Gisele Bündchen e mais 'angels' voltam a posar para Victoria's Secret
De Nossa
09/08/2023 16h25
Prestes a retomar seu tradicional desfile, a Victoria's Secret trouxe de volta suas icônicas ex-'Angels', Gisele Bündchen, Adriana Lima, Candice Swanepoel e a colaboradora de longa data Naomi Campbell, para sua nova campanha, "The Icon Collection".
Os nomes de peso que carregaram suas asas pelas passarelas da marca nos anos 2000 se juntaram a novos rostos para divulgar a coleção: são elas Hailey Bieber, Paloma Elsesser, Emily Ratajkowski e Adut Akech, de acordo com imagens divulgadas nesta quarta (9) ao site especializado Fashionista.
A campanha é parte da estratégia de relançamento da tradicional grife de lingerie, que desde 2021 trabalha para mudar seu posicionamento no mercado após denúncias de assédio e críticas de promoção a uma cultura misógina ligadas à marca. Como parte deste novo momento da Victoria's Secret, o seu desfile retornará após quase cinco anos de hiato em 26 de setembro.
"The Victoria's Secret World Tour" será parte documentário e parte 'evento de moda' exibido pela plataforma de streaming Prime Video. De acordo com o Fashionista, parte do elenco da "The Icon Collection" também poderá ser visto no desfile, que "celebrará mulheres" através de uma lente cinematográfica.
Para isso, haverá cenas de bastidores da criação da 'World Tour' contando histórias do VS20, um grupo de 20 criativos globais que conceberão quatro curadorias de moda para a marca direto de Bogotá, na Colômbia; Lagos, na Nigéria; Londres, no Reino Unido e Tóquio, no Japão.
Além disso, deverão ser exibidos designs exclusivos e famosos da Victoria's Secret. No entanto, não foi detalhado se a estrutura de passarela vista antes se repetirá como em desfiles presenciais ou se adotará outros formatos de apresentação dos modelos já vistos durante a pandemia em desfiles remotos.
No entanto, o "Fantasy Bra", sutiã milionário coberto de pedrarias e ultra revelador sempre trazido pela estrela do show, deve dar lugar a uma nova estrela da atual coleção: o Push-Up Demi Bra, que teria uma tecnologia de sustentação que destacaria o formato natural do busto da usuária, segundo a marca.
"Ele representa nosso compromisso em defender todas as mulheres por quem elas são e o que as torna únicas", comentou Janie Schaffer, diretora de design da Victoria's Secret ao Fashionista.
A peça tem uma cobertura de renda que desapareceria sob as roupas, leve enchimento no bojo, aro forrado e alças ajustáveis e conversíveis, uma atualização do antigo modelo com bojo extra e visual que "empurrava" os seios para cima.
O fim da era 'Angels'
O desfile anual já não acontecia há quatro anos, desde que a Victoria's Secret iniciou um processo de reformulação para se distanciar da imagem sexista ligada a ela graças às passarelas em que suas Angels — as tops mais disputadas do mundo fashion de cada ano — desfilavam peças ínfimas.
É preciso colocar em contexto, no entanto, como um show antes muito aguardado e sinal de prestígio para modelos, se tornou uma espécie de símbolo de decadência fashion imediatamente após o movimento #MeToo, que denunciava a prevalência de assédios e abusos sexuais em diversas esferas da sociedade, especialmente praticados por homens em posições de poder.
À época em que o desfile foi cancelado e "aposentado", em novembro de 2019, a grife via o nome de seu então CEO, Lex Werner, ligado ao do empresário milionário Jeffrey Epstein, que liderava uma rede de tráfico sexual e abuso de jovens menores de idade 'oferecidas' a figuras de alto perfil — inclusive o filho da rainha Elizabeth 2ª, príncipe Andrew.
Poucos meses depois, em fevereiro de 2020, o jornal The New York Times publicou uma matéria que acusava o diretor de marketing Ed Razek, de "criar uma cultura de misoginia, bullying e assédio" especialmente em relação às modelos do Victoria's Secret Fashion Show, que em diversas ocasiões teria tentado beijar, pedido a elas que sentassem em seu colo e até tocado uma na virilha.
O criador das "Angels" já havia sido demitido em agosto do ano anterior, depois de afirmar à imprensa que não havia espaço para modelos plus size ou trans nos desfiles porque "o show era uma fantasia", uma justificativa vazia diante do sucesso atual dos desfiles com diversidades de corpos da Savage x Fenty, a linha de lingerie de Rihanna.
Uma nova Victoria's Secret?
Desde então, a grife substituiu suas Angels pelo VS Collective, um grupo de mulheres embaixadoras de diversas áreas, históricos, idades e silhuetas que inclui nomes como a modelo trans brasileira Valentina Sampaio, a tenista Naomi Osaka e a modelo plus size Paloma Elsesser, parte da campanha 'Icon' ao lado das colegas de coletivo Adut Akech e Hailey Bieber.
Mesmo o Victoria's Secret Fashion Show continuava no passado, em que reinou de 1995 a 2019. Em 2021, a marca ensaiou o seu retorno, mas ele não saiu do papel. O diretor financeiro Timothy Johnson, no entanto, já havia prometido ao The Hollywood Reporter em março que este seria mesmo "uma nova versão" do que já foi visto antes.
Desde então, a Victoria's Secret parece determinada em costurar seu passado ao seu presente. "Os talentos retratados na campanha 'Icon' são mulheres dinâmicas do passado da marca e do seu presente, que incorporam o que significa ser confiante e poderosa de seu próprio jeito, com vozes distintas e poderosas, o que as torna icônicas", elogiou o diretor criativo da marca Raul Martinez.
O retorno das Angels — ainda que sem asas e distante do strass e do olhar masculino sobre a sensualidade feminina, em fundo minimalista e com retratos em P&B feitos por Mikael Jansson —, portanto não surpreende. "The Icon Collection" chega às lojas e ao e-commerce da Victoria's Secret em 10 de agosto.