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Liberdade sexual e muita fritura: gringos contam o que surpreende no Brasil

O chileno Rodrigo Gómez Roje adora nossa alegria, mas estranha a quantidade de salgados fritos e que colocamos açúcar no abacate - Arquivo pessoal
O chileno Rodrigo Gómez Roje adora nossa alegria, mas estranha a quantidade de salgados fritos e que colocamos açúcar no abacate Imagem: Arquivo pessoal

Marcel Vincenti

Colaboração para Nossa

02/08/2023 04h00

Ao planejar uma viagem ao Brasil, quase todo estrangeiro sabe que irá encontrar, no país, uma enorme variedade de lindas praias e ambientes embalados por muita música.

Além das esperadas experiências positivas, porém, o turista "gringo" pode se surpreender e até se chocar com alguns aspectos da realidade social e da cultura do território verde e amarelo.

A pobreza, a liberdade sexual e hábitos culinários e etílicos de muitos brasileiros costumam deixar os forasteiros perplexos.

A seguir, cinco viajantes contam quais foram as maiores surpresas e choques culturais que viveram no Brasil. Veja o que eles dizem:

Giuseppe Baselice, italiano

Quando veio ao Brasil: Chegou em novembro de 2021. Visitou locais como a cidade do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Ouro Preto, Florianópolis e Gramado. Hoje, mora em São Paulo.

Giuseppe Baselice - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

O que mais surpreende no Brasil: "Com certeza, a liberdade sexual das pessoas, especialmente em São Paulo. Aqui, é muito mais comum do que na Itália encontrar pessoas LGBTQ se sentindo livres para se amar, apesar dos preconceitos que também existem no Brasil. E também gostei de ver que o brasileiro enfrenta os problemas da vida com mais leveza. Os italianos são um povo que reclama muito. Estou me acostumando levar os problemas do dia a dia de maneira mais leve. E fico grato por essa lição de vida".

O que choca no Brasil: Giuseppe ainda estranha o hábito de se atrasar ou desmarcar compromissos em cima da hora. "Tem muita gente que não aparece para os compromissos. Não é um hábito extremamente incômodo para mim, mas que poderia melhorar".

E também é curioso ver os brasileiros colocando frango em cima do macarrão. Para um italiano, isso é absurdo e inadmissível", brinca

Rodrigo Gómez Roje, chileno

Rodrigo Gómez Roje - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Quando veio ao Brasil: Visitou o país pela primeira vez em 2003, passeando por locais como Rio de Janeiro e Búzios. Desde então, já esteve no Brasil diversas vezes.

O que mais surpreende no Brasil: "Fico encantado com a alegria do povo brasileiro. No Chile, a população é mais fria. Mas, no Brasil, pessoas de todas as origens e classes sociais sempre te recebem com um grande sorriso. Os brasileiros encaram a vida de uma forma mais feliz. E quase sempre estão cercados por música. E isso é algo muito positivo na visão de um estrangeiro".

O que choca no Brasil: Em suas primeiras viagens, Rodrigo estranhou hábitos relacionados à comida. "Me chamou a atenção a grande quantidade de frituras que vocês comem, como coxinha e pastel. E também ver que vocês tomam leite com abacate e açúcar. No Chile, o abacate é comido com pão, geralmente no café da manhã. Além disso, os contrastes sociais são algo que ainda me choca no Brasil. Nas grandes cidades, é surpreendente ver bairros muitos ricos ao lado de bairros muito pobres".

Já estive em vários países da América Latina, onde há também pobreza, mas a realidade social no Brasil me chama mais a atenção"

Claudia Wisdom-Good, canadense

Claudia Wisdom-Good - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Quando veio ao Brasil: Visitou o Brasil pela primeira vez em 1996. E, desde então, realizou viagens em diferentes ocasiões pelo país, pisando em lugares como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Manaus. A última vez em que esteve por aqui foi em 2020.

O que mais surpreende no Brasil: Claudia afirma que sempre fica fascinada com a animada vida de rua do Brasil. "Lembro de andar por diversos bairros e me deparar com muitas pessoas comendo e bebendo nos bares e, também, curtindo festas ao ar livre. É difícil encontrar algo parecido na América do Norte".

O que choca no Brasil: Claudia não considera isso um choque cultural, mas achou inusitado haver dias específicos para comer feijoada em diversos lugares do Brasil. A canadense também enfrentou alguns obstáculos para se comunicar com os brasileiros. No Brasil, muita gente não fala inglês e, por isso, ela aprendeu frases em português".

Mas, mesmo assim, as pessoas não me entendiam. Acho que estranhavam meu jeito de falar"

Nicolas Berenfeld, belga

Nicolas Berenfeld, - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Quando veio ao Brasil: Veio ao país pela primeira vez em 2011. E, desde então, já esteve diversas vezes em território brasileiro. Conhece locais como São Paulo, Rio de Janeiro e Búzios.

O que mais surpreende no Brasil: Nicolas se encantou, de imediato, com a comida e com o jeito amigável dos brasileiros. "A culinária brasileira tem uma mistura incrível de ingredientes e sabores. Amo a moqueca e o acarajé. Além disso, no país, é muito fácil conhecer gente nova, se comunicar com as pessoas na rua e, de repente, ser convidado para uma festa ou um show".

O que choca no Brasil: Em suas primeiras viagens ao Brasil, Nico ficou espantado ao ver a relação que muitos brasileiros têm com a cerveja. "Sou da Bélgica, um país conhecido por suas cervejas e onde o pessoal bebe bastante. Mas, no Brasil, as pessoas bebem muito mais do que os belgas — e em qualquer situação, em qualquer lugar, de dia ou de noite, sentados ou caminhando, sozinhos ou acompanhados".

A impressão é que o brasileiro pode fazer qualquer atividade com uma cervejinha na mão. É algo diferente e engraçado"

María Paz, argentina

María Paz - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Quando veio ao Brasil: Esteve no país com a família em maio deste ano. Visitou a cidade do Rio de Janeiro e Ilha Grande.

O que mais surpreende no Brasil: Mesmo tendo visto muitas imagens das belezas do Brasil, María se encantou com a experiência de estar frente a frente com as paisagens de Ilha Grande e da cidade do Rio de Janeiro. "Ilha Grande é um paraíso. As praias lá são absolutamente lindas. E caminhar por Copacabana e Ipanema me trouxe sensações que já estavam na minha imaginação, tudo embalado pela alegria brasileira e a beleza de um pôr do sol".

O que choca no Brasil: María foi impactada pela miséria vista no centro do Rio de Janeiro. "Na Argentina, estamos vivendo uma crise econômica que está empobrecendo muita gente. Mas me chamou a atenção a quantidade de pessoas em situação de rua no centro do Rio".

É um nível de pobreza que me impactou, mesmo eu vindo da Argentina"