Cheiro de fritura e tudo engordurado: o que não contam sobre cozinha aberta

Cômodos integrados aumentam a sensação de amplitude de um imóvel. Não à toa, as cozinhas abertas são tão desejadas por quem enfrenta a falta de espaço. Há, também, quem recorra à tal formatação simplesmente porque prefere um ambiente todo livre.

O que muita gente esquece é que esse tipo de divisão de casa ou apartamento implica alguns inconvenientes que pedem soluções inteligentes. Por isso, listamos situações não tão boas que a cozinha aberta apresenta — e a maneira de driblá-las.

1. Cheiro de gordura por tudo

Em uma cozinha aberta, o fumacê dos alimentos pode invadir todos os ambientes
Em uma cozinha aberta, o fumacê dos alimentos pode invadir todos os ambientes Imagem: Getty Images

O cheiro da gordura e a eventual fumaça podem tomar conta de todo ambiente, alcançando as salas de jantar e de estar. Para resolver, é necessário uma coifa eficiente, com boa vazão de ar, potência de sugar e saída para a área externa. O depurador não resolve, pois trabalha com dupla filtragem e devolve o ar limpo para a cozinha.

Mesmo assim, não é garantia total que a fumaça desapareça, já que a função da coifa é diminuir a propagação. Imóveis com ventilação cruzada saem na frente, já que isso ajuda na troca de ar e na expulsão dos resíduos e cheiros.

Uma outra saída, que acaba impactando o visual, é adotar portas de correr (de vidro ou madeira ripada). Elas isolam a cozinha toda vez que o fogão for utilizado. Mas se a ideia é cozinhar ao mesmo tempo que interage com a área agregada, a alternativa não funciona.

2. Móveis engordurados

A gordura pode alcançar sofá, piso e móveis, dificultando a limpeza. A indicação é a mesma que resolve a questão do cheiro: uma boa coifa. Neste caso, o depurador ajuda um pouquinho mais, só que não será solução definitiva.

Neste projeto, a coifa além de ser funcional, faz parte da decoração do apartamento que possui um estilo mais industrial.
Neste projeto, a coifa além de ser funcional, faz parte da decoração do apartamento que possui um estilo mais industrial. Imagem: Nathalie Artaxo
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Mas outra maneira de minimizar a situação é adotar tecidos fáceis de limpar, tanto nos estofamentos como nos tapetes e cortinas — sintéticos e couro são boas dicas. Vale também impermeabilizar os assentos e encostos, sempre que possível.

Quanto ao chão, o piso igualmente precisa ser de fácil limpeza, não sofrer ou manchar com líquidos e molhos. Piso frio (porcelanato, por exemplo) e vinílico resolvem a questão.

3. Tudo à vista, até a bagunça

Falta privacidade e a bagunça fica (quase) sempre aparente. Algumas intervenções e itens até ajudam na organização do que fica aparente, mas a melhor opção é investir armários sob medida, determinando um lugar específico para cada utensílio, escondendo a bagunça.

Com a cozinha integrada, a regra é criar meios de deixar tudo à vista organizado, como neste apartamento
Com a cozinha integrada, a regra é criar meios de deixar tudo à vista organizado, como neste apartamento Imagem: Grutz Fotografia/Divulgação

Quando não for possível customizar o mobiliário, vale recorrer à cuba de pia espaçosa e profunda — o tamanho pequeno pode dar sensação de estar sempre cheio, mesmo com pouquíssima louça. Para complementar, é possível adotar uma tábua de madeira teca, com largura maior que a da cuba, para cobrir a cesta de inox e criar um tampão.

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É importante lembrar que eletrodomésticos, escorredores e lixeiras em cima da bancada aumentam a poluição visual. Prefira guardá-los atrás das portas ou embuti-los nos armários.

4. Há menos espaço disponível para armários

Integrar ambientes significa redução de espaços para armários na cozinha e, por isso também, propostas abertas pedem marcenaria customizada, aproveitando cada cantinho livre no setor pia-fogão.

Investir em armários suspensos e planejados é uma solução para driblar menos paredes de suporte
Investir em armários suspensos e planejados é uma solução para driblar menos paredes de suporte Imagem: Leo Giantomasi/Divulgação

É possível pensar em aparador, buffet ou móvel alto na sala (como uma cristaleira), mas o jeito mais acertado de resolver a falta de armário é mesmo planejar tudinho.

