Morre aos 31 anos Bobi, o cachorro mais velho do mundo

Reconhecido pelo Guinness Book, o cão mais velho do mundo morreu aos 31 anos, como anunciado pela imprensa portuguesa nesta segunda (23).

Segundo o jornal "Expresso", o bicho que morava na cidade de Leiria havia sido hospitalizado. "Iniciámos um tratamento específico. No entanto, ele não resistiu. Foi uma luta dura e só um guerreiro como ele podia ter aguentado este tempo", descreveu o tutor Leonel Costa ao "SIC Notícias".

Bobi nasceu no dia 11 de maio de 1992 e sua longevidade recorde foi reconhecida pelo livro dos recordes em 1° de fevereiro deste ano, aos 30 anos.

"O Bobi é um anjo. Não é um cão nada protetor. Se alguém entrar em casa, ele deixa. É muito sociável, é um doce e adora animais e pessoas", afirmou Leonel na época.

Festa de 31

Neste ano, o recordista mundial ganhou uma festa. Segundo Leonel, foi "uma muito tradicional festa portuguesa" para mais de 100 convidados. Alguns voaram de fora do país especialmente para a comemoração de mais de um ano de vida do querido e famoso pet.

Os festejos contaram com pratos de carne — como porco no espeto — e peixe para os visitantes, além de acompanhamentos sem temperos para o aniversariante, já que Bobi sempre se alimentou de comida humana sem condimentos. "Só não gosta de espaguete à bolonhesa", entregou Leonel à agência Lusa.

"Não pode ser no seu dia de aniversário, porque alguns veterinários estrangeiros queriam estar presentes e não podiam vir na quinta-feira", explicou. Ele teria gasto cerca de mil euros (R$ 5.334) na comemoração. "Pelo Bobi vale tudo. Ele merece. Se não fosse o Guinness tinha realizado uma festa só para os amigos, mas assim vieram pessoas de todo o mundo."

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A vida após a fama

Leonel se preocupava com o impacto do reconhecimento na vida de Bobi. "Tivemos muitos jornalistas e pessoas que vieram de todo o resto do mundo para tirar uma foto com ele [desde o recorde]. Pessoas da Europa, dos Estados Unidos e até do Japão".

Happiest of birthdays to Bobi, the oldest living dog and the oldest dog ever, who turns THIRTY-ONE today (31!!!!!!!!) pic.twitter.com/FCzhSVSIu7

-- Guinness World Records (@GWR) May 11, 2023

Um grupo de dança ainda animou os convidados e o cão teria participado de uma das coreografias. Ainda de acordo com a Lusa, o próprio time do Guinness desafiou Leonel a fazer a festa, mas ele exigiu que fosse em casa.

"Foi aqui que o Bobi sempre viveu e quisemos que a festa de aniversário fosse no seu espaço. Só tratei que ficasse tudo mais bonito e garantir que o Bobi tivesse os seus pratos favoritos", revelou à Lusa.

O recorde

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Um legítimo Rafeiro do Alentejo, uma raça de cão pastor típica da região de Leiria, sua expectativa de vida média seria de 12 a 14 anos. No entanto, Bobi foi muito mais longe, o que pode ser comprovado graças aos registros que a família Costa, seus tutores, realizaram junto às autoridades veterinárias locais quando ele ainda era filhote.

Nascido em 11 de maio de 1992, Bobi teve sua documentação regularizada pelo Serviço Médico-Veterinário de Leiria meses depois. Sua idade também pode ser confirmada pela SIAC, uma base de dados para pets do governo português que é gerenciada pelo Sindicato Nacional dos Médicos Veterinários.

Bobi em 2023
Bobi em 2023 Imagem: Divulgação/Guinness World Records

Ou seja, existe um histórico das visitas do cão aos consultórios desde "bebê", o que possibilitou a verificação final do recorde. Este, no entanto, não foi o único que Bobi bateu. Ele ainda foi reconhecido como o cão mais velho da história, ultrapassando Bluey, um pastor australiano que viveu 29 anos e 5 meses entre 1919 e 1939.

