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Fantasmas embaixo d'água? Museu no mar do Caribe ganha esculturas vívidas

As novas obras do Molinere Bay Underwater Sculpture Park foram tidas como fantasmagóricas Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Colaboração para Nossa

18/12/2023 04h03

Olha o susto! O Molinere Bay Underwater Scupture Park, em Granada, primeiro museu de esculturas subaquáticas do mundo, recebeu entre outubro e novembro 31 novas obras vívidas.

Elas são as primeiras coloridas do acervo e, de tão realistas, foram comparadas a verdadeiros fantasmas debaixo d'água por veículos da imprensa internacional.

Criado em 2006 pelo escultor e ecologista britânico Jason deCaires Taylor, o parque e museu fica na Baía de Molinere, na costa oeste do país caribenho, em uma região que antes era inabitada.

Estas são as primeiras obras coloridas do museu Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Fantasmas de Carnavais passados

Segundo a CNN americana, entre seus novos "moradores" estão criaturas carnavalescas: as obras são parte da coleção "Coral Carnival", série de esculturas inspiradas no Spicemas — o Carnaval de Granada que é tradicionalmente celebrado em agosto.

As esculturas foram pensadas para se manterem "vivas" através da ocupação de espécies marinhas Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Uma das figuras clássicas dos festejos é o Jab Jab, personagem acorrentado que é símbolo de liberdade para os habitantes da ilha, e que também foi retratado na série encomendada pelo Ministério de Implementação e Turismo do país.

Personagens carnavalescos foram homenageados na nova série de esculturas -- comparadas a 'fantasmas do alto mar' Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

"O Carnaval é obviamente uma parte muito muito forte da cultura e história de Granada e eles queriam contar essa história", explicou o escultor Jason deCaires Taylor ao veículo dos EUA. "Tem sido muito interessante aprender sobre os diferentes bailes de máscaras e as histórias por trás deles".

Troy Lewis (acima) assinou quatro das novas esculturas Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Cada uma das esculturas feita no Reino Unido foi inspirada em modelos reais que posaram para Jason e outros artistas locais, como Troy Lewis, responsável por quatro novas peças submarinas. Entre elas está "Cristo das Profundezas", réplica de uma estátua dada ao povo de Granada em agradecimento ao socorro à tripulação e passageiros do navio Bianca C., que afundou na costa da ilha em 1961.

Esculturas estão 'vivas'

Esculpidas em aço inoxidável de alto padrão além de cimento marinho de pH neutro, as obras estão "vivas" — elas funcionam como corais artificiais, com espaços que são ocupados e servem de abrigo para animais marinhos. A prova é que as esculturas mais antigas do parque já estão ocupadas.

Uma das obras de Troy Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

"Havia um polvo que se mudou para a base de uma delas, o que foi muito legal de ver", comentou Jason à CNN. Lagostas, caranguejos e arraias já fizeram das peças do museu suas moradas.

Para o artista, a silhueta mais intensa e robusta das novas esculturas pode mudar o caráter da ocupação. "Normalmente, elas são bem acinzentadas. Desta vez, usei pigmentos naturais para pintá-las de verdade. Então estou bem interessado em ver como isso vai mudar e se elas serão colonizadas e forma diferente. A vida marinha é muito influenciada por cores".

As peças são potentes em cores e silhuetas Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Descida de guindaste

Pela primeira vez, os novos "fantasmas do fundo do mar" de Granada foram vistos em terra firme antes de mergulharem no fundo do oceano — em uma mostra temporária que aconteceu no início de 2023. Em outubro, porém, elas começaram seu processo de descida através de guindastes e mergulhadores que levaram semanas para completar o processo.

Modelos reais posaram para as novas esculturas, criadas no Reino Unido Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Porque a capacidade dos equipamentos da ilha é menor, Jason contou que levou mais tempo do que em outros de seus museus, como na França, na Austrália ou em Chipre. "Passei oito horas submerso outro dia, o que foi um recorde para mim", relembrou em entrevista à emissora americana.

As esculturas Coral Carnival podem ser vistas tanto por mergulhadores ou através de passeios em barco de vidro, já que elas ficam em uma região relativamente rasa, entre três a sete metros de profundidade.

"O Correspondente Perdido", peça que está no parque desde 2006: a diferença de cores é notável Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

O museu (e parque subaquático) foi criado com o objetivo de aliviar o fluxo de turistas em áreas mais badaladas de Granada, além de promover a renovação da vida marinha na região após o furacão Ivan, em 2004.

É um dos meus projetos favoritos. Na verdade, algumas das espécies marinhas que colonizam estas esculturas estão entre as melhores que já vi em diferentes regiões. [Mas] este ano foi um dos mais quentes da História em Granada e o mar realmente está sofrendo. Há descoloração imensa em alguns dos recifes de corais e esta foi a primeira vez que vi nas esculturas também. Então é empolgante [ver a colonização, mas também muito triste testemunhar o que está acontecendo.

Jason deCaires Taylor

O artista se diz animado para ver como a vida marinha ocupará os seus corais artificiais Imagem: Jason deCaires Taylor/Reprodução underwatersculpture.com

Apesar disso, o artista se mantém otimista e se diz animado para retornar ao local em alguns anos e ver as transformações que a natureza trará às suas obras.

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