A vila na Índia onde é proibido tocar nas pessoas e há multa por isso
Em março de 2023, a criadora de conteúdo Marina Guaragna e seu namorado resolveram explorar algumas cidades na Índia. Eles encontraram uma passagem aérea super barata saindo do Brasil e compraram com apenas duas semanas de antecedência. "Estava com um sentimento de que tinha que ser a Índia", diz Marina.
A viagem, que ainda não tinha datas de retorno muito definidas, passou por várias cidades até chegar a uma região pouco conhecida pelos turistas convencionais. Eles passaram pelo Rajastão, Mumbai, Varanasi e outros locais.
Mas como gostam de explorar locais fora do óbvio e estavam perto dos Himalaias, eles foram até a vila de Malana, no Estado de Himachal Pradesh, no norte da Índia.
A grande curiosidade é que há regras bem específicas para quem entra no local. E se você as desrespeita, pode pagar um valor bem salgado.
Multa ao tocar nas pessoas
Para ir até a vila, foi preciso sair da cidade de Kasol e perder quase um dia inteiro para chegar no local. Eles descobriram esse lugar em um dos guias mais famosos de viagem, o Lonely Planet, e precisavam enfrentar uma altitude de pouco mais de 3 mil metros.
Malana é famosa por sua cultura única e tradições ancestrais que remetem a milhares de anos. Os habitantes do vilarejo acreditam ser descendentes de Alexandre, o Grande, e têm uma língua e sistema legal próprios.
Devido a essa ancestralidade, eles acreditam que são puros e por isso não podem ser tocados. Quem fizer isso, pode pagar uma multa de R$ 250 ou até mais.
"Existiam diversas placas avisando e quando vão nos servir se afastam. Meu namorado quase encostou em um quando foi pagar o dinheiro e ele deu um pulo", relembra, rindo.
O toque também era evitado durante o trajeto até a chegada da vila. Quando caminhavam até o topo do vilarejo, se vinha um morador, ele parava e dava passagem a eles. Tudo para não correr nenhum risco de ser encostado.
Marina conta ainda que alguns que são tocados erroneamente precisam tomar banho ou até matar um bode para "se limpar".
Eles ainda contam com língua e sistema judicial próprios. Conhecida como kanashi, esse idioma se origina do Tibet.
Por isso, para se comunicar, a mímica era o mais importante. "A gente se comunicava em inglês ou apontava e mostra o que quer", relembra a viajante.
Newsletter
BARES E RESTAURANTES
Toda quinta, receba sugestões de lugares para comer e beber bem em São Paulo e dicas das melhores comidinhas, de cafés a padarias.
Quero receberSimples, mas com conforto
O local realmente não é muito adepto do turismo, já que é pequeno e não tem tanta estrutura. Dessa forma, não vá esperando turismo de luxo e com grandes hospedagens. O estilo é mais "roots" e acolhedor.
Também há problemas de lixo na rua e falta de encanamento. "É uma vila no topo da montanha. Se a pessoa for esperar a mega estrutura vai para um shopping", brinca Marina.
A criadora de conteúdo conta ainda que a cultura é de banheiro no chão. Ou seja, é preciso ficar de cócoras para fazer suas necessidades.
Se limpar com papel higiênico convencional é para turistas, já que por lá é recomendado lavar com água depois de fazer cocô. Prevenida, a turista sempre estava com o papel higiênico para qualquer imprevisto.
Mesmo considerada perrengue para alguns, o lugar ao redor vale a pena. Rodeado por montanhas cobertas de neve e florestas exuberantes, o vilarejo oferece trilhas e paisagens incríveis.
Produtora de haxixe
A vila também é conhecida e bem famosa pela sua grande produção de haxixe. Muitos estrangeiros procuram pela malana cream, um tipo específico da erva que só é encontrada no local.
"Em Amsterdam, os haxixes mais caros são os de malana cream. Eles pegam a flor, raspam na mão até sair o óleo e ficam raspando na própria mão a canabis", conta Marina. O processo é feito de forma 100% artesanal.
Como estava na temporada de baixa produção, não conseguiram ver tanto as plantações, mas ainda assim, chamou muito a atenção dos dois.
Ao ser questionada se a vila vale a pena ou não, ela brinca e é categórica: não.
Mas reforça que não tem nada a ver com a cultura ou o povo. Marina afirma que se a pessoa for em busca de turismo, o acesso até o local é bem trabalhoso. Dessa forma, vale a pena investir em outras cidades ou regiões da índia.
Como ela e seu namorado trabalham produzindo conteúdos com muitas curiosidades sobre cada lugar, eles precisavam ir até lá se quiserem saber mais sobre determinado território.
A Índia dos sabores
Além da vila, o casal conheceu muitos lugares na Índia ainda pouco falados e até mostrado nas redes sociais. Mas foi com o tema de comidas típicas que os dois viralizaram e cresceram rapidamente na internet.
Como ainda há muitos estigmas sobre a comida indiana, seja pela higiene ou até mesmo pelos condimentos, a brasileira tenta desmistificar esses preconceitos.
Ela já comeu de comida de rua a restaurante, e mostra tudo de mais inusitado em cada prato que provou no país.
Em uma das publicações mais famosas, quem prepara o prato apoia o dinheiro em cima da comida e segue fazendo o preparo normalmente. A refeição era samosa com curry. Tinha até um cabelo no meio, mas, como ela mesmo brinca, faz parte. "Quem nunca foi a um restaurante chique e achou um cabelo", diz.
Como é algo diferente, ela diz ainda que recebe muitos comentários maldosos dizendo que eles não comem tudo até o fim. Mas o que foi desmentido pela viajante várias vezes e até mostrado em um vídeo.
E é justamente a comida que foi uma das coisas que ela mais sentiu falta quando voltou para o Brasil.
Mas eles não pretendem e está longe dos planos parar de viajar. Agora, o casal segue falando de comidas típicas, mas no continente africano.
Os planos são continuar pela região, seguir na vida nômade e criar conteúdo na internet.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.