Por que só se usa branco em Wimbledon? Torneio se tornou vitrine de moda
Wimbledon é o mais antigo torneio de tênis do mundo. Sinônimo de luxo e prestígio, o torneio ressalta o lado mais clássico do esporte, que, querendo ou não, é elitista — seja para quem joga como para quem paga os ingressos e assiste à partida dentro das quadras.
Dentro deste universo, mais precisamente nas gramas, o estilo dos jogadores anda roubando cada vez mais os holofotes. Por ser o Grand Slam mais antigo, o dress code é primordial já que em Wimbledon todos os participantes devem usar somente branco nos jogos.
Criado em 1877, o torneio europeu impôs essa regra em 1880 pelo fato de considerarem manchas de suor impróprias. Segundo a enciclopédia Britannica, por serem mais aparentes em roupas coloridas, o uso das roupas brancas foi obrigatório para minimizar a visibilidade do suor nos tenistas.
De acordo com a stylist Priscilla Quaresma, a cor também envolve outras questões.
O branco é algo muito icônico, representa várias culturas e inclusive, pode ser ligado a rituais. Além da aparência, tem a questão de ser verão na Europa e o branco não absorve tanto o calor, deixando a sensação térmica mais agradável para quem está usando", afirma.
Indo mais adiante do lado estético propriamente estabelecido, o evento esportivo está aos poucos se adaptando aos novos tempos.
"Ousadias" fora do branco
Nesta edição, o tenista Jannik Sinner (número 8 do mundo) arrancou todos os olhares ao usar uma bolsa da Gucci feita sob medida nas cores marrom e dourado com alças verdes e vermelhas. O jogador italiano usou a bolsa nos dois primeiros jogos que disputou no torneio, e, segundo sua equipe, foi preciso inúmeras autorizações para "quebrar" a tradição do torneio.
Antes do ocorrido, jogadores como Roger Federer e Nick Kyrgios já haviam levado uma multa generosa por usar tênis em outras cores durante os jogos em Londres.
A folga da cor branca também veio no lado feminino. Este ano do torneio foi o primeira em 146 anos em que as tenistas puderam usar uma roupa debaixo diferente da cor branca para evitar eventuais constrangimentos pela menstruação. Agora, o novo regulamento permite que as jogadoras usem "shorts sólidos, de cor média/escura, desde que não sejam mais longos do que seus shorts ou saia".
Assim que a regra foi aplicada, a esportista Aryna Sabalenka foi uma das primeiras a aproveitar a mudança do código de vestimenta e apostou no look preto e branco.
"Esse aspecto dá luz a saúde feminina e ao conforto, que também é importante na moda. A vestimenta não é algo separado da sociedade", opina a stylist, que cita uma frase do estilista brasileiro Airon Martin: "Fazer moda não é fazer roupa".
Na arquibancada
Já nos arredores da grama, a estética old money, que ressalta um conservacionismo estético da moda elegante, e o quiet luxury, que foca em um minimalismo discreto, são os visuais escolhidos a dedo pelo público presente.
Nesse mix de estilos, cores claras, tecidos estratégicos e estampas delicadas deram a vez nos jogos diurnos.
"As duas estéticas convivem muito bem em Wimbledon. Elas são carregadas de um lifestyle bem específico. Acredito que o old money se encaixe de uma forma mais abrangente e o quiet luxury são para aquelas pessoas que usam marcas muito exclusivas e não tão óbvias", diz a stylist, que cita grifes como Loro Piana e Brunello Cucinelli.
Entre saias de pregas, fotos com raquetes e quadras de tênis, suéteres e camisetas polo, celebridades como Kate Middleton, Katy Perry, Chiara Ferragni, David Beckham, foram algumas das personalidades que desfilaram no universo dessa estética.
"É natural que pessoas que assistem ao esporte sigam a linha deste contexto. É um esporte elitizado, não há como negar, até os patrocínios envolvem grifes", comenta Priscilla.
"Tenniscore" no universo pop
Falando em influenciadores, a namorada do tenista Taylor Fritz, Morgan Riddle, se tornou apresentadora do Wimbledon Threads, uma série sobre estilo e moda durante o torneio de tênis, revelando o que as pessoas vestem em um dos eventos mais prestigiosos do esporte.
Claro que, além de apresentar, a influencer chamou a atenção com seus looks usados para torcer pelo namorado, que foi eliminado pelo tenista Mikael Ymer.
Impossível falar em série sem lembrar da produção "Break Point", da Netflix, que mostra os bastidores dos jogos da nova geração de atletas. No mês passado, a série ganhou novos episódios ao acompanhar atletas como Auger-Aliassime, Berrettini, Nick Kyrgios, Ruud, Frances Tiafoe, Stefanos Tsitsipas, Badosa, Ons Jabeur, Aryna Sabalenka, Iga Swiatek, entre outras.
No mundo da literatura, a escritora norte-americana Taylor Jenkins Reid, autora dos best-sellers "Os sete maridos de Evelyn Hugo" e "Daisy Jones and The Six", lançou o livro "Carrie Soto está de volta". A história retrata uma tenista consagrada que tenta voltar ao topo. Recentemente, a obra literária teve seus direitos comprados pela companhia de filmes Picturestart, que deve anunciar mais detalhes da adaptação em breve.
Como se não bastasse, trazendo a estética tenniscore na música, o cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor SG Lewis aderiu à estética do saibro na capa de seu último disco "AudioLust & HigherLove", lançado em fevereiro deste ano. Nas imagens de divulgação, o músico troca a raquete por um buquê de flores.
A grande final
Os campeões de Wimbledon em 2023 estão sendo revelados neste fim de semana. Neste sábado (15), a tcheca Marketa Vondrousova superou a tunisiana Ons Jabeur e levou o título. Já o título masculino foi conquistado pelo espanhol Carlos Alcaraz ao superar o sérvio Novak Djokovic em uma final surpreendente.
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