Fortes de 'ficção científica' no meio do mar são vestígios da 2ª Guerra
Guy Maunsell era um desses casos de ótimos alunos que não conseguem emprego logo de cara e resolvem cair na estrada e virar artistas. Esse engenheiro viajou pelo Reino Unido fazendo aquarelas, até que topou com um professor suíço, que o levou à Universidade de Lausanne, onde ele conheceu as novidades do concreto armado naquele início do século 20.
A oportunidade o jogou de volta à engenharia. Maunsell trabalhou em empresas responsáveis por grandes obras de infraestrutura no Reino Unido e entrou no Corpo Real de Engenheiros, servindo na Primeira Guerra Mundial.
Em 1942, a fim de conter a ofensiva nazista, que vinha bombardeando o país sem cessar, as Forças Armadas deram uma missão especial a Maunsell. Ele criou os fortes que ganharam seu nome — e que acabariam se tornando um dos mais curiosos cenários da Segunda Guerra.
Os fortes Maunsell são um conjunto de estruturas de defesa naval distribuídos em duas áreas da Inglaterra, os estuários do Tâmisa e do Mersey, rios que atravessam Londres e Liverpool, respectivamente. Ou seja, navegar por esses rios significa chegar a regiões ricas, densamente povoadas e estratégicas. Eram os caminhos que levavam, pela água, ao coração da Inglaterra.
Feitos de concreto armado e metal, os fortes consistiam em uma base de cerca de 1.300 metros quadrados sobre uma estrutura de 18 metros. As torres foram equipadas com bateria antiaérea, radar, bunker, gerador de energia, enfermaria, tanques de água potável e outras facilidades.
Elas tiveram pelo menos uma vitória em batalha, segundo o site "War History": afundaram um torpedeiro alemão.
Pós-guerra
Mas foi após a guerra que as estruturas ficaram mais famosas. Desativadas nos anos 1950, na década de 1960 elas atraíram entusiastas da radiodifusão clandestina (um nome menos charmoso para "rádio pirata"). Essa turma escalava as estruturas e espalhava suas ondas de rádio lá de cima.
Um desses homens foi mais além e decretou uma das torres, Fort Roughs, no estuário do Tâmisa, um país independente chamado Sealand. Leia mais sobre essa história na coluna "Terra à Vista".
Como visitar
Desde essa época as torres aparecem em obras de ficção, como em um episódio de "Doctor Who", de 1968, e um clipe do U2, em 1984.
A aparência única das estruturas, um cruzamento de plataformas de petróleo com robôs carcomidos gigantes de "Star Wars" — ou um cenário inspirado em "Guerra dos Mundos", "Mad Max" ou "Waterworld", se preferir — as transformaram em um ponto turístico alternativo na Inglaterra. É possível visitar as torres instaladas na foz do Tâmisa em passeios de bate-volta a partir de Londres.
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