Tour pelo esgoto: museu em Bruxelas tem cheiro ruim e exposição sobre ratos
Colaboração para Nossa
24/02/2024 04h02
Já pensou em explorar o sistema de esgoto de seu próximo destino de férias? Pois essa aventura um tanto insólita e curiosa é possível em Bruxelas —mas adiantamos que o cheiro não é nada agradável.
A capital belga oferece aos turistas a chance de conhecer seu subterrâneo —as "entranhas" de cidades históricas são atrações populares desde as galerias supostamente mal-assombradas de Edimburgo, na Escócia, à cidade-caverna de Derinkuyu, na Turquia— mas sob uma perspectiva única: os canos e tubulações de 1.900 km de extensão que remontam ao século 19.
O que você vai ver por lá?
O Musée Des Égouts (Museu dos Esgotos) fica próximo à Porta de Anderlecht, sobre um dos braços encanados do rio Senne —famoso durante mais de um século por seus altos níveis de poluição, um problema que só começou a ser revertido em 2007 com polêmicas obras de reforço no sistema de esgotos de Bruxelas.
O local tem dois pavilhões em estilo neoclássico que são conectados através do passeio pelos canos.
A cerca de 10 metros abaixo do solo, os visitantes podem passear pelas margens do rio e visitar o histórico esgoto Chaussée de Mons, ainda em atividade.
Todo o percurso é organizado de forma a contar uma história de quando, por que e como os esgotos foram construídos, relatar como é o trabalho dos funcionários que fazem manutenção e reparos de bombas no subterrâneo da cidade e explicar o ciclo da água em Bruxelas.
Fotos, modelos e relíquias mostram um pouco do dia a dia de quem trabalha nos esgotos e também como a água viaja pelas estações de tratamento e chega às casas.
Como o museu surgiu?
Acredite se quiser, a partir da segunda metade do século 20, o Departamento de Esgotos da Cidade de Bruxelas passou a receber pedidos frequentes para organizar visitas à rede subterrânea. Foi então que surgiu a ideia de criar um museu. O local de sua instalação foi escolhido estrategicamente, por estar próximo não só da eclusa do Senne, como do esgoto coletor e de afluentes do rio.
Após obras e um esforço colaborativo de engenheiros, cientistas, historiadores e dos próprios funcionários dos esgotos sobre como apresentar o sistema ao público da melhor forma, ele finalmente abriu as portas ao público em 30 de maio de 1988, há 35 anos. A ideia logo se tornou bastante popular e atraiu, recentemente, até o fundador da Microsoft, Bill Gates. Veja no vídeo a visita dele:
Atualmente, além dos dois pavilhões e da co Chaussée de Mons, o museu ainda conta com um espaço de exposições, onde está em cartaz até 16 de junho de 2024 a mostra "Rattus", que busca informar o público sobre espécies e ciclo de vida de um habitante comum nos esgotos: o rato. A exibição ainda tem como o objetivo eliminar preconceitos em torno do animal e contar como ele se adaptou à vida na cidade.
Aventura requer algumas precauções
Classificado como "coletor", o esgoto Chaussée de Mons ainda recolhe água de afluentes secundários do Senne. Por isso, ele pode se alagar em algumas ocasiões. Neste caso, o museu fecha por questões de segurança. Portanto, a administração avisa que é importante checar a situação do local antes do passeio. Também é obrigatório agendar a visita com antecedência.
Apesar de não exigir um traje específico, a equipe do Museu dos Esgotos recomenda que visitantes venham de botas e tragam algum tipo de iluminação para apreciar melhor as galerias subterrâneas. Malas grandes e mochilas não são permitidas.
Por fim, prepare o estômago: o cheiro no local não é nada agradável.
Entradas e passeios
O Musée Des Égouts possui uma série de atividades guiadas para adultos e crianças —até com a orientação dos próprios trabalhadores dos esgotos—, mas não é preciso necessariamente a presença de um guia para conhecer o local. Audioguias em inglês, francês e holandês estão disponíveis aos visitantes para acompanhar as mostras.
Já quem prefere conhecer sem sair de casa pode explorar o local com o tour virtual. O Museu dos Esgotos de Bruxelas fica na Porte d'Anderlecht ou Anderlechtsepoort, a cerca de 13 minutos da estação de trem Midi e a 15 minutos da estação de metrô/tram Grand-Place. O local funciona de terça a domingo, das 10h às 17h.
Entrada custa 10 euros (R$ 53,50) por adulto, mas há preços promocionais para outras faixas etárias. Grupos a partir de 12 visitantes podem conseguir taxas mais econômicas por pessoa. Experiências multissensoriais e programações diferenciadas têm uma tabela de preços à parte.