Mingau antirressaca e embelezador, amazake faz sucesso do Japão ao Brasil
![Amazake é mingau a base de arroz que está conquistando os jovens japoneses e tem adeptos no Brasil - Getty Images/iStockphoto](https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/e1/2023/07/17/amazake-1689604897544_v2_1170x540.jpg)
Ao longo dos anos, o Festival do Japão, que acontece há 24 anos em São Paulo, mantém a tradição (ou missão?) de revelar boas surpresas a geeks da cultura e culinária do país.
Há edições atrás, uma espécie de mingau de textura pastosa chamava a atenção. Trata-se de amazake, mistura que evoca o longínquo passado nipônico. O prato é similar a um mingau de arroz, um pouco doce (e quente).
Originário do período Kofun (anos 300 a 530), o amazake originalmente era ao mesmo tempo uma comida fermentada e uma técnica de preservação de alimentos, a partir do cozimento, ao longo de horas, de arroz, água e koji, fungo usado também na fermentação dos conhecidos missô (missoshiro) e shoyu.
Ao longo dos séculos, experimentou idas e vindas de popularidade em seu consumo sem nunca desaparecer por completo — em seculares casas de chá do interior do Japão, ainda é servido ritualisticamente.
Entre jovens e Brasil
Mas de 2016 para cá, o amazake experimenta uma alta na qual versões industrializadas mais, digamos, pop, voltadas a um público jovem, destacam-se principalmente nas gôndolas de lojas de conveniência.
O amazake de hoje transmutou-se: basicamente, é extraído do processo final do arroz usado na fabricação do saquê. Sim, uma massa de arroz, a sobra do saquê — a parte sólida de sua fermentação.
No Brasil, uma versão mais roots, produzida pela gigante do ramo alimentício Kirin, pode ser encontrada em empórios da Liberdade, em São Paulo.
Batido no liquidificador com gengibre, água e um toque de saquê, o líquido vai ao fogo até quase ferver, resultando num poderoso inimigo de manhãs de inverno mais rigorosas.
Cura-ressaca e muito mais
"Mesmo estando hoje mais em evidência, no Japão o consumo do amazake não é algo em larga escala", garante o empresário Roberto Tadamitsu Yoshioka, da Importadora Nishiki Adega de Sakê, que viveu 30 anos no país do sol nascente.
"Não é algo do dia a dia da população. No geral, seu consumo se restringe a festas e datas especiais, como grandes comemorações ou na passagem de ano novo, por exemplo", assegura.
Existe ainda o hábito de muitas famílias que compram a massa pronta ou fermentam e fazem a bebida em casa. Embora seja relacionado a épocas mais frias, já que a antiga tradição dita que seja bebido quente, o amazake também pode ser bebido frio.
Com apenas 1% de graduação, não é considerado bebida alcoólica. Ao contrário, é visto como algo funcional, bom para o corpo, já que, entre outros nutrientes, apresenta vitaminas B1, B2 e B6, ácido fólico, glucose e fibras dietéticas.
Seu valor nutricional, Roberto afirma, é o motivo do atual revival em embalagens chamativas focadas no publico jovem.
Antigamente, beber amazake era coisa dos mais antigos. Hoje, há inúmeras opções, e os mais jovens aderiram em parte porque é algo considerado bom para a saúde, uma espécie de detox".
De quebra, existe a crença de que o amazake seja tiro-e-queda para curar, ou mitigar, os efeitos de grandes ressacas. Também agiria em casos de falta de apetite ou de má digestão. E há no Japão quem o consuma no combate a gripes ou resfriados.
Outra das razões da ressurgência do amazake e do atual apelo entre jovens japoneses é a crença em seus supostos benefícios para a pele, cabelos e, surpresa, para a perda ou manutenção de peso, o que faz com que a bebida seja uma espécie de "hit do momento" da comunidade da moda e da beleza — a ponto de integrar tratamentos de alguns spas.
Especialistas japoneses confirmam a presença de nutrientes, mas é consenso entre eles que tais efeitos só aconteceriam se o amazake for consumido em larguíssima escala.
Ainda praticamente desconhecido fora do Japão, o amazake já dá sinais no exterior: entre a colônia nipo-americana nos EUA, já há quem o consuma misturado a smoothies.
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