Fui da Grande São Paulo para o litoral paulista em um minuto - e não é meme

Ir da Grande São Paulo ao litoral paulista nunca foi tão rápido: em menos de 60 segundos é possível sair de São Bernardo do Campo, cruzar o limite com o município de Cubatão e avistar a cidade de Santos percorrendo apenas 500 metros.

Parece inviável, mas é possível. Desde o início de junho, uma tirolesa oferece o trajeto para quem quer escapar da cidade e ter um contato mais direto com a natureza.

Nossa foi conhecer o espaço e a experiência foi mais rápida do que o imaginado — mas isso não tirou o prazer do voo. O dia escolhido foi uma quinta-feira pela manhã, por volta das 8h30 - o que foi ótimo, já que não tinha filas. Nas redes sociais, os relatos são de uma longa espera aos finais de semana.

A chegada

O caminho é tranquilo até a entrada do parque Caminhos do Mar, que fica em São Bernardo do Campo, na altura do km 42 da antiga Estrada Velha de Santos - hoje rebatizada como Caminho do Mar. Até ali, o trajeto pode ser feito de carro, que fica no estacionamento pago.

Depois, segue-se a pé por cerca de 1,5 km até a Casa de Visitas, onde o visitante é equipado. É ali, nos armários, que ficam as bolsas e demais pertences de quem vai descer a tirolesa - não pode descer com celular, brinco, relógio, bolso cheio e até piercing no umbigo.

A Casa de Visitas é a 'base' do Voo da Serra
A Casa de Visitas é a 'base' do Voo da Serra Imagem: Camila Corsini/UOL

É também neste espaço que o visitante preenche um seguro - confesso que isso me deu um pouquinho mais de segurança para fazer o percurso.

Eu nunca tinha descido uma tirolesa, e encarar 110 metros de altura pendurada por algumas cordas só me pareceu uma boa ideia antes de ter dimensão do quão alto era aquilo.

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Encarando o abismo, o único pensamento era: 'onde eu tô me metendo?'. Na minha cabeça, um minuto e 500 metros seriam uma eternidade.

O voo

Depois que fui devidamente paramentada com o capacete e os outros itens de segurança, como um mini paraquedas, pude ter acesso à plataforma em que eu seria lançada - uma "casinha" de madeira. Olhando para frente, conseguia ver uma igual do outro lado, indicando o fim da tirolesa. Era mais perto do que parecia.

O instrutor terminava de me paramentar e eu prestava atenção nas instruções
O instrutor terminava de me paramentar e eu prestava atenção nas instruções Imagem: Arquivo Pessoal

O instrutor prendeu os mosquetões do cabo no meu cinto e deu as coordenadas:

Nada de acrobacias. Pode soltar as mãos, mas não as coloque para cima porque pode esbarrar nos fios. Se começar a girar, é normal - só precisa segurar nas faixas que prendem ao cabo e fazer o movimento de 'abrir' que você volta ao eixo.

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"Faz o movimento de sentar e levanta as pernas", ele disse. Não pensei muito e fui. Embaixo dos meus pés, a flora da Mata Atlântica se revelava e, aos poucos, ficava mais distante em altura. Em poucos segundos, a paisagem se abriu totalmente - e realmente é muito alto.

A umidade do ar alta naquela manhã destacou ainda mais o cheiro era de mato molhado que já é característico da vegetação.

O que eu antes chamei de medo foi dando lugar, em poucos segundos, a um sentimento estranho. Sabe como é olhar em volta e se sentir um grão de areia na praia?

Achei que iria gritar, não gritei. A velocidade é de, em média, 60 km/h — não é tão rápido. Aquele mini paraquedas colocado no início do percurso ajuda a "amortecer" a frenagem.

Logo no início do voo, quando a Mata ainda estava fechada e não tinha dimensão da altura
Logo no início do voo, quando a Mata ainda estava fechada e não tinha dimensão da altura Imagem: Arquivo Pessoal

Fui em um dia em que a previsão era de chuva, e sabia que o céu poderia fechar. Ainda assim consegui enxergar a cidade de Santos do meu lado direito, com o céu tendendo mais ao cinza das nuvens do que azul.

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Do esquerdo, era possível ver o trecho da Estrada Velha que integra um dos roteiros de trilha do parque e o monumento Pouso Paranapiacaba, inaugurado em 1922.

A paisagem é bonita, dá menos frio na barriga do que parece e a vontade é de ir mais vezes para reparar outros detalhes. Com o perdão do trocadilho, o tempo ali passa voando.

Aos que já frequentaram o litoral sul, como eu, a pequena viagem pode até despertar memórias afetivas. Se a imagem que você tem de Cubatão é de um polo químico muito poluído, não precisa se preocupar. O limite entre os municípios está longe desta área da cidade.

A volta

Assim que pisei do outro lado do percurso, no Monumento Ruínas, começou a chuviscar. Fiz o caminho de volta a pé, e o trajeto é tranquilo: cerca de 20 minutos caminhando em uma leve subida.

No caminho, passei pelo Pouso Paranapiacaba, onde funciona um café português, e tem uma vista privilegiada para o trajeto da tirolesa. Por volta das 11h, a neblina abaixou e ventou forte - isso deixou a visão ficou totalmente prejudicada.

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No final da manhã, a neblina típica da serra tomou conta do ambiente
No final da manhã, a neblina típica da serra tomou conta do ambiente Imagem: Camila Corsini/UOL

Serviço

O acesso a tirolesa Voo da Serra pode ser feito pela portaria de São Bernardo do Campo (Rod. SP 148 - Estrada Caminho do Mar, km 42) ou de Cubatão (Rod. SP 148 - Estrada Caminho do Mar, km 50).

A atração funciona de quarta-feira a domingo e feriados, das 8h às 16h20. Os ingressos custam a partir de R$ 60 (a depender do dia e tipo de voo).

Para quem não tem carro, o acesso via aplicativo de transporte pode ser complicado. No parque, o sinal de internet é instável. Eles oferecem WiFi para visitantes, mas ainda assim o acesso fica limitado pela distância do centro urbano. Não é possível chegar de transporte público.

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