Dá licença, malagueta: pimenta mais ardida do mundo foi criada por 10 anos

A pimenta Carolina Reaper, que recentemente deu um recorde a um canadense por ter comido 50 delas em menor tempo, perdeu o trono de mais ardida do mundo que havia conquistado em 2013. O anúncio foi feito na última segunda-feira (16) pelo próprio Guinness World Records, responsável por registrar o novo recorde.

A Chili Pepper X pegou o primeiro lugar e superou em mais de um milhão de Unidades de Calor Scoville (SHU) — que mede o nível de ardor que cada espécie ou produto a base de pimenta é capaz de produzir ao ser ingerida.

A nova pimenta tem 2,69 milhões de SHUs, enquanto a Carolina Reaper tem uma média de 1,64 milhão de SHUs. Essa escada de medição de ardência e picância foi desenvolvida há mais de 100 anos pelo químico americano Wilbur Scoville, em 1912.

Para fim de comparação, a pontuação média da pimenta jalapeño fica entre 3 mil e 8 mil SHUs, de acordo com o Guinness. Já a pimenta malagueta atinge entre 30 mil e 100 mil SHUs. Para chegar a esses valores, a pimenta passa por uma série de testes bioquímicos.

Novo recorde, velha casa

O novo recorde continua com o mesmo responsável pela Carolina Reaper, Ed Currie, que cultiva a Pepper X. Ele é fundador da Puckerbutt Pepper Company, no estado da Carolina do Sul (EUA).

A pontuação da nova pimenta mais ardida do mundo foi calculada Winthrop University, localizada em Rock Hill, na Carolina do Sul (EUA). A universidade conduziu testes usando amostras dos últimos quatro anos até o recorde ser reconhecido pelo Livro dos Recordes.

"Ed cultivou a Pepper X em sua fazenda por mais de dez anos, cruzando-a com algumas de suas pimentas mais picantes para aumentar seu teor de caipsaicina", escreveu o Guinness em seu site.

A revelação da Pepper X ocorreu em um episódio da série Hot Ones, do canal do YouTube First We Feast.

Continua após a publicidade

Produção

Sabe aquela sensação de fogo ao comer uma pimenta? Ela é provocada pelos chamados capsaicinóides. Sem cheiro ou sabor, eles ficam no tecido esbranquiçado das pimentas, onde há sementes, e estimulam as células nervosas da boca, causando aquela sensação de queimação ao entrar em contato com o tecido humano.

"Quando começamos o cruzamento, havia duas pimentas que eu realmente adorei o sabor, mas nenhuma delas eram quentes o suficiente para meus gostos", já havia dito Ed há alguns anos.

Para criar novas variedades é preciso tempo e paciência. Com as plantas da primeira geração ainda possuindo muitas características de suas plantas primárias, pode levar alguns anos até que haja características desejáveis por meio do melhoramento seletivo.

São necessários pelo menos dez anos para que os híbridos gerados fiquem estáveis com características previsíveis e frutos consistentes.

Continua após a publicidade

Foi o que ocorreu com a Pepper X: Ed fez mais de 100 cruzamentos todos os anos, esperando que ao menos um ou dois conseguissem passar esse ciclo, disse o Guinness.

"Se tivermos características desejáveis, como altos índices de capsaicinóides que estamos procurando, então vamos continuar o cruzamento. Se não funcionar, então temos que começar tudo de novo, e é um processo muito demorado e longo", falou Ed à revista Wired, em 2019.

Responsável por criar as duas das pimentas mais ardentes do mundo recebe placa do Guinness pelo novo recorde
Responsável por criar as duas das pimentas mais ardentes do mundo recebe placa do Guinness pelo novo recorde Imagem: Divulgação/ Guinness World Records

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.