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Visitar os parques de Orlando sem filhos e (quase) sem culpa? É possível

A repórter Luciana Bugni e o marido no parque da Universal: filhos ficaram em casa - Arquivo pessoal
A repórter Luciana Bugni e o marido no parque da Universal: filhos ficaram em casa
Imagem: Arquivo pessoal

Luciana Bugni

Colaboração para nossa, de Orlando, Estados Unidos

07/08/2023 04h00

Uma viagem internacional de casal sem levar crianças? Se a proposta tem um quê de sonho para qualquer mãe ou pai, o destino dá um leve aperto no coração: os parques da Universal em Orlando, na Flórida.

O esquema é andar um pouco de mão dada aqui, passar medo em um brinquedo radical ali, tomar um drinque no fim do dia com uma paisagem lindíssima. Mas, no meio de tudo isso, claro, Bart Simpsom, Spider Man e muitos dinossauros para nos lembrar de que, em casa, deixei um menino de 6 anos que é fã de todos os personagens citados e adoraria conhecer os tantos outros que os pais estavam "visitando" nos EUA.

Minha primeira experiência em um parque da Universal foi em Los Angeles, na Califórnia, há quatro anos, com os mais velhos, dois adolescentes de 18 e 19 anos em um inverno de 10 ºC.

Dessa vez, o cenário era completamente diferente. Viajamos para a Flórida na primavera, ficamos hospedados dentro do Universal Resorts e a previsão era de sol e 30 ºC todos os dias.

Os adolescentes, que agora são adultos, não nos acompanhariam. O menor, que da última vez sequer entendeu o que estava acontecendo, instaurou uma contagem regressiva para a viagem, repleta de perguntas: e o Scooby Doo, papai? Vocês vão ver o Salsicha lá? O coração foi dando aquela apertada.

A repórter Luciana Bugni e o marido no parque da Universal: filhos ficaram em casa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Filhos? Dessa vez, não: "Vamos nos permitir"
Imagem: Arquivo pessoal

Mas é sempre justo ter direito a uma aventura sem carregar uma criança cansada no colo, ou ouvir reclamação de adolescente porque o tênis molhou na chuva.

Entramos no modo Lulu Santos — vamos nos permitir — e fomos. Uma vez lá, de fato, é curtir um pouquinho, tirar foto para mandar para o filhote, pensar que na próxima ele vai junto, e finalmente, "viver tudo que há para se viver", como adultos, na magia do parque.

Por alguns dias, tivemos a convicção que só precisávamos existir — todo o resto daria certo. Não tem como manter a hipocrisia de não aproveitar o passeio nesses moldes.

O que são dois pontinhos amarelos numa fila? Nós, sem filhos, esperando para entrar no mundo do Harry Potter - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
O que são dois pontinhos amarelos numa fila? Nós, sem filhos, esperando para entrar no trem do Harry Potter
Imagem: Arquivo pessoal

De ponta cabeça 7 vezes seguidas em 60 segundos

Grandes aspirações gastronômicas, um programa típico de casal, devem ficar para o fim do dia para quem tem nas veias o sangue radical de virar de cabeça para baixo em alta velocidade protegido apenas por uma barra de ferro.

As montanhas-russas são a sensação do Islands of Adventures e do Universal Studios Florida, os dois parques do complexo — os turistas as chamam pelo nome e saem direto de volta para a fila após um "ride" daqueles que tira todos os órgãos do lugar.

Essa repórter aterrorizada viveu aventuras em várias delas. A Hollywood Ride Rip Rockit, que tem uma subida vertical de 60 metros e descida conseguinte, emenda em vários "twists" (você não vira exatamente de ponta cabeça, mas o trilho faz um tipo de espiral rápido). Enquanto o público sai gargalhando e relatando a experiência, eu tentava dar conta do tremor das minhas mãos e da sensação de quase morte com uma garrafinha de água em goles pausados.

