De lhama a 'viagra': feira a 4000 metros de altitude tem tudo (só falta ar)
Mistura de cheiros, vozes, gritaria e corredores bem estreitos. É assim a definição da "16 de Julio", a maior feira a céu aberto da Bolívia e uma das maiores do mundo.
Ela fica na cidade de El Alto, na região metropolitana de La Paz, e surpreende pois está a 4 mil metros acima do nível do mar.
Chegar até o local também é uma grande aventura, já que é necessário pegar uma das linhas do teleférico mais alto do mundo e desembarcar na feira.
O lugar chama atenção por ser extremamente longo, tendo pouco mais de 40 km de extensão, cercado por barracas, turistas e muitos compradores.
Além disso, ir até lá não é programa para "gringo ver", esse é um passeio típico boliviano, em que muitos moradores da cidade vão até o local seja para comprar uma comida ou qualquer objeto que tenha serventia.
Origem da feira
Embora não haja uma data certa de quando surgiu, acredita-se que as origens da feira começaram na "Guerra del Chaco", entre os anos de 1932 e 1935, com a migração campesina e de quem trabalhava com mineração.
Naquela época, só existiam aproximadamente 50 vendedores que comercializavam produtos agrícolas e convertiam as vendas para o seu sustento.
Até hoje, é possível ver que a feira mistura o velho com o novo, preservando as tradições andinas com os costumes atuais.
E todas às quintas-feiras e domingos, desde às sete da manhã até às sete da noite, é possível visitar o local e encontrar algo que deseja nas centenas de barracas que existem por lá — nem os próprios vendedores sabem ao certo quantos comerciantes disputam pelo espaço ali.
A movimentação intensa também fica por conta dos visitantes no local. Segundo dados mais recentes da Câmara de Indústria de El Alto, a cada quatro horas, 23 mil pessoas passam por lá.
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Quero receberTem até carne de lhama
Ao chegar no local, o turista leva um choque com tanta informação e produtos que tem por lá. A altitude é só um detalhe, quando há uma mistura de cheiros e imagens.
Como o lugar é imenso, a feira tem algumas seções específicas, que vão desde comida até peças para o carro. Dá para encontrar itens para bicicleta e até para avião — a procedência, no entanto, pode ser um pouco duvidosa.
Em relação à comida tem de tudo. Você vai encontrar os típicos chicharrón, majao (uma espécie de arroz com ovo frito em cima), um tradicional fricassé de porco e muito peixe.
Como é muito comum comerem lhama, também é possível experimentar a carne desse animal em algumas barracas. Ainda dá para ver os bichos vivos, já que eles são muito presentes na história da Bolívia.
Os pratos preparados com esse ingrediente são inúmeros, tendo a opção de experimentar desde um tradicional choripan até um ensopado.
Além da gastronomia diferente para alguns, há também quem se surpreenda com os medicamentos e produtos naturais que vendem por lá.
Muitos bolivianos acreditam na espiritualidade e utilizam diversos medicamentos, naturais ou não, para atrair coisas positivas ou até apimentar o sexo — tem até uma espécie de 'viagra natural'. Basta chegar lá e focar no que precisa melhorar.
Se o desejo for renovar o guarda-roupa, também dá. Por lá, o viajante encontrará blusas feitas com lã de lhamas e alpacas, pashiminas, calças, blusas e tênis. E o melhor: terá para todos os bolsos e estilos.
De pontos negativos, o cheiro de esgoto em algumas áreas é forte. As ruas são mais estreitas, e por causa da altitude é provável que você vá sentir um pouco de vertigem e um certo incômodo nos primeiros minutos.
Serviço
Para chegar até a 16 de Julio, o ideal é ir de teleférico e seguir caminhando. O recomendado é a linha "roja" (vermelha) ou a azul. A passagem custa na conversão atual R$ 2,10.
Caso não queira usar o transporte público, é possível ir de táxi, que cobra, em média, R$ 15 para ir do centro de La Paz até o local. É importante sempre perguntar o preço da corrida antes de entrar no veículo, pois a maioria dos táxis não utilizam taxímetro.
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