6 brasileiros estão entre os melhores chefs do mundo; espanhol é tricampeão
Já se converteu em um dos eventos mais importantes do mundo da gastronomia: todos os anos, cozinheiros do mundo todo se reúnem na cerimônia de gala do The Best Chef Awards para saber quem é o melhor chef do mundo.
Pela terceira vez consecutiva, o madrilenho Dabiz Muñoz esteve no palco daquele que é o Globo de Ouro da gastronomia para receber o prêmio, liderando uma lista de 99 outros nomes — seis brasileiros em outras cinco colocações.
Três deles subiram na sétima edição do concorrido ranking: a jurada do MasterChef Helena Rizzo, do Maní, em São Paulo, entrou em 94º lugar (ano passado esteve em 100º) e Alberto Landgraf, do Oteque, no Rio de Janeiro, galgou seis posições, alcançando a 40ª colocação.
Manu Buffara, do Manu, em Curitiba, entretanto, foi a brasileira que mais subiu na lista neste ano: foram 31 posições para alcançar o 19º lugar.
Desde a primeira edição como um dos melhores chefs no ranking, Alex Atala, do D.O.M., em São Paulo, ficou na 17ª posição — estava em 10º no ano passado. Estrearam pela primeira vez na lista o casal Lisiane Arouca e Fabrício Lemos, que comandam um grupo de restaurantes em Salvador, entre eles o premiado Origem.
Cristiano Ronaldo das panelas
Com seu indefectível moicano platinado, sua marca pessoal, ele é uma espécie de Cristiano Ronaldo da gastronomia: aos 43 anos, goza de excelente forma criativa e é um dos profissionais da área que mais tem colecionado prêmios.
Muñoz é conhecido por seus pratos maximalistas sempre cheios de sabores e referências — que vão da sua Espanha natal à Ásia — e por negócios que unem música alta, porcos voadores pela parede e pratos servidos nas costas de estátuas de elefantes com rodinhas.
Com milhões de visualizações no Instagram e no TikTok e a filosofia "vanguarda ou morte", Muñoz criou um império de restaurantes que contempla um 3 estrelas Michelin (com o DiverXO, onde o menu custa quase 2 mil reais) a conceitos mais casuais, como food trucks e deliveries (GoXO).
Três anos neste palco e eu só posso agradecer a minha equipe que me ajuda tanto para que eu seja um chef melhor todos os dias.
Observou Dabiz Muñoz ao receber o prêmio.
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A vitória já era esperada: as palmas e uivos que vieram da plateia do Centro Internacional de Congressos de Yucatán, em Mérida, na noite da segunda-feira (20) tinham som de déjà vu.
Com o prêmio deste ano, Muñoz se torna o primeiro chef a ganhar três vezes o The Best Chef Awards. Antes dele, os nórdicos René Redzepi, da Dinamarca, e Björn Frantzen, da Suécia, além do espanhol Joan Roca — vencedor da premiação duas vezes — já estiveram em primeiro no ranking.
Novos prêmios, no entanto, deram algum fôlego para a cerimônia: o de Chef Local, uma novidade neste ano, foi compartilhado pelos mexicanos Roberto Solís e Wilson Alonzo — esse último cozinheiro e etnólogo de origem maia. Ferran Adrià foi homenageado (com toda a plateia em pé!) com o prêmio Legend Chef por sua carreira a frente do mítico El Bulli, considerado o restaurante mais importante do século.
Não há nada [na gastronomia] mais importante que a tradição e o respeito pelo passado. É ela que nos move adiante.
Declarou Adrià no palco do evento, que tinha como tema 'O Futuro e a Tradição'.
Seu irmão, Albert, teve a melhor entrada no ranking deste ano — indo direto para a segunda posição — graças ao trabalho que tem desenvolvido no Enigma, seu restaurante vanguardista em Barcelona.
Outros prêmios foram para chefs mais jovens, como o dinamarquês Rasmus Munk, do Alchemist, em Copenhagen, votado como melhor chef por seus pares, e Tala Bashmi, do restaurante Fusions by Tala, no Bahrein, foi eleita como "Rising Star".