Quem é você na Hollywood Ride Rip Rockit? - Divulgação - Divulgação
Quem é você na Hollywood Ride Rip Rockit?
Imagem: Divulgação

Perto dali, a Velocicoaster causa ainda mais comoção: tida como a mais tecnológica e moderna do mundo, a aventura do Jurassic Park leva apenas 1 minuto e 5 segundos para trazer o visitante de volta aos trilhos da própria vida — mas parece uma eternidade em que o carrinho fica de cabeça para baixo oito vezes.

Isso lá é passeio de casal?, me pergunta o leitor. Pois não é que viver essas experiências juntos nos deixou mais próximos e cúmplices durante a viagem e depois dela?

Velocicoaster: é, de mãozinhas dadas nesta não dá - Divulgação - Divulgação
Velocicoaster: é, de mãozinhas dadas nesta não dá
Imagem: Divulgação

Os simuladores também impressionam — no escuro, contam histórias e estimulam o sensorial com aquecedores que lembram fogo, água gelada e situações menos convencionais, como surgimento de um king kong hiper-realista de 8 metros de altura. Tudo ali é superlativo.

As atrações dos dois parques são trocadas sazonalmente. À exceção de uma delas: a ET Adventure, um passeio com a bicicletinha do filme de Spielberg.

ET Adventure: dá até para relembrar o cineminha no início de namoro - Divulgação - Divulgação
ET Adventure: dá até para relembrar o cineminha no início de namoro
Imagem: Divulgação

O brinquedo está ali desde a década de 90, quando o parque foi lançado — quem visita Orlando há mais de 30 anos tem na memória a atração, na infância. Passar pelo planeta do ET, pelo bairro de San Fernando Valley, onde o extraterrestre caiu, na cidade de Los Angeles, e ainda se despedir com o personagem dizendo seu nome tem um quê irresistível de "voltar para casa" depois de chacoalhar em tanta montanha-russa.

Um mundo de Harry Potter de cada lado

A área The Wizarding World of Harry está dividida em duas partes: Diagon Alley (no Universal Studios Florida), e Hogsmeade (no Universal's Islands of Adventure).

Em Hogsmeade, há a Hagrid's Magical Creatures Motorbike Adventure, montanha-russa com sensações novas para essa combalida alma que aqui escreve: queda livre no escuro e movimento reverso do carrinho. Você revive a aventura de costas.

 Hagrid's Magical Creatures Motorbike Adventure: eles estão rindo assim porque ainda não sabem que o carrinho vai voltar de costas - Divulgação - Divulgação
Hagrid's Magical Creatures Motorbike Adventure: eles estão rindo assim porque ainda não sabem que o carrinho vai voltar de costas
Imagem: Divulgação

Em um vilarejo mágico, como no livro, também é possível se divertir no castelo de Hogwarts. Um simulador faz as vezes de vassoura e, usando óculos de realidade virtual, rola um passeio em alta velocidade voando com o aprendiz de feiticeiro.

Uma vez na Londres fictícia do jovem Harry, há um dragão em Diagon Valley, fachadas de sobrados com assombrações e outras atrações que deixam os fãs de todas as idades malucos. Não raro, é possível ver ali crianças e adultos travestidos de mago — mesmo que capas compridas e pretas não combinem com calor da primavera.

Os cenários do Diagon Valley encantam a adultos e crianças (filho, na próxima você vem, ok?) - Divulgação - Divulgação
Os cenários do Diagon Valley encantam adultos e crianças (Filho, na próxima você vem, ok?)
Imagem: Divulgação

Saindo do parque, após um dia eufórico e cheio de adrenalina, um casal nos pediu para tirar uma foto da família. Eles pareciam cansados, mas felizes, com cinco crianças. Eu e meu marido nos olhamos: é uma delícia andar por aí com os filhos pendurados, claro que é. Mas todo mundo merece um respiro para virar de cabeça para baixo como bem entender.

