Jane Birkin deixa legado de looks atemporais e bolsa icônica - e renegada
"Eu realmente não pensava em mim como uma musa", disse Jane Birkin há oito anos em entrevista à "Interview Magazine". Embora tenha afirmado que o status atribuído a ela seja "um pouco pretensioso", a cantora, compositora, atriz e modelo inglesa fez da própria imagem um símbolo longevo. Sobretudo, imortal.
No último final de semana, a artista faleceu, aos 76 anos de idade — sendo muitos deles construindo a imagem da qual não se conhecia, como uma musa.
Em breve resumo — e embora tenha a nacionalidade britânica, Jane de certa forma definiu o estilo de "garota francesa" que conhecemos hoje em dia. Pelo menos, os estereótipos, como quando vemos garotas com franjas desalinhadas, vestindo blazers masculinos e camisetas curtas.
Ela se mudou para a França na década de 1960, onde conheceu o músico francês Serge Gainsbourg, com quem teve um relacionamento duradouro e alcançou o estrelato mundial com a música, como com "Je T'aime... Moi Non Plus".
Nome de bolsa icônica
Dito isso, "Birkin" acabou se tornando um nome mundialmente conhecido por meio de uma das bolsas mais icônicas no mercado da moda — e já considerada a mais cara do mundo. A Birkin, da Hermès. Ter o acessório da grife francesa é como carregar um item raro: elas são produzidas em quantidades limitadas para venda a cada ano.
São cerca de 200 mil em circulação. Em consequência disso, os valores de revenda das peças — em seus mais diferentes modelos — ultrapassam facilmente R$ 1 milhão. Em busca rápida no Google por um desses produtos, a venda inicia-se em R$ 165 mil. Algumas delas chegam à R$ 360 mil, em sites de revenda.
Como Jane Birkin fez de si um nome da bolsa mais luxuosa do mundo? A história é, no mínimo, curiosa. Em 1984, em um voo, ela se queixou sobre o fato da Hermès não produzir bolsas que coubessem todas as suas coisas.
Como obra do destino, quem estava ao seu lado era Jean-Louis Dumas , presidente e designer-chefe da grife. Nesse mesmo ano, o novo acessório era lançado e dava os primeiros passos para se tornar o item mais desejado por muitos. O design tinha como intuito ser "maior do que a Kelly [outro modelo de bolsa], mas menor do que uma mala".
Vendida hoje por um preço mínimo de 7,4 mil euros, cerca de R$ 40 mil, uma versão com pele de crocodilo e diamantes encrustados foi leiloada por 340 mil euros, em 2014, aproximadamente R$ 1,8 milhão.
Ao que tudo indica, agora, após a morte de Jane Birkin, o item deve se tornar ainda mais exclusivo e raro. Não muito diferente do que acontece com diversas outras peças do mercado da moda — lembre-se, por exemplo, dos produtos vinculados à direção criativa de Virgil Abloh há dois anos. A lista de espera — que já criou trama para a série "Sex And The City" — só deve aumentar.
Segundo o "The Guardian", o termo de procura "Birkin" cresceu em 28% nas buscas de sites que revendem itens de moda. Ainda De acordo com a Vestiaire e o eBay, as bolsas Birkin estão agora entre as 10 bolsas mais procuradas.
Apesar de tudo isso, ter seu nome associado a uma bolsa não foi a maior das felicidades para a artista britânica nos últimos anos.
Conhecida pelo seu ativismo, que englobava desde causas feministas até as de proteção animal, a atriz, em 2015, emitiu um comunicado em que pedia á Hermés para que retirasse seu nome do item.
"Depois de ter sido advertida sobre a crueldade dos métodos empregados na matança dos crocodilos para a fabricação das bolsas Hermès que levam meu nome (...) pedi à Hermès que mude o nome da Birkin Croco", disse à época. Mudança que não aconteceu, provavelmente por termos legais e financeiros estabelecidos previamente.
À exemplo disso, em 2011, Jane recebeu um royalty anual de 30 mil euros, cerca de R$ 162 mil.
Jane Birkin além da Birkin
Indiscutivelmente, a bolsa é um dos maiores legados deixados pela artista, no entanto, outros elementos popularizados por ela fizeram — e fazem — história. Quando era questionada sobre como definia o seu estilo e quais eram suas peças favoritas, ela afirmava: "Gosto de roupas masculinas".
A calça flare, por exemplo, tornou-se uma de suas peças-identidade. A peça justa na coxa, que ganha volume enquanto se aproxima dos calçados era frequentemente utilizado por ela — fosse em passeios rotineiros ou em ensaios fotográficos.
Além dessa peça, Jane chamava a atenção ao desfilar nas ruas com uma cesta de palha nos braços. Uma versão menos luxuosa — mas tão autêntica quanto — da bolsa tote de ráfia com logo bordado da Prada.
Outro look memorável, frequentemente usado por Jane, era a combinação do sobretudo ou vestidos curtos com botas de cano alto. O que, muito provavelmente, guiou muitos dos looks usados por Carrie Bradshaw.
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