Visitei a 'Ilha do Safadão' nas Bahamas e te conto (na real) como é
Foi um susto, mas um do tipo bom. Acordei e dei de cara com uma ilha particular. Mais especificamente a Ocean Cay, nas Bahamas — a ilha propagada como 'exclusiva' do cruzeiro de Wesley Safadão.
Não eram férias antecipadas. Eu estava no Caribe a trabalho, fazendo a cobertura de um cruzeiro de sete dias no navio Seashore, da MSC, meses antes do WS On Board embarcar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) — nas suas vacaciones precoces — e outros tantos passageiros para curtir o hit "Ar-condicionado no 15" em alto-mar.
Nos dias anteriores, eu havia dormido com a porta da varanda da cabine do cruzeiro aberta, exposta às variações de temperatura, de luz e ouvindo o barulho do mar. Quando acordava e olhava para fora, ainda da cama, conseguia ver nada além do azul infinito.
Naquela noite resolvi fechar o vidro, a cortina blackout e ligar o ar-condicionado (programado a mais do que os 15 graus da música do Safadão). Ao despertar e abrir a cabine, dei de cara com o que parecia ser (e, de certa forma, é, pois foi 'fabricada') um cenário de filme. Lá do alto do navio (eu estava no 14º andar), a nesga de areia branca que emerge da imensidão do oceano parecia ainda menor do que de fato é.
Da minha varanda, dava para ver tudo: as palmeiras baixinhas, as pequenas casas coloridas de funcionários, as tendas de alimentação, o farol e as oito praias (ok, talvez a que é exclusiva para os hóspedes da área VIP, o Yatch Club, estivesse fora da minha visão míope). Avistava inclusive alguns hóspedes já boiando na água ou caminhando pelo lugar.
Ao todo, são 2 quilômetros de praia. Para se ter um parâmetro de comparação, a orla de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), tem 4 quilômetros e a de Maresias, em São Sebastião (SP), tem 5.
A ilha é praticamente uma extensão do navio. É preciso passar pela segurança, com detecção de metais, assim como nas outras paradas. Só que o desembarque é praticamente na areia e não em um porto que, em geral, fica em um centrinho comercial. O vai e volta entre a embarcação e a terra fica liberado. Você pode ir e vir quantas vezes quiser e até fazer refeições dentro do Seashore.
Mas não precisa, pois o serviço do cruzeiro é replicado ali. A alimentação é livre. Os restaurantes ficam em tendas (são três) espalhadas pela ilha. Há ainda bares e trailers onde são servidos lanches. A criançada (inclusive aquelas de 40+) adora a graça de encostar no balcão, pedir um hambúrguer a qualquer hora, sem pagar nada extra.
Dependendo do pacote de bebidas escolhido, dá para abastecer uma espécie de cooler com cervejas, água e afins e ficar em uma das tendas privadas dispostas nas areias (é preciso reservar e, dependendo do pacote, pagar uma taxa extra pelo serviço).
Além de comer e beber, tem uma porção de outras atividades para fazer ali, como snorkeling, stand up paddle e caiaque. Também é possível comprar souvenires nas lojinhas espalhadas pela ilha ou ainda encarar a escada íngreme e subir até o topo do farol.
Recomendo deixar esta para o fim da tarde, quando o sol baixa um pouco, a luz fica mais bonita e menos dura. Durante o dia, a luminosidade que volta depois de refletida pelo cenário todo claro — sobretudo pela areia branca — é muito forte e chega a incomodar.
Eu, que tenho olho claro e um certo grau de fotofobia, passei boa parte do tempo com a visão comprometida, mesmo usando óculos de sol e chapéu. Ao cair da tarde, no entanto, consegui finalmente abrir os olhos e apreciar a paisagem.
A ilha, aliás, tem pouquíssimos lugares com sombra. Isso porque ela foi construída sobre o que, até meados de 2015, era um banco de extração de areia. Meses depois, a MSC assumiu o controle do lugar com a missão de torná-lo uma reserva marinha.
Para isso, foram retiradas 7.500 toneladas de sucata e 500 toneladas de resíduos industriais. A construção da Ocean Cay também incluiu a movimentação de 500.000 toneladas de areia e solo e o plantio de árvores e outras espécies endêmicas, como parte do processo de restauração.
A esperança é de que, ao longo dos anos, o ambiente renovado atraia aves e, principalmente, a vida marinha de volta ao local.
Mas, se você passou batido pelas foto da ilha e, na sua cabeça, está criando aquela imagem idílica cheia de verde, flores, pássaros e outros animais coloridos a toda volta e um barulhinho constante de piados e vegetação balançando com o vento, esqueça! A Ocean Cay ainda não é nada disso.
O clima está mais para um pequeno parque aquático perdido no meio do Caribe, onde os tobogãs ficam no alto de um prédio e as piscinas são o oceano.
Por enquanto, as árvores ainda são muito baixas para refrescar a área ou servir de abrigo para animais e humanos em busca de sombra e água fresca. Ou seja: se quiser continuar se divertindo à noite e no dia seguinte, não esqueça o filtro solar, o chapéu e alguma roupa leve.
Os peixes ainda estão tímidos também. Tentei encontrar alguns praticando snorkeling, mas foi uma experiência frustrante, sobretudo porque no dia anterior tinha feito a mesma atividade em Cozumel, onde a vida marinha é riquíssima.
Na Ocean Cay, vi só algumas dezenas de um peixinho clarinho. Mas seguimos na torcida para que mais deles voltem logo.
Se, por um lado, o fim de tarde é o melhor momento para fotos, por outro, é o pior para beber e comer. Alguns quiosques vão fechando e fica aquele clima meio de fim de festa.
A Ocean Cay está localizada a exatos 104,5 quilômetros de Miami. Ao redor dela, não há nada além de água. Desde novembro de 2019, quando foi inaugurada, todos os navios da MSC que partem daquele porto norte-americano, param na ilha. A maior parte, porém, não pernoita ali.
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