Tufões e acidentes: como era um dos aeroportos mais assustadores do mundo
Pistas de pousos e decolagens prensadas entre a água do mar e uma área urbana montanhosa com milhões de pessoas.
Na hora da aterrissagem, aviões que davam rasantes sobre prédios e vias cheias de pedestres —e, com frequência, sob fortíssimos ventos gerados por tufões.
Voos vindos de diversas partes do mundo que, em algumas ocasiões, sofreram acidentes fatais.
Assim era o aeroporto de Kai Tak, que, durante décadas, foi a principal porta de chegadas e partidas aéreas de Hong Kong.
Kai Tak fechou há 25 anos, em 1998, mas até hoje é lembrado como um dos mais assustadores aeroportos que já operaram no mundo.
Ao mesmo tempo, os voos que ali chegavam (ou de lá partiam) geraram imagens incríveis —e, às vezes, inacreditáveis.
O local foi inaugurado nos anos 1920, em uma área de Hong Kong que, na época, ainda não tinha um número de habitantes muito alto —e que se encontrava colada à baía de Kowloon e rodeada por morros e montanhas.
Com o rápido crescimento deste centro urbano asiático no século 20, no entanto, as pistas logo ficaram também cercadas por muitos prédios.
Ponto turístico
Na década de 1990, Hong Kong somava mais de 6 milhões de residentes, com dezenas de milhares dessas pessoas vivendo não muito longe do aeroporto.
Quem não vivia perto, se deslocava até lá para ver ao vivo os pousos e decolagens: o lugar, por causa de todas as suas características assustadoras e fascinantes, virou ponto turístico.
Dezenas de curiosos costumavam se reunir diariamente em uma espécie de terraço, que existia sobre o estacionamento do aeroporto, para observar e fotografar aviões passando a poucos metros de suas cabeças.
Já das ruas em volta de Kai Tak, o ângulo de visão era um tanto perturbador: durante o pouso ou decolagem, as aeronaves de repente apareciam entre os prédios, dando a sensação de um choque iminente com as construções. O barulho das máquinas voadoras chegava altíssimo aos moradores e pedestres, fazendo tremer as janelas
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Quero receberE para decolar ou aterrissar ali, os pilotos tinham que estar muito bem treinados: qualquer erro poderia ser fatal para um enorme número de pessoas.
Tufões e acidentes
Três lados da principal pista de Kai Tak ficavam junto à água da baía de Kowloon. Colinas e montanhas, por sua vez, algumas com mais de 600 metros de altura, se espalham por grande parte dessa área de Hong Kong.
Tufões são recorrentes na região —e geravam ambientes perigosos para os aviões.
E, reza a lenda, os passageiros conseguiam enxergar, de seus assentos e através da janelinha, detalhes dos interiores dos apartamentos durante o pouso e a decolagem, pois as aeronaves passavam muito perto dos prédios.
Com tantos riscos no cardápio, diversos acidentes ocorreram em Kai Tak. Por exemplo:
1947 - uma aeronave bateu em uma montanha próxima da pista, causando a morte de quatro tripulantes.
1967 - um avião caiu durante uma tentativa de aterrissagem feita sob tempestade, causada por um tufão. Mais de 20 pessoas morreram.
1988 - uma aeronave saiu da pista caiu na água durante um pouso sob chuva e neblina, resultando na morte de sete pessoas.
No final dos anos 1980, o governo de Hong Kong começou a estudar terrenos para a construção de um novo aeroporto, em uma localização mais segura e com uma infraestrutura mais moderna.
Em 1998, junto com o fechamento de Kai Tak, foi inaugurado o atual aeroporto internacional de Hong Kong na ilha de Chek Lap Kok —longe das principais zonas residenciais da região.
O terminal de passageiros e hangares de Kai Tak foram demolidos em meados dos anos 2000.
Hoje, porém, parte do terreno ainda é um lugar que recebe viajantes de diversas partes do mundo, mas agora por via marítima: lá foi construído o terminal de cruzeiros de Hong Kong.
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