Carne de sol gourmet celebra o cinquentão Mocotó de Rodrigo Oliveira; prove

Um dos chefs mais queridos do Brasil, Rodrigo Oliveira tem uma história de vida com seu restaurante: o Mocotó. Fundado há cinquenta anos, o espaço nasceu como uma casa do Norte nas mãos de Zé de Almeida, o pai de Rodrigo, e é comandado pelo cozinheiro desde 2001.

Para comemorar meio século de história, a "sede" da Vila Medeiros ganhou exposição e, você, leitor tem até uma receita novinha em folha para experimentar em casa.

O primeiro curador de Nossa, na estreia do canal de lifestyle do UOL, Rodrigo imagina até um futuro em que o Mocotó chegará ao seu centenário e faz esse exercício de futurologia com a reportagem.

O chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó
O chef Rodrigo Oliveira, do Mocotó Imagem: Ricardo D'Angelo

Imagino uma celebração ainda mais bonita, quem sabe com meus filhos e cada vez mais gente fazendo parte dessa família. Penso também que o Mocotó estará diferente, bem como nossa comunidade. Trabalhamos por um futuro mais limpo, justo e gostoso para todos, diz o chef, que além das panelas é ativo em projetos de inclusão e responsabilidade social.

Na pandemia, o chef e a historiadora e pesquisadora Adriana Salay, com quem é casado, lançaram o projeto Quebrada Alimentada, para distribuir cestas básicas e marmitas para 400 famílias em situação de vulnerabilidade na zona norte de São Paulo. Desde 2020, já foram arrecadadas mais de 100 mil refeições e 70 toneladas de alimentos.

Mais recentemente, o chef se lançou em outra iniciativa em dois projetos agroflorestais: a fazenda Maniwa, em Pernambuco, e o sítio Mulungu, na cidade de São José dos Campos, em São Paulo.

Perguntado sobre qual legado quer deixar na gastronomia brasileira e mundial, Rodrigo enfatiza o espírito da "quebrada" para o mundo:

Acredito que a grande conquista desses anos todos foi a construção de uma linguagem universal, em que a gente consegue dialogar com a nossa comunidade e com o mundo todo. A cozinha sertaneja era muito estigmatizada, mas conseguimos pouco a fazer com que as pessoas enxergassem valor nesses produtos e nessa tradição culinária, que serviu como base para construir uma cozinha muito mais inclusiva, conta.

Continua após a publicidade

Banquete sertanejo

O menu terá novidades, que serão trocadas periodicamente. Entre eles estão o cuscuz de milho crioulo, desenvolvido por dois projetos parceiros da casa (projeto Crioulo e Cooperecê); dadinho de cereais e um ceviche de beijupirá com leite de tigre de umbu e chips de batata doce, além da sobremesa cajá-manga, um purê de manga, sorbet de cajá e coco crocante.

Entre esses pequenos tesouros brilham em sugestões como o pirão de leite com pipoca de queijo coalho e carne de sol confit, cuja receita você pode reproduzir em casa com o passo a passo abaixo:

Carne de sol confit, pirão de leite com pipoca de queijo coalho

Carne de sol confit, pirão de leite com pipoca de queijo coalho
Carne de sol confit, pirão de leite com pipoca de queijo coalho Imagem: Ricardo D'Angelo

Ingredientes

Continua após a publicidade
  • 1kg de carne de sol
  • 150 ml de manteiga de garrafa
  • 8g de alho descascado
  • 3g de zimbro
  • 250g de cebola

Modo de preparo

Corte a carne de sol em cubos retângulos com 50g. Em uma frigideira quente, doure todos os lados da carne de sol. Depois coloque a carne de sol, a cebola, o alho, o zimbro e o restante da manteiga de garrafa em uma panela pequena e deixe cozinhar em fogo baixo, sem ferver, por 1h ou até a carne desmanchar.

Leite infusionado para o pirão

Ingredientes

  • 1L de leite integral
  • 100ml de manteiga de garrafa
  • 300g de cebola
  • 50g de pimenta de cheiro
  • 8g de alho descascado
Continua após a publicidade

Modo de preparo

Corte a cebola em juliene, a pimenta ao meio e o alho em lâmina e puxe na manteiga de garrafa até começar a dourar. Adicione o leite integral e em fogo baixo, sem ferver e tampado, deixe infusionar por pelo menos 30 minutos. Coe e reserve.

Conserva de cebola roxa

Ingredientes

  • 200ml de água
  • 200ml de vinagre de maçã
  • 20g de sal refinado
  • 15g de açúcar refinado
  • 2g de semente de coentro
  • 500g de cebola roxa em rodelas

Modo de preparo

Continua após a publicidade

Misture todos os líquidos, secos e especiarias em uma panela e deixe ferver. Assim que levantar a fervura, adicione as cebolas e já armazene em potes. Deixe esfriar em temperatura ambiente.

