Uma rival para Miami: Tampa é a cidade das montanhas-russas, mas vai além
Tampa acabou ficando conhecida pelo parque de montanhas-russas Busch Gardens. É divertido mesmo, mas quem faz só um bate e volta de Orlando, a uma hora e meia dali, acaba perdendo a chance de conhecer uma das cidades mais vibrantes da Flórida.
Perde a chance, por exemplo, de ver que Tampa é atravessada pelo Rio Hillsborough e que a rotina acontece pela orla de 4,2 km, o Riverwalk, que reúne a galera do jogging, as famílias e os jovens pelos gramados e bares, enquanto os moradores passeiam pela água, de bem com a vida em seus jet skis.
Também perde a chance de ver uma das cidades históricas dos Estados Unidos: Tampa já foi a capital mundial de charutos nos anos de 1890 e tem 950 prédios históricos só na região histórica, a Ybor City.
Enquanto isso, o Downtown é de respeito, formado por prédios modernos, de mais de 30 andares, que vão pontilhando o horizonte e provando que Tampa é eclética.
Volta e meia, aliás, a cidade é citada nos fóruns rivalizando com Miami: norte-americanos e turistas lançam a dúvida se seria melhor visitar uma ou outra e morar em uma ou outra.
Elas têm similaridades mesmo: tanto Miami quanto Tampa estão na costa, têm influências cubanas em seus bairros históricos, edifícios espalhafatosos, a vida ao redor da água e restaurantes conceituados — Tampa se tornou destino gastronômico e é endereço de três restaurantes com estrela no Guia Michelin.
Apesar de ser a terceira maior cidade da Flórida, Tampa já é mais para relaxar sem alvoroço. Diferentemente de Miami, a região de praias de Tampa — St. Pete e Clearwater — está a 45 minutos do centro, mas leva a vantagem de ser na beira do Golfo do México, o que significa água azul-esverdeada o ano todo.
Uma das facetas de Tampa, a toda moderninha e alegre, está no Sparkman Wharf, área na beira do canal de Tampa e ao lado do famoso The Florida Aquarium, composta por food trucks, bares, cervejarias artesanais e música ao vivo. A cinco minutos a pé dali parte um passeio gostoso — um cruzeiro de duas horas pela baía de Tampa, a Tampa Bay.
Esse convence de vez que Tampa vai bem além da adrenalina das montanhas-russas. A baía é tão larga que é fácil esquecer que se está no meio da cidade. O cruzeiro, da Yacht StarShip, começa tranquilo com brunch ou jantar, mas depois do pacote de bebidas ilimitadas fazer efeito, o deque vira uma festa.
Na mesma região, a cinco minutos a pé pela beira do rio (olha aí o diferencial para muitas cidades norte-americanas), você chegará ao Tampa Bay History Center, museu que pelo nome até parece coisa pequena, mas ocupa um prédio inteiro e, como todo bom museu norte-americano, apresenta 12.000 anos de história da região com interatividade o suficiente para o pessoal se entreter por horas.
A capital dos charutos
Tanto quanto o Downtown, um pedaço imperdível de Tampa é a Ybor City, a área histórica. A rua principal, a 7th Street, é daquelas com galerias, lojas vintage, cafeterias e restaurantes em casas de arquitetura espanhola e italiana. A rua nasceu no fim do século 19, quando a região de Ybor City chegou a ter 230 fábricas de charuto e se tornou a capital de charutos do mundo em 1890.
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Quero receberO responsável por isso e por desenvolver Tampa foi o espanhol Vicente Martinez Ybor, um visionário de mão cheia. Ele havia morado em Cuba e montado uma fábrica de charutos em Key West. Mas ficou sabendo do clima ideal de Tampa, da nova linha ferroviária, do porto e dos custos de vida baixos, e resolveu em 1886 montar sua fábrica de charutos por lá.
Desenvolveu a região pavimentando as ruas e calçadas, levou médicos para garantir boas condições de vida, pagou os concorrentes de Cuba para montarem fábricas na região e levou trabalhadores imigrantes da Espanha, Cuba, Itália, entre outros países.
Ybor havia construído 176 casas para esses imigrantes, além de clubes dedicados a cada nacionalidade que promoviam encontros e festas. Hoje, os imponentes casarões dos clubes, as antigas fábricas e as casas remanescentes dos imigrantes podem ser visitados. Uma dica para aprender a história como ela merece é fazer o tour Ybor City Historical Walking Tour.
O guia apaixonado pelo que faz, Max Herman, vai o levar para passear entre os tantos monumentos e entre os mais chamativos moradores de Ybor City: as galinhas. São 300 andando por aqueles quarteirões, remanescentes do tempo em que as mercearias com carnes refrigeradas não existiam, e possuir galinhas era o jeito. É bom avisar: o turista que caçar, matar, molestar ou mutilar as galinhas leva uma multa de US$ 500.
Max também vai o levar para pisar em Cuba na própria Ybor City. É que ali fica o pequeno parque Amigos de José Martí, território cubano desde 1956. Até o relaxamento das restrições durante o governo Obama, foi o único território cubano onde americanos podiam pisar.
Depois, o lugar mais típico para almoçar é o restaurante Columbia, aberto em 1905. Mais que os títulos de restaurante mais antigo da Flórida e de restaurante espanhol mais antigo em funcionamento nos Estados Unidos, o que impressiona no Columbia é o tamanho.
Ele ocupa todo um quarteirão de Ybor City, e tem nada menos que 1700 lugares e 15 salões. Para atender tanta gente, são 300 trabalhadores que cozinham e servem a gastronomia espanhola e cubana. Apesar disso, o que mais faz sucesso é a salada da casa junto com o sanduíche cubano, nomeado como o melhor sanduíche da Flórida.
O restaurante abriu filiais em outros pontos do estado, como Saint Augustine e Sarasota, mas o negócio é experimentar o original, já que você estará em Tampa vendo que ela não é só a cidade das montanhas-russas.
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