Mais prêmios
Nos últimos anos, o universo da gastronomia tem ganhado novas premiações e listas — um reflexo da profissionalização do setor, que conta com eventos já consagrados, como o 50 Best, considerada a mais influente lista da gastronomia hoje.
Surgido em 2017, de forma tímida, o The Best Chef conseguiu se tornar bastante relevante no cenário culinário — e gerar em torno de si uma comoção quase viral pelas redes sociais.
Ao contrário dos outros prêmios gastronômicos mais focados em restaurantes, o a premiação aposta na figura dos chefs — e no papel de celebridade que eles conquistaram em capas de revistas, programas de TV e até propagandas.
Como se escolhe o vencedor
É uma lista que já começa restrita: de 200 nomes, apenas 100 são eleitos em todo o mundo (a grande maioria da Europa), mas só mesmo um pode atingir o topo do ranking mundial.
A premiação foi criada por um casal sem um relevante histórico na gastronomia: Joanna ?lusarczyk é uma neurocientista polaca e seu companheiro, Cristian Gadau, um gastrónomo italiano que queria ser chef mas decidiu criar uma "comunidade de food lovers".
Em 2017, eles acharam que era a hora: pediram a uma centenas de pessoas da área votarem nos seus chefs preferidos. Fizeram a tabulação e, ao final, chegaram ao espanhol Joan Roca, que voltou ao pódio novamente no ano seguinte.
Mais pimenta
Neste mesmo ano, o casal decidiu ampliar a lista com 100 outros novos nomes para deixar a competição mais acirrada e acirrar ainda mais os nervos dos concorrentes. Entre conhecidos e novatos, 200 chefs são pré-eleitos.
No pleito deste ano, divulgado em abril, estavam ainda Jefferson Rueda e Janaína Torres (A Casa do Porco, São Paulo), Lisiane Arouca e Fabrício Lemos (Origem, Salvador) e Rafa Costa e Silva (Lasai, Rio de Janeiro).
A votação acontece de forma matemática: são contabilizados os votos dos 150 profissionais — um júri anônimo, composto por jornalistas gastronômicos e personalidades com amplo conhecimento da gastronomia — e dos 100 melhores chefs do ranking atual, além dos 100 novos postulantes.
As escolhas finais ocorrem em maio por meio de uma enquete online; cada votante pode eleger 10 chefs, em ordem de preferência — cujas notas vão de 100 a 10. Neste sistema, as escolhas dos chefs têm maior peso (60%), o que significa que eles têm uma influência mais decisiva.
É, basicamente, um prêmio para eles e feito por eles, quase uma ação entre amigos — ainda que alguma competição gerada pelo ranking venha mesmo a colocar à prova algumas amizades.