Como "furar" filas nos parques

A primeira pergunta de quem está planejando passeios a Orlando é como driblar as longas filas das atrações. De fato, é possível passar duas horas esperando para andar por um minuto em uma das montanhas-russas. As soluções da marca são o VIP tour e o Express Pass.

No Vip Tour, você recebe a ajuda de um guia — no caso do meu grupo, que tinha 12 pessoas, fomos acompanhados por dois deles. Não existe espera com o crachá que se recebe do passeio VIP (no dia seguinte, encontramos o tenista Roger Federer fazendo o mesmo roteiro, uma boa maneira de se sentir tão importante quanto as pessoas mais famosas do mundo).

VIP Tour: um guia para chamar de seu (e que fura as longas filas) - Divulgação - Divulgação
VIP Tour: um guia para chamar de seu (e que fura as longas filas)
Imagem: Divulgação

Além disso, eles dão orientações posturais para encarar a diversão, contam a história de cada atração e mostram curiosidades dos filmes que foram rodados por ali. Nesse esquema, fomos em 12 atrações no mesmo dia nos dois parques. O luxo custa a partir de U$ 189 (mais taxas) a mais por pessoa.

Outra opção mais modesta é a Express Pass, que custa a partir de U$ 89,99 (mais taxas) a mais, e dá acesso às filas mais rápidas. O acesso é controlado por um código impresso no cartão de ingresso. Ingressos na porta do parque custam U$ 109, mas tíquetes que podem ser usados por 14 dias, comprados em agências de viagem no Brasil, saem por U$ 379.

Hóspede dentro do parque

O complexo da Universal Resorts em Orlando conta com três parques e oito hotéis interligados por um eficiente complexo de transporte. Um dos hoteis é o Saphire Falls, considerado de médio ticket (U$ 199 por noite), onde ficamos hospedados. Os mais modestos custam até U$ 96 por noite.

Dali, é possível pegar um taxi boat que leva ao destino em menos de 10 minutos. O trajeto é romântico: águas limpinhas, vegetação impecável e o céu de Orlando contrastam com a euforia típica de quem vai viver um dia de parque. Tem até música ambiente propícia para deitar a cabeça no ombro do par e pensar: "ok, se estou aqui é porque mereci'.

Casal no Universal Studios - Divulgação - Divulgação
Parece na Europa, mas é uma área da Universal que emula a região de Portofino, na Itália
Imagem: Divulgação

Se hospedar nesses hotéis tem vantagens: pode-se entrar nos parques The Wizarding World of Harry Potter e Universal Volcano Bay uma hora antes de quem tem o ingresso comum e sair uma hora depois do fechamento dos portões.

Dá também para pagar todas as compras com a chave do quarto e pedir para entregarem souvenires na recepção — facilita para não caminhar com o peso das sacolas. Depois de muitas horas curtindo, a volta para o hotel pode ser feita de barco ou a pé — e o trajeto leva cerca de 30 minutos de caminhada à beira do lago artificial, um cenário cinematográfico.

A repórter Luciana Bugni e o marido no parque da Universal: filhos ficaram em casa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Arrivederci, Universal! Nós também tiramos a fotinho na romântica Portofino fake
Imagem: Arquivo pessoal

Quem estiver hospedado em hotéis Premium (Loews Portofino Bay Hotel, Hard Rock Hotel, Loews Royal Pacific Resort) ainda ganha o passe Universal Express Unlimited grátis.

O Aventure Bay tem um café no rooftop que permite uma vista 360 graus de Orlando. O Hard Rock café conta com objetos pessoais de Lady Gaga ou John Lennon em exposição. O Portofino merece destaque — de onde tiraram a ideia imitar perfeitamente uma praia italiana bem aqui na América? Essas atrações também podem ser aproveitadas por qualquer turista que estiver pela cidade, sem necessidade de estar hospedado ali.

* A jornalista viajou a convite da Universal Destinations Brasil.