

A Ponte São João, trazida desmontada da Bélgica, tem 112 metros de extensão e vão livre de 110 metros de altura. Detalhe: nenhum parafuso foi usado na construção, apenas rebites.

Outro destaque é o Viaduto do Carvalho, com 86 metros de extensão. Quando o trem passa por ele, é impossível ver os trilhos. A sensação é de estar flutuando sobre o penhasco.

Ponte São João - Getty Images - Getty Images
Ponte São João
Imagem: Getty Images
Passagem no Viaduto do Carvalho - Divulgação - Divulgação
Passagem no Viaduto do Carvalho
Imagem: Divulgação

A viagem no trem da Serra do Mar Paranaense tem apenas uma parada na estação no Pico do Marumbi, porém o desembarque não é permitido. Já o passeio em litorina para no Mirante do Santuário de Nossa Senhora do Cadeado para fotos.

Estação de Marumbi - Daniel Castellano/Divulgação - Daniel Castellano/Divulgação
Estação de Marumbi
Imagem: Daniel Castellano/Divulgação

O cenário visto do trem inclui a mata, as cachoeiras e os penhascos da Serra do Mar, uma cadeia montanhosa imponente que vai do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.

Para ter as melhores vistas, escolha os lugares no lado esquerdo do trem no trajeto Curitiba-Morretes; e do lado direito se fizer no sentido oposto.

O trem passa pelas montanhas da Serra do Mar - Getty Images/EyeEm - Getty Images/EyeEm
O trem passa pelas montanhas da Serra do Mar
Imagem: Getty Images/EyeEm

A parada final da viagem sobre trilhos é na simpática Morretes, cidade do século 18 com construções às margens do Rio Nhundiaquara e opções de trilhas até cachoeiras.

O destaque desse destino histórico é a gastronomia, Vale provar o tradicional barreado, carne cozida por cerca de 12 horas em panela de barro vedada com farinha de mandioca.

Barreado, o prato típico local - Karime Xavier/Folhapress - Karime Xavier/Folhapress
Barreado, o prato típico local
Imagem: Karime Xavier/Folhapress

A 15 quilômetros dali, fica Antonina, cidade para onde os passageiros que optam pelos passeios completos seguem em vans, conhecem a Igreja Nossa Senhora do Pilar e fazem um breve city tour pelo centro histórico tombado pelo IPHAN.

Ao passear pelo centrinho, repare nas plaquinhas na frente das casas. Elas indicam o nome da música favorita dos moradores.

Igreja de Antonina - Eduardo Burckhardt/UOL - Eduardo Burckhardt/UOL
Igreja Nossa Senhora do Pilar, em Antonina
Imagem: Eduardo Burckhardt/UOL

No final da tarde, o retorno para Curitiba é rodoviário e passa pela cenográfica Estrada da Graciosa, antiga via tropeira com 30 quilômetros de extensão e sete mirantes com vista para a Mata Atlântica.

As viagens de trem acontecem nos dois sentidos e partem de Curitiba pela manhã e, à tarde, de Morretes, com destino à capital paranaense, roteiro conhecido como Pôr do Sol.

Passeio de trem Curitiba-Morretes  - Zig Koch/Divulgação - Zig Koch/Divulgação
Passeio de trem Curitiba-Morretes
Imagem: Zig Koch/Divulgação

Os pacotes completos (incluem bilhete de trem, refeição típica, tour e retorno em van) na rota Curitiba-Morretes custam a partir de R$ 379. Os bilhetes simples (ida em trem, sem o retorno), saem a partir de R$ 175.

O pacote Pôr do Sol (saída de Morretes) custa a partir de R$ 175. As partidas de Curitiba são às 8h30 (trens) e 9h30 (litorina). De Morretes, os trens partem às 15h.

Mais informações no site da Serra Verde Express.