Pirão de leite

Ingredientes

  • 600ml de leite infusionado
  • 60g de farinha de mandioca fina
  • 120g de queijo coalho (usamos da Atalaia, mas pode ser da marca que preferir)
  • 60ml de manteiga de garrafa
  • 6g de sal refinado

Modo de preparo

Em uma panela, esquente o leite infusionado com a manteiga de garrafa. Prepare o pirão com a ajuda de fouet, colocando a farinha de mandioca aos poucos no leite infusionado e mexendo sempre sem parar. Com o pirão pronto, adicione o queijo de coalho processado e processe com a ajuda de um mixer de mão até ficar bem liso. Ajuste o sal.

Continua após a publicidade

Pipoca de queijo coalho

Ingredientes

  • 250g de queijo de coalho
  • 25g de polvilho doce
  • Óleo de soja pra fritar por imersão

Modo de preparo

Processe o queijo de coalho no processador até ficar em pedaços pequenos, mas não precisam ser uniformes. Misture o polvilho doce muito bem com o queijo e frite em óleo a 170°C até ficar dourado, mexendo sempre na panela. Escorra em papel toalha e guarde depois de frito em potes hermeticamente fechados.

O Mocotó

Seu Zé de Almeida veio de Mulungu, no interior do sertão pernambucano, e chegou em São Paulo aos 25 anos de idade. Um ano depois, decidiu montar uma casa do Norte em sociedade com dois de seus irmãos. A Casa Irmãos Almeida abriu as portas em 1973 na Vila Medeiros, bairro periférico da zona norte paulistana. Cinco anos mais tarde, seu Zé tornou a casa um bar, e passou a servir alguns pratos de sua terra natal.

Continua após a publicidade
O chef Rodrigo Oliveira, e a reprodução do bar que deu origem ao Mocotó
O chef Rodrigo Oliveira, e a reprodução do bar que deu origem ao Mocotó Imagem: Ricardo D'Angelo

O carro-chefe era o caldo de mocotó e foi assim que Mocotó virou nome próprio do restaurante. Cabeça do Mocotó desde 2001, Rodrigo de Oliveira, promoveu mudanças físicas no comércio do pai e ganhou terreno para transformar o estabelecimento.

O Mocotó coleciona prêmios nacionais e internacionais da crítica especializada, como o 23º lugar na lista dos melhores restaurantes da América Latina pela revista britânica Restaurant (2021), o selo de Bib Gourmand pelo Guia Michelin e o prêmio de melhor restaurante do mundo na categoria "no reservation required" pelo World Restaurant Awards em 2019, entre outros.

Hoje, além do "cinquentão" da Vila Medeiros, Rodrigo está à frente do Mocotó Shopping D, do Mocotó Café no Mercado de Pinheiros e do Balaio IMS no Instituto Moreira Salles. Mais recentemente, ele também inaugurou a segunda unidade de rua do Mocotó, nos moldes da primeira casa, agora na Vila Leopoldina, junto ao complexo da O2 Filmes.

A exposição

"Um restaurante melhor para o mundo" conta toda a história do restaurante, é aberta ao público, gratuita e fica em cartaz até fevereiro de 2024.

Continua após a publicidade
Exposição celebra os 50 anos do Mocotó
Exposição celebra os 50 anos do Mocotó Imagem: Ricardo D'Angelo

Com curadoria da pesquisadora e historiadora Adriana Salay, ela não fala apenas sobre os primeiros 50 anos da casa, mas também sobre o que virá nos próximos 50. Segundo Adriana, a estética toda é influenciada por elementos do movimento armorial, que também está completando 5 décadas.

Encabeçada pelo escritor paraibano Ariano Suassuna, esta vertente artístico-cultural surgiu como forma de valorização das artes populares nordestinas, sua cultura, seus personagens e paisagens.

"A ideia é falar sobre o Mocotó para um público diverso, usando equipamentos e tecnologias inovadoras de informação", explica a historiadora. "É uma linguagem pensada para atingir todos os públicos, dos que costumam frequentar exposições aos que nunca foram a uma."

Serviço

Mocotó - Vila Medeiros
Endereço: Av. Nossa Sra. do Loreto, 1100 - Vila Medeiros
Funcionamento: segunda a sexta, das 12h às 23h; sábado, das 11h30 às 23h; domingo, das 11h30 às 17h
Telefone: (11) 2951-3056

Continua após a publicidade

*

Acarajé ou akará? Só tem feijoada no Brasil? E quem são os "brasileiros-africanos" do Benin? Pela primeira vez na África, o chef João Diamante mergulha entre passado, presente e futuro da história e do sabor brasileiro. Assista agora "Origens - Um chef brasileiro no Benin":

À moda do chef - EP #4

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.