Titanic levava 12 cães a bordo, mas só 3 sobreviveram; conheça a história
Quando o Titanic afundou em 14 de abril de 1912, ele possuía 2.224 passageiros a bordo — destes, apenas 710 sobreviveram. Mas estes números referem-se apenas às vidas humanas; o até então maior transatlântico do mundo também abrigava uma dúzia de viajantes de quatro patas em seu canil, animais cujos bilhetes de embarque eram tão caros quanto os de uma criança e que, em sua maioria, viviam com pessoas abastadas da Primeira Classe.
Dos 12 cães presentes no navio, apenas três se salvaram, segundo informações do National Museums Liverpool e da revista do museu americano Smithsonian. Em comum, os sobreviventes têm o seu porte, bastante pequeno e leve.
"Eles eram tão pequenos que as pessoas deixadas para trás pelos botes salva-vidas provavelmente não perceberam que eles embarcaram", observa a Smithsonian Magazine. Dois dos pets eram Lulus da Pomerânia e o último era um pequinês.
"Um dos pomerânios se chamava Lady, foi comprado pela senhorita Margaret Hays enquanto estava em Paris e dividia a cabine com ela. Ela foi enrolada pela senhorita Hays em um cobertor quando foi dada a ordem de evacuar", descreve o pesquisador J. Joseph Edgette da Widener University.
Já o pequinês se chamava "Sun Yat-Sen" e era companheiro de Myna Harper e seu marido, Henry S. Harper, herdeiro da editora Harper & Row de Nova York. Questionado a respeito de ter salvo seu cachorro e não outras pessoas, Henry Harper teria dito posteriormente: "Parecia haver bastante espaço e ninguém fez nenhuma objeção [nos botes]".
O terceiro Lulu da Pomerânia nunca foi identificado pelo nome, mas teria sido salvo pela sua tutora, a senhora Elizabeth Barrett Rothschild quando ela embarcou em um bote. Os tripulantes do navio Carpathia, que fez o resgate dos sobreviventes do Titanic, teriam se recusado a embarcá-lo em um primeiro momento, mas Elizabeth — que perdeu o marido no naufrágio — teria retrucado que ela não subiria a bordo se o cão não viesse com ela.
Assim, o cão foi resgatado. No entanto, ele teria morrido em uma briga com outro cão na chegada a Nova York, segundo o National Museums Liverpool.
Os cães do Titanic ficavam restritos ao canil do deque F e eram cuidados pelo carpinteiro do navio no dia a dia, fazendo exercício e pausa para as necessidades diárias. Teria sido parte da programação da viagem inaugural uma pequena apresentação com os pets, mas ela nunca chegou a acontecer, de acordo com o Smithsonian. O American Kennel Club (Clube de Canis dos EUA) relata que um passageiro libertou os animais quando o Titanic começou a afundar e, agitados, eles teriam corrido pelo deque em meio ao caos.
Os cães que não sobreviveram
Entre os pets que não sobreviveram estavam aqueles de maior porte, como um buldogue francês chamado Gamin de Pycombe, que viajava com um dos sobreviventes, o banqueiro de 27 anos Robert Williams Daniel. O corretor da bolsa Harry Anderson, então com 54 anos, também saiu com vida do desastre, mas chegou ao outro lado do oceano sem seu chow chow — ele teria pedido posteriomente uma indenização de US$ 50 pela perda do companheiro.
William Carter, magnata do carvão da Filadélfia, teria perdido ainda seu Cavalier King Charles Spaniel e um Airedale Terrier. O milionário John Jacob Astor morreu na tragédia assim como seu Airedale, Kitty. Um Fox Terrier e um Dogue Alemão ainda completam a lista de vítimas, entre outros pets.
Alguns mitos ou histórias não comprovadas se reúnem às perdas conhecidas no Titanic. Entre elas está o relato de que Ann Isham, uma mulher de 50 anos, se recusou a entrar em um bote sem seu cachorro — que teria sido o Dogue Alemão perdido no naufrágio, embora seja possível que se tratasse de um São Bernardo, segundo o museu de Liverpool.
No entanto, nunca foi possível comprovar que passageiros do navio Bremen realmente tenham visto uma mulher em um colete com seus braços congelados ao redor de um cão de grande porte após o desastre, porque os corpos de Ann ou do cão nunca foram encontrados.
Outra lenda conta que o cão Rigel, um grande Newfoundland preto que teria pertencido a um dos marinheiros, William Murdoch, e que teria nadado em frente a um bote e alertado o Carpathia de que havia sobreviventes do Titanic ali. A história publicada no jornal New York Herald, apesar de heroica, teria sido inventada por um repórter, alerta o Smithsonian.
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