Vale explorar qualquer espaço disponível, seja na parte baixa ou na aérea. Armários suspensos podem chegar ao teto, dependendo da necessidade do morador. Também funcionam se estruturados em torre, mas nem sempre há brechas para essa composição.

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Outro detalhe importante é considerar os eletrodomésticos existentes na casa, visto que as bancadas serão limitadas. Se eles não puderem ficar expostos por qualquer motivo, terão de ser mantidos nos armários, reduzindo ainda mais o espaço para louçaria, panelas e afins.

4. Os riscos com crianças pequenas são maiores

Se tem gente miúda em casa, é preciso maior cuidado ao optar por cozinhas abertas. É que a inexistência de portas se revela um convite para a exploração do espaço. Uma das regras básicas é adotar armários com travas. Além disso, o forno deve ter altura entre 0,90 cm a 1,10 m, mais difícil de ser alcançado.

Considerando as crianças, o cooktop por indução funciona melhor que fogão, já que a superfície não fica quente após o uso. Para a bancada, o ideal é ser bem profunda — no mínimo 75 cm — para não ser tão acessível. Gavetas com itens cortantes ou mesmo recipientes de vidro precisam ser muito bem protegidas ou ficar em nichos mais altos.

6. Os ruídos de eletrodomésticos em uso podem incomodar

Quem não tem liquidificador e batedeira dos tipos mais modernos — ou seja, com pouco ou quase nenhum ruído — vai sentir o incômodo do barulho quando os eletros funcionarem. Com a coifa, será a mesma história — o som do equipamento atrapalha o papo ou o momento em frente à tevê. Nem o momento da arrumação (o lava-enxuga-guarda de louças) deixa de gerar poluição sonora.

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A alternativa é, antes de adquirir, escolher bem os eletrodomésticos, checando a quantidade de decibéis emitidos. No caso da coifa, recomenda-se optar pelas versões em que o motor possa ficar em outro ambiente — em lavanderia, por exemplo.

Adotar materiais que absorvem o som (cortinas, tapetes e estofados, entre outros) minimiza o desconforto. Da mesma forma, é melhor evitar espelhos, cerâmicas e lâminas de madeira por perto, que rebatem o som, fazendo-o reverberar no ambiente.

7. O calor do forno pode deixar o ambiente integrado mais quente

Como o calor se propaga ao redor do fogão, é imprescindível garantir ventilação no ambiente e, melhor ainda, se houver ventilação cruzada natural. Nessa questão, janelas próximas ao teto, paralelas a portas ou na altura padrão fazem com que o ar quente suba, garantindo resfriamento do ambiente de maneira orgânica e econômica.

8. Os acabamentos serão mais caros, aumentando o custo da obra

Cozinha aberta exige melhores acabamentos, que podem aumentar o custo da obra
Cozinha aberta exige melhores acabamentos, que podem aumentar o custo da obra Imagem: Luis Gomes/Divulgação
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Quase ninguém pensa nisso, mas a cozinha aberta necessita seguir a linguagem estética dos demais ambientes integrados. Isso significa que o material adotado no acabamento terá (muito provavelmente) um custo extra.

Na conta final, o investimento tende a ser maior, visto que o indicado é usar o mesmo tipo de piso ou mesmo acabamento na parede, entre outros recursos para deixar a área do fogão o mais próximo possível dos espaços próximos.

Fontes: arquitetas Ana Johns, Carina Beduschi, Betina Chede e Talita Coral (BCh Arquitetos), Cristiane Schiavoni, Danielli Belin e Marina Denizo (Studio Dyo), Elaine Gonzalez (UMM Arquitetura), Fabiana Camanho e Marta Camanho (Camanho Arquitetura), Juliana Silva (GO UP Arquitetura), Lucilla Mesquita, Patrícia Campanari e Alice Monte (Pixel Arquitetura), Raíssa Dias, Kátia Dal Bó e Raquel Rezende (Hisa Arquitetura); designers de interiores Daniele Capo (Nossa Casa Arquitetura), Keka Comune; e engenheira Fabiana Araña (Studio Dyo).

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