Incríveis mosteiros que parecem flutuar sobre penhascos: que lugar é esse?
Atanásio era um monge cristão do século 14 que levava uma vida asceta no Monte Atos, uma montanha no nordeste da Grécia de grande importância para a religião ortodoxa. O problema é que, naquela época, o Monte Atos era alvo constante de pessoas com nenhuma vocação para o ascetismo: piratas turcos.
Os ataques piratas dispersaram os monges. Atanásio decidiu ir para uma região específica nas planícies da Tessália, onde, segundo rumores, eremitas viviam em formações rochosas que favoreciam aqueles que desejavam o isolamento. Conheça o cenário surreal de Meteora, no centro da Grécia.
Torres do Céu
Depósitos de rocha, areia e lama, elevados pelos movimentos tectônicos e depois moldados por água, vento e temperaturas extremas esculpiram, ao longo de milhões de anos, os fabulosos picos de Meteora.
Essas formações rochosas, que variam de 400 a 600 metros acima do nível da planície, atraíam ermitões desde o século 9º d.C. Faz bastante tempo, mas isso ocorreu mais de mil anos após o fim do período da Grécia clássica, aquele que estudamos na escola. Por isso, Meteora não aparece nas obras gregas da Antiguidade.
Nos tempos de Atanásio, a Grécia integrava o Império Bizantino, mas os turcos eram uma ameaça frequente. Tanto que, no século 15, o país acabou conquistado pelo Império Otomano. Foi nesse contexto, para fugir dos ataques dos muçulmanos, que os monges resolveram tirar proveito da geografia de Meteora e construir seus mosteiros lá em cima.
Atanásio, hoje um santo da Igreja Ortodoxa, comandou as obras do principal mosteiro de Meteora. A mera construção de um templo no alto de rochedo de mais de 400 metros de altura, aonde se chegava apenas com escadas precárias, é uma demonstração de fé e persistência assombrosa.
Outros monges seguiram Atanásio e ergueram 24 mosteiros na região. A expansão turca em direção às planícies férteis da Tessália foi um motivador e tanto para eles se instalarem e se isolarem do mundo exterior, lá embaixo.
Como visitar
O nome vem do grego para algo elevado, no céu. É a mesma origem etimológica da palavra "meteoro", aliás. A sensação de grandiosidade inspirou uma série de artistas nos últimos tempos, de cenário de "Game of Thrones" a nome de álbum do Linkin Park.
Hoje, restam apenas seis mosteiros em funcionamento. A boa notícia é que podem ser visitados. Escadas, escavadas diretamente na pedra, facilitaram um bocado o acesso. O Grande Meteoro, o mosteiro de Santo Atanásio, é o mais difícil, assim como o da Santíssima Trindade. Ambos têm cerca de 300 degraus. Os outros têm menos da metade. E o de Santo Estevão nem tem escada, você chega a ele através de uma ponte.
Sites e guias especializados recomendam dois dias inteiros para visitar os seis mosteiros, além de outros pontos de interesse na região, como ruínas, cavernas e museus.
Não são apenas as belas paisagens que tornam esse destino um dos mais incríveis da Grécia. "Os afrescos do século 16 marcam uma etapa fundamental do desenvolvimento da pintura pós-bizantina", descreve a Unesco, que sacramentou Meteora como patrimônio cultural da humanidade em 1988.
Fazer um bate-volta pode ser bem cansativo, porque o trajeto de trem, a partir de Atenas, passa de quatro horas de duração. São cerca de 300 km de distância. Ainda assim, é muito mais fácil de visitar do que nos tempos dos monges fundadores. Além de carro, trem ou ônibus, empresas oferecem passeios a partir de cidades como Atenas e Tessalônica.
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