'Na loja é R$ 9 mil': tênis vira estilo de vida e fãs viajam para negociar
Os tênis deixaram de ser apenas uma peça de vestuário para virar um estilo de vida. Tem quem viaje para falar de sneakers, quem já tenha mais de cem pares, famílias inteiras que fazem desse universo um hobby em comum... E quem esteja disposto a desembolsar altos valores pelo modelo dos sonhos.
Marcos Cesar, de 25 anos, é designer e coleciona tênis há cinco anos. Ele saiu do Rio para São Paulo só para participar de um evento que reuniu amantes deste item. O Sneaker Con aconteceu em São Paulo, no último fim de semana.
Sempre gostei de tênis, mas não tinha dinheiro para comprar. Quando consegui ir aos Estados Unidos para fazer intercâmbio, vi muitos modelos diferentes e conheci mais dessa cultura.
Marcos Cesar, designer e colecionador
O preço pode ser um obstáculo para quem pertence a esse mundo: os pares passam facilmente dos R$ 1.000.
"Comecei a comprar os mais simples e hoje tenho entre 80 e 90 pares", completou. A ideia é conseguir modelos raros e diferentes —talvez até exclusivos, se a oferta for boa.
Dos que Marcos tem, ele cita o modelo Air Jordan 4, da Nike, na cor off-white, como seu favorito. Entre os seus sonhos de consumo, ele quase não consegue citar um. "São vários, mas acho que o Nike Dunk, na cor azul tiffany. Ele é maravilhoso."
Mercado de venda e troca
Uma prática comum entre os amantes de tênis é a venda e a troca —o chamado trading pit, que pode ser traduzido como uma feira, onde acontecem as negociações: cada um expõe seus produtos como pode e é responsável pelas transações.
No Sneaker Con, as regras eram claras: pode levar quantos pares quiser desde que consiga carregar nas mãos. Nada de sacolas, bolsas, malas ou mochilas.
De R$ 12 mil por R$ 7 mil. Marcos levou vários pares de tênis, mas um modelo se destacava: era da grife Philipp Plein, em parceria com o rapper Snoop Dogg. Segundo o colecionador, o preço de loja dele é R$ 9 mil —na revenda, chega a R$ 12 mil.
Na loja é R$ 9 mil. Aqui estou pedindo R$ 7 mil, porque é um evento grande. Estou aqui tanto para vender quanto para fazer troca. Se eventualmente aparecer algum tênis que eu queira muito, compraria também.
Marcos Cesar, designer e colecionador
De olho no setor
Paixão virou negócio. Já o casal Karen Gomes e Diego Santiago, ambos com 35 anos, são empreendedores do setor. Eles são de Curitiba e estiveram em São Paulo justamente para participar do evento.
Newsletter
BARES E RESTAURANTES
Toda quinta, receba sugestões de lugares para comer e beber bem em São Paulo e dicas das melhores comidinhas, de cafés a padarias.
Quero receberViemos para conhecer as novidades e ver o que está acontecendo neste mundo. O objetivo é ver as tendências, dar uma olhada no que os concorrentes estão fazendo e conhecer mais da cultura.
Karen Gomes, jornalista
Na capital paranaense, eles abriram há um mês uma loja de sneakers. "Vendemos, trocamos e fazemos customizações também", contou Diego. No espaço, eles recebem tanto projetos prontos como fazem outros do zero. Na vida pessoal, os dois ainda não são colecionadores, mas querem ser um dia.
O preço que o cliente paga é do tênis novo adicionado à personalização. E, se preferir, pode ele mesmo fazer as modificações que desejar com canetas próprias para couro e outros acessórios.
Hobby da família
Mais de 100 pares. Já Márcia Ribeiro, de 35 anos, estava com o enteado Pedro Henrique, de 16, no trading pit. O jovem ainda não é colecionador de sneakers, mas acompanha o mundo por influência do pai, Alexandre, que já soma mais de 100 pares e colocou toda a família neste universo.
"A gente queria saber como é [um evento do setor], o que rola. E aí gente trouxe alguns pares para vender, acabou que compramos um também", contou Márcia. A família levou seis pares que estavam sendo negociados a uma média de R$ 1 mil.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.