O 'Cristo do Abismo' e outros segredos da rodovia mais bonita da Flórida
Essa viagem é um sonho para a maioria dos turistas que está em Miami: pegar o carro e dirigir cerca de quatro horas até Key West, passando por uma das estradas mais bonitas do mundo, a Overseas Highway.
O nome já anuncia que a estrada é fora do comum — tanto que é considerada uma maravilha da engenharia. Começa que é flutuante, mas o principal é que ela atravessa 44 ilhotas estreitas. Ou seja, o sortudo motorista vai vendo em todas as pontes o mar azul esverdeado por todos os lados do carro.
O que muita gente não sabe é que quem vai direto de Miami a Key West perde várias atrações pelo caminho, especialmente nos arredores de Islamorada e Key Largo, a maior ilha das Florida Keys, o arquipélago que vai do sul de Miami em direção a Cuba.
Key Largo é também a primeira das Florida Keys, e tão diferente de Miami que é difícil acreditar que as duas estão separadas por só uma hora de estrada.
O clima festeiro de Miami vai ficando para trás, e já em Key Largo é como se todos tivessem combinado que só querem relaxar nas férias e curtir o clima mais caribenho que norte-americano. Os dias pelas "Keys" são feitos para aproveitar sem correria os restaurantes despojados de peixes e frutos do mar na beira da água, os mojitos e piñas coladas, os mergulhos em uma das principais barreiras de corais do mundo, pores do sol inesquecíveis e a boa vida de ir do mar verde azulado para uma espreguiçadeira e de uma espreguiçadeira para o quarto nos hotéis pé na areia com suas praias privativas. Aliás, os hotéis assim, para realmente curtir a praia, são mais em Key Largo, Islamorada