Confira ainda a lista completa dos vencedores:
1º: Dabiz Munõz, Espanha
2º: Albert Adrià, Espanha
3º: Ana Ros, Eslovênia
4º: René Redzepli, Dinamarca
5º: Andoni Luis Aduriz, Espanha
6º: Rasmus Munk, Dinamarca
7º: Disfrutar (Orio Castro Forns, Eduard Xatruch Cerro e Mateu Casañas Puignau), Espanha
8º: Joan Roca, Espanha
9º: Junghyun Park, Coreia do Sul
10º: Rodolfo Guzmán, Chile
11º: Massimo Bottura, Itália
12º: Eric Vildgaard, Dinamarca
13º: Ángel León, Espanha
14º: Mitsuharu Tsumura, Peru
15º: Virgilio Martínez, Peru
16º: Danny Yip, China
17º: Alex Atala, Brasil
18ª: Grant Achatz, EUA
19º: Manu Buffara, Brasil
20º: Javier & Sergio Torres, Espanha
21º: Anne-Sophie Pic, França
22º: Riccardo Camanini, Itália
23º: Jorge Vallejo, México
24º: Yoshihiro Narisawa, Japão
25º: Daniel Calvert, Reino Unido
26º: Eneko Atxa, Espanha
27º: Himanshu Saini, Índia
28º: Enrico Crippa, Itália
29º: Natsuko Shoji, Japão
30º: Quique Dacosta, Espanha
31º: Mauro Colagreco, Argentina
32º: Josh Niland, Austrália
33º: José Avillez, Portugal
34º: Álvaro Clavijo, Colômbia
35º: Vicky Cheng, China
36º: Andreas Caminada, Suíça
37º: Dominique Crenn, França
38º: Santiago Lastra, México
39º: Grégoire Berger, França
40º: Alberto Landgraf, Brasil
41º: Björn Frantzén, Suécia
42º: Diego Guerrero, Espanha
43º: Rasmus Kofoed, Dinamarca
44º: Vaughan Mabee, Nova Zelândia
45º: Leonor Espinosa, Colômbia
46º: Agustin Balbi, Argentina
47º: Alain Passard, França
48º: Paolo Casagrande, Itália
49º: Heston Blumenthal, Reino Unido
50º: Jonnie Boer, Países Baixos
51º: Victor Arguinzoniz, Espanha
52º: Niko Romito, Itália
53º: Vicky Lau, China
54º: Christian Bau, Alemanha
55º: César Ramirez, EUA
56º: Yannick Alléno, França
57º: Julien Royer, França
58º: Mauro Uliassi, Itália
59º: Karime López & Takahiko Kondo, México e Japão
60º: Paco Roncero, Espanha
61º: Dave Pynt, Austrália
62º: Clare Smyth, Reino Unido
63º: Tala Bashmi, Bahrein
64º: Bruno Verjus, França
65º: Pía Salazar & Alejandro Chamorro, Equador
66º: Gaggan Anand, Índia
67º: Daniel Humm, Suíça
68º: Tristin Farmer, Reino Unido
69º: Hiroyasu Kawate, Japão
70º: Francisco Ruano, México
71º: Hans Nuener, Áustria
72º: Guillaume Galliot, França
73º: Peter Gilmore, Austrália
74º: Lisiane Arouca & Fabrício Lemos, Brasil
75º: Jaime Rodríguez Camacho, Colômbia
76º: Debora Fadul, Guatemala
77º: Pía León, Peru
78º: Corey Lee, EUA
79º: Marco Müller, Alemanha
80º: Mingoo Kang, Coreia do Sul
81º: Jason Liu, China
82º: Paco Morales, Espanha
83º: Joris Bijdendijk, Países Baixos
84º: Floriano Pellegrino, Itália
85º: Besele Moses Moloi, África do Sul
86º: Chudaree Debhakam, Tailândia
87º: Amaury Bouhours, França
88º: Maksut Askar, Turquia
89º: Gonzalo Aramburu, Argentina
90º: Antonia Klugmann, Itália
91º: Fina Puigdevall & Martina Puigvert, Espanha
92º: Clemens Rambichler, Alemanha
93º: Szilárd, Tóth, Hungria
94º: Helena Rizzo, Brasil
95º: Pichaya Utharntharm, Tailândia
96º: Kanji Kobayashi, Japão
97º: Supaksorn Jongsiri, Tailândia
98º: Atsushi Tanaka, Japão
99º: Matteo Baronetto, Itália
100º: João Oliveira, Portugal
Outros destaques
Estrela em Ascensão - Tala Bashmi, Bahrain
Nova indicação - Albert Adrià, Espanha
Maior Lenda - Ferran Adrià, Espanha
Melhor Chef de Confeitaria - Jordi Roca, Espanha
Melhor Experiência Gastronômica - Grégoire Berger, França
Melhor Pizzaiolo - Franco Pepe, Itália
"Food Art" - Karime López, México
Melhor Chef (votado por outros profissionais) - Rasmus Munk, Dinamarca
Melhor Relação com a Ciência - Rodolfo Guzmán, Chile
Destaque Local - Wilson Alonzo e Roberto Solís, México
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