A história de Bobi

Apesar disso, Bobi quase morreu logo após o nascimento. Ele era um de quatro filhotes da cadela Gira, que já vivia com a família. "[Quando ele nasceu], eu tinha 8 anos. Meu pai era um caçador e sempre tivemos muitos cães", contou Leonel, hoje aos 38 e responsável por Bobi, ao Guinness.

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Seu pai, na época, acreditava que não tinha como manter tantos animais. "Infelizmente, era considerado normal pelas pessoas mais velhas que não podiam ter mais pets em casa enterrá-los em um buraco para que eles não sobrevivessem".

No dia seguinte ao nascimento da ninhada, os pais de Leonel entraram no galpão de estocar madeira onde Gira deu à luz e retirou os filhotes enquanto a cadela estava ausente. Na pressa, eles não notaram que deixaram um para trás.

Bobi, aos sete anos, em 1999
Bobi, aos sete anos, em 1999 Imagem: Divulgação/Guinness World Records

Leonel garantiu que ele e seus irmãos ficaram muito tristes nos dias seguintes ao enterro dos irmãos de Bobi, mas perceberam que a cadela continuava voltando ao galpão onde os filhotes tinham nascido. "Achamos a situação estranha, porque se os animais não estavam mais lá, por que ela ia?".

As crianças então seguiram Gira e descobriram Bobi sendo cuidado pela mãe, escondido em meio à madeira. O grupo então decidiu guardar segredo por um tempo. "Sabíamos que quando o cachorro abrisse os olhos, meus pais não poderiam mais enterrá-lo. Era de conhecimento popular que isso não poderia nem deveria ser feito".

Bobi também em 1999
Bobi também em 1999 Imagem: Divulgação/Guinness World Records
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Leva, em média, entre uma a duas semanas para um filhote abrir os olhos pela primeira vez, informou o Guinness. Quando Bobi foi encontrado, este período já havia passado e, de olhos abertos, ele foi recebido pela família. "Quando eles descobriram que já sabíamos, gritaram bastante e nos castigaram, mas valeu a pena por um bom motivo", se diverte Leonel.

Ele ainda acredita que o ambiente tranquilo da região de fazendas e florestas, longe da cidade, contribuiu para a longevidade do cachorro — que nunca esteve em uma coleira em seus quase 31 anos de vida. "Se Bobi pudesse falar, só ele conseguiria explicar isso".

Bobi em 2016
Bobi em 2016 Imagem: Divulgação/Guinness World Records

Leonel vê como confirmação de sua teoria o fato de que outros dos pets da casa também viveram bastante. Gira, a mãe de Bobi, chegou aos 18 anos. Chicote, outro cão da família, tinha 22 anos quando faleceu.

Muito sociável e mais tranquilo em sua velhice, já que vivia com dificuldades para enxergar e andar a essa altura, Bobi passou a maior parte do tempo brincando com outros quatro gatos no quintal. Ele fazia uma "sesta" depois de se alimentar — ele só comia comida humana, sempre molhada em água para remover os temperos — e curtia descansar perto da lareira no frio.

Bobi e um dos gatos com que mora, Ceguinho, em 2022
Bobi e um dos gatos com que mora, Ceguinho, em 2022 Imagem: Divulgação/Guinness World Records
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Segundo Leonel, o único susto que Bobi deu à família aconteceu em 2018, quando ele foi hospitalizado com dificuldades para respirar, mas se recuperou. Ele ia com regularidade ao veterinário e o tutor garantia que seus exames indicavam boa saúde para a idade.

"Bobi é especial porque olhar para ele é como se lembrar de pessoas que também foram parte de nossa família e infelizmente não estão mais aqui, como meu pai, meu irmão ou meus avós que já deixaram este mundo. Bobi representa estas gerações", disse o seu humano, antes da morte do recordista.

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