Linda e perigosa? Casa na beira de rio causa pânico, mas é tudo ilusão

Uma casa de fazenda na pequena cidade de Honório Serpa, no Paraná, gerou polêmica nas redes esta semana, após a proprietária postar um vídeo que mostra a proximidade do imóvel com um rio que atravessa a propriedade. Para muitos internautas, a casa estaria perto demais do corpo d'água, tornando viver ali algo "perigoso demais".

A casa em questão fica em uma propriedade rural com cerca de 40 alqueires, denominada Encanto da Fazenda, que pertence a um casal de empresários do setor madeireiro e que também possui lavouras para cultivo de alimentos.

A polêmica iniciou-se há alguns dias, quando Simone Camilotti, 50, postou imagens e vídeos da vista que se consegue ter das janelas da casa. A primeira impressão é de que a casa fica muito perto do curso do rio Chopim, que cruza a região. Porém, sob um olhar mais detalhado, percebe-se que entre o rio e o imóvel há uma larga piscina com borda infinita, dando a impressão de continuidade da água.

A propriedade, herdada do sogro de Simone e hoje nomeada Encantos da Fazenda, foi adquirida no início dos anos 70. Naquela época, as leis que regulam medidas ambientais para a construção de imóveis eram diferentes das de hoje, que exigem uma distância de, no mínimo, 30 metros das margens de rios e lagos.

"Naquela época, quando meu sogro comprou o imóvel, não era assim. Aqui já tinha, além da casa sede, dependências com quartos isolados e até uma quadra de bocha. Quando meu marido herdou a fazenda, achamos que era hora de fazer uma reforma, pois a casa estava bem detonada", contou a empresária ao UOL.

A reforma completa do imóvel, realizada há cerca de quatro anos, durou quase dois, e foi idealizada pela filha de Simone, a arquiteta Renata Camilotti.

A casa com cinco quartos ganhou novos espaços idealizados para a convivência do casal e dos três filhos. A área de cima foi mantida com estrutura em madeira e conta com uma área de convivência generosa e lareira. É a "ala de inverno", como explica a empresária.

No andar de baixo, a alvenaria substituiu a madeira e a arquiteta criou uma área de lazer para a família e os amigos, incluindo a piscina com borda infinita que parece desaguar no rio. Mas se engana quem pensa que a casa corre risco de inundação. Nada foi modificado na construção quanto ao recuo.

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"A piscina dá essa ilusão de que a casa está no nível do rio, mas não está. Ela fica bem acima. Além disso, nós temos uma cachoeira magnífica, que forma uma garganta de tamanho considerável. Para ocorrer uma inundação, teria que chover o suficiente para encobrir essa garganta com água, o que nunca, em 50 anos, aconteceu".

Simone chegou a gravar alguns vídeos explicando para os internautas que, apesar do que parece, a proximidade da casa com o rio não oferece riscos para seus moradores ou visitantes. Mesmo com alguns comentários ofensivos, chamando os proprietários de "irresponsáveis" ou de "não cumpridores" das leis ambientais, a empresária diz que compreende a reação das pessoas.

Ela explica que só visitando o local é que se tem uma noção real da localização do imóvel e do quanto ele está seguro em relação ao rio.

No vídeo, a pessoa vê tudo numa telinha, a visualização é limitada, não é como estar aqui e caminhar ao redor, conhecer a estrutura da casa.

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Tanta polêmica tem até sido comemorada por ela, já que o perfil da fazenda no Instagram, ganhou 20 mil seguidores em apenas um dia e hoje já conta com 142 mil. Mas ela garante que nunca teria imaginado que os posts sobre a Encantos da Fazenda iriam se tornar tão populares, com milhões de visualizações. "Criaram perfis nas redes com reposts que eu faço no Instagram e acho que isso ajudou a viralizar essa história", comenta.

Animais e produtos da fazenda

A fazenda conta com criação de animais considerados de "estimação", como cabras, porcos, aves e ovelhas. Já as cabeças de gado são criadas para comercialização de carne de corte.

Em seus vídeos, Simone mostra o dia-a-dia da fazenda, o trabalho com os animais, cafés da manhã bem servidos e, é claro, imagens de tirar o fôlego do rio e da cachoeira que ladeiam a propriedade.

"O nosso contato com a natureza se intensificou muito nesses quatro anos em que passamos a ocupar o imóvel. Dormir e acordar com o som da cachoeira é uma experiência incrível. É como ouvir o som da chuva o dia todo, é muito relaxante".

Além disso, a beleza do lugar vem chamando a atenção de empresários da região. Recentemente, um amigo da família, proprietário de uma torrefação, criou uma marca de café que leva o nome da fazenda. Uma perfumista criou uma linha de aromatizadores, difusores e sabonetes em homenagem ao imóvel. E há também uma linha de chás exclusivos.

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"Estamos abertos a novas parcerias, para o lançamento de produtos e serviços com a nossa 'marca'", avisa a empresária.

Construção é regular

Polêmicas à parte, o imóvel da fazenda está regular segundo as leis do país. A Prefeitura informou que, pelo motivo do município de Honório Serpa ter sido criado em 1990 e instituído oficialmente em 1992, a legislação municipal foi criada somente décadas depois da referida construção. Por essa razão, segue o que prevê a legislação estadual.

Procurado, o governo do Paraná informou que a lei federal é soberana e que se baseia no Código Florestal (Lei 12.651, de 25 de maio de 2012), que trata sobre a proteção e uso sustentável das florestas e demais áreas de vegetação.

A lei diz, em seu artigo segundo, que edificações como a casa da família Camilotti, que estejam consolidadas antes de 2008, podem permanecer onde estão. "Dessa forma, o imóvel não está em desacordo com a legislação vigente", afirma o governo do estado.

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