Tem como saber se o azeite é falso? Veja dicas para escolher um bom produto
Azeite está caro, você sabe. Não bastasse isso, é comum vermos notícias de apreensões de produtos falsificados ou adulterados (com mistura de outros tipos de óleos) em nosso país.
Mas será que tem como identificar um azeite "pirata" ainda na prateleira e evitar pagar (muito) caro por um óleo ruim?
Infelizmente, é praticamente impossível identificar um óleo de oliva falsificado só pela embalagem. Depois de aberto o produto, a adulteração pode até ser percebida, mas isso nem sempre é fácil. Mas alguns cuidados na hora da compra podem ajudar você a não cair em ciladas. Confira a seguir.
Dicas para levar um bom azeite
Sempre compre o produto em lojas e supermercados confiáveis, para reduzir o risco de levar um alimento adulterado.
Desconfie de promoções tentadoras. O óleo de oliva não é um item com baixo custo de produção e encontrar nas prateleiras azeites com valor muito abaixo da média pode ser sinal de fraude.
Cheque o país de origem e de envasamento O ideal é comprar um azeite produzido e envasilhado no mesmo país, de preferência pelo mesmo produtor (a informação geralmente está na embalagem).
Além de possivelmente perder qualidade, um azeite que é feito em um país (ou lugar) e engarrafado em outro tem maior risco de ser fraudado, segundo Sandro Marques, professor do curso de pós-graduação em cozinha avançada do Senac e autor do livro "Extrafresco: Guia de Azeites do Brasil.
Confira os selos de denominação de origem Eles garantem não só o país de origem do produto, mas também que o óleo de oliva está dentro das regras estabelecidas pelos órgãos responsáveis sobre práticas de cultivo e produção.
Os selos mais comuns são o DOP, utilizado pela Espanha, Itália e Portugal, e o PDO, usado pela Grécia.
Prefira os feitos com um tipo só de azeitonas Com mais variedades que o vinho, os azeites também terão características únicas para cada tipo de azeitona usada —os mais conhecidos são arbequina, coratina e galega. Se houver a opção, busque produtos com um tipo só de azeitona.
Prefira garrafas escuras ou opacas Suscetível à luz solar, o ingrediente se preserva melhor em garrafas que impedem ou minimizam a entrada de luz.
Analise a data do envase ou extração O frescor do azeite será um dos fatores mais importantes na hora da compra. Por lei, as garrafas devem ter a data de envase. Quanto mais recente for essa data, melhor.
Contudo, Renato Fernandes, presidente do Ibraoliva (Instituto Brasileiro de Olivicultura) faz uma ressalva: "Idealmente, deveria-se buscar a data da extração, pois é ela que realmente indica o frescor do azeite. A informação de envase não garante que a extração foi próxima daquela data, pois o óleo pode ter sido extraído antes, estocado e só depois envasado."
E ao abrir a garrafa?
Como já falamos, não é todo mundo que consegue identificar um produto adulterado. Mas alguns sinais podem indicar que o azeite foi fraudado, está velho e oxidado ou contém outros óleos.
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As principais características sensoriais de um azeite extravirgem de qualidade são:
Não pode ter "cheiro de óleo de cozinha", deve ser bem perfumado. Fernandes explica que as notas aromáticas devem ser herbáceas, como o cheiro de grama recém-cortada ou couve.
No paladar é preciso sentir elementos frutados, vivos e frescos, picância e amargor. Esse perfil sensorial garante os componentes de saudabilidade natural do produto.
Como preservar seu azeite?
Não importa quantas qualidades sensoriais um azeite tenha, país de origem ou preço, se não houver cuidado, suas propriedades serão perdidas. Para isso não acontecer, faça o seguinte:
Mantenha o produto em local fresco, escuro e muito bem fechado.
Evite o uso de bicos sem tampa que, apesar de práticos, permitem a entrada de oxigênio (que oxida e altera as características dos alimentos).
Prefira manter o óleo de oliva na garrafa original.
Não guarde próximo ao fogão, onde o óleo de oliva ficará exposto à luz e ao calor.
Após aberto, é preciso consumir em até 60 dias.
Vidros menores podem ser uma boa opção para quem mora sozinho e não consegue consumir uma garrafa de meio litro dentro do período de validade.
Ao contrário do vinho, o azeite só piora com o tempo. Por isso, mesmo que encontre um bom preço, evite estocar, ou pior, guardar aquela boa garrafa que você ganhou só para uma ocasião especial
Azeite não é tudo igual
Nos mercados, é mais comum encontrarmos dois tipos de azeite:
Extravirgem Possui uma acidez menor que 0,8%. É extraído mecanicamente, a frio, na primeira prensagem das azeitonas, por isso preserva praticamente todas as propriedades nutricionais e de qualidade do óleo, por ser menos processado. Muitos fabricantes usam um rótulo verde ou com detalhes nessa cor para facilitar a identificação do produto, mas a informação está sempre escrita na embalagem.
Tipo único Tem um acidez máxima de 1%. Passou por um processo de refinamento químico para remover defeitos de aroma, cor e acidez, e pode ter na mistura o azeite virgem, extravirgem ou óleo de bagaço de oliva. Alguns fabricantes usam um rótulo vermelho ou com detalhes nessa cor para identificar o produto.
O azeite extravirgem é mais saboroso e saudável, mas tipo único ainda é uma opção muito melhor do que outros óleos de cozinhas
Sandro Marques explica que o azeite extravirgem também tem uma quantidade maior de biofenóis, elementos que ajudam na prevenção de várias doenças ligadas ao envelhecimento. Quanto maior a qualidade do azeite, maior o teor dos biofenóis ele terá.
Por ser mais barato, você pode usar o tipo único em alimentos que são preparados no fogo e deixar o extravirgem para consumir cru, em saladas, ou para finalizar receitas, já que o óleo de oliva (como qualquer alimento) perde um pouco de suas propriedades ao ser aquecido.
E o orgânico, é melhor?
"O fato de o produto ser orgânico não impacta diretamente na sua qualidade sensorial (sabor e aroma), apenas define o tipo de produção", explica Moacir Batista do Nascimento Filho, engenheiro florestal e presidente da Assoolive (Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira).
O termo indica apenas que as azeitonas foram cultivadas usando somente produtos naturais em sua fertilização e/ou produtos industrializados que não fazem o uso de substâncias químicas. Ou seja, sem os populares agrotóxicos.
E o azeite brasileiro?
O Brasil é o segundo país que mais importa azeite no mundo e a produção nacional fornece apenas 1% do que é consumido por aqui, segundo Pedro Calazans, diretor comercial da Selecionados Uniagro, empresa de distribuição de alimentos.
Mas isso não significa que os óleos de oliva nacionais são ruins. Pelo contrário. Há muitos produtos de qualidade feitos no país e premiados internacionalmente.
O problema é que o azeite brasileiro ainda é caro quando comparado com muitos produtos encontrados no mercado.
Motivo: como ainda é feito em áreas produtivas pequenas e relativamente novas, o alimento nacional ainda não consegue competir em volume com o importado. Por isso, para garantir o lucro, o foco da produção é na qualidade.
"O óleo de oliva brasileiro é um produto premium, vendido principalmente no mercado de turismo e em empórios especializados", explica Calazans.
Mas é notável o crescimento do ramo no país. Sandro Marques, na elaboração da versão atualizada de seu guia, viu um cenário de 60 produtores nacionais em 2017 crescer para cerca de 160 em 2023.
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