Não é só gente! Bichos também sofrem com calor e você pode ajudar

Se as altas temperaturas — como as que estão ocorrendo agora no Brasil devido à atuação de uma onda de calor — já requerem cuidados especiais em nós humanos, o mesmo ocorre com os animais de estimação. Pele, olhos, patas e hidratação devem ser pontos de atenção.

Neste período, é melhor evitar passeios em horários mais quentes ou até mesmo deixá-los apenas à noite devido, por exemplo, aos riscos de queimaduras nas patas. "As queimaduras nas patas são reais e podem ser graves", alerta a médica veterinária Priscila Casarotto, que atua em Corumbá-MS, cidade que costuma figurar entre as mais quentes do Brasil.

Ela explica que existem alguns produtos no mercado pet que têm fator de proteção solar e que podem ser utilizados principalmente em região de focinho e orelhas. Animais de pelo curto tem mais necessidade desse tipo de proteção solar, assim como gatos brancos devido a maior chance de desenvolverem carcinoma — câncer de pele — em orelha e focinho.

"Animais com pelo muito longo ou denso podem ser tosados por completo ou em regiões estratégicas como abdômen e tórax, onde eles deitam em contato com o chão e também as patinhas para transpirar melhor", complementa.

O ideal é levar o seu pet ao seu veterinário para avaliar se o mesmo está saudável, se não está pendente de nenhuma vacina, controle de endoparasita, ectoparasitas e para avaliação de hemoparasitoses [doenças causadas por carrapatos, pulgas, mosquitos], que causam anemias, hemorragias [devido a baixa de plaquetas] e fazer avaliações da função renal e cardíacas, principalmente dos animais que já tratam ou animais idosos. Pois diante de alguma disfunção, e com o aumento da temperatura corpórea, pode até ser fatal ao animal

— Luzirene Barros, médica veterinária que atua em Palmas

Atenção especial

Há animais que também fazem parte de grupo de risco e merecem melhor atenção: são os mais idosos, os cardiopatas, nefropatas (com problemas nos rins por mais de três meses, principalmente felinos), os que tratam câncer, possuem olhos secos e os animais de focinho curto.

Este último grupo na maioria das vezes também são os mais sensíveis ao calor devido à dificuldade de respirar como os buldogues, chow chow, pugs, pequinês. Outros de focinho curto que sofrem com excesso de calor são os shitzu e boxer.

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É preciso que os tutores fiquem mais atentos aos comportamentos dos animais, já que eles podem se apresentar mais apáticos, não querer se alimentar, ficar muito ofegantes e com salivação intensa, corpo quente, além da falta de reação aos comandos do tutor.

"Nestes casos, deve-se refrescar o animal, o colocando em ambientes refrigerados, dar líquidos gelados e frios. Se persistirem os sinais de hipertermia, [é preciso] levar ao veterinário para avaliação da temperatura e reposição de hidratação endovenosa", orienta Luzirene.

Animais obesos devem ter observação dobrada, já que eles também terão dificuldade em trocar temperatura e podem acabar desenvolvendo hipertermia — aumento da temperatura corporal devido ao calor —, ainda mais se forem braquicefálicos: "Esses animais não podem ficar em local extremamente quente. A chance de desenvolverem hipertermia e ela se tornar grave é alta e o animal pode até acabar vindo a óbito", explica Priscila.

Sintomas de atenção para socorrer os pets: aumento da frequência respiratória e animal muito ofegante; necessidade de tomar água; aumento da temperatura corporal — estes tratados em casa com banhos e refrescos. Já há outros que precisam de atendimento veterinário de emergência como mucosas muito rosadas e salivação, podendo evoluir nos casos graves sem tratamento para fraqueza; incoordenação; ausência de movimentos e pulso fraco.

Os principais cuidados

Por não transpirarem como nós — já que possuem poucas glândulas sudoríparas —, os pets costumam fazer o controle da temperatura corpórea pela respiração ou ventilação pulmonar. É por isso que cães se apresentam mais ofegantes, com a língua para fora.

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Contudo, eles podem entrar em agonia respiratória e, por consequência, sofrer uma hipertermia com temperaturas acima de 40ºC. "Cães perdem temperatura através da respiração, por isso é comum vê-los ofegantes. Gatos raramente sentem calor o suficiente para respirarem com a boca aberta. Caso façam isso, é preciso ficar muito atento, pois pode ser grave", alerta Priscila.

Para dias muito quentes, a orientação é hidratar bastante o animal, manter os animais em locais sombreados e ventilados ou refrigerados, e adicionar pedras de gelo à água de bebida.

Veja as principais orientações das médicas veterinárias:

Evitar uso de roupas e acessórios nesses dias quentes.

Manter os pelos tosados dos animais de pelos longos.

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Oferecer frutas geladas ou congeladas, como a melancia, melão, banana, maçã (sem semente), abacaxi e laranja.

Evitar exposição solar das 9h às 18h, principalmente dos animais mais albinos, que apresentam partes brancas no focinho, lábios, ao redor dos olhos, orelhas e no abdômen.

Usar proteção solar e óculos solares durante os passeios e fazê-los em horários mais frescos do dia, evitando assim a incidência de câncer de pele.

Evitar passeios em horários quentes e prolongados e em areias, asfalto e calçadas muito quentes, para não ter queimaduras nos coxins das patas, mesmo que nestes haja uma camada de gordura que ajuda a isolá-la, mas em situações de altas temperaturas não são suficientes.

"Se a temperatura do chão estiver quente para você, estará para seu pet também", indica Luzirene, alertando ainda para a atenção aos olhos dos pets, já que junto com a alta temperatura tem ainda a baixa da umidade do ar.

Animais que já fazem uso de lubrificantes, seja por tratamento de olho seco ou que estão em tratamento de alguma alteração ocular, ou animais de focinho curto, de olhos muito abertos e mais proeminentes, deve-se intensificar o uso desses lubrificantes [sem conservantes] durante estes períodos mais quentes. Também nos dias quentes ocorre mais a proliferação e aparecimento de ectoparasitas, como as pulgas, carrapatos, mosquitos e moscas. A orientação é já proteger os animais, usando o produto recomendado para o seu pet, indicado pelo veterinário

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— Luzirene Barros, médica veterinária

Fontes: Luzirene Barros Lima, médica veterinária formada pela Faculdade Unitins, atual UFT (Universidade Federal do Tocantins) de Araguaína-TO. Tem pós-graduação em clínica e cirurgia ambulatorial, e oftalmologia veterinária. Atualmente trabalha atendendo em Palmas

Priscila Alves Nunes Casarotto Sahib, médica veterinária formada na Universidade Estadual de Londrina, possui especialização em medicina felina e atua na Clínica Veterinária Corumbá, no Mato Grosso do Sul desde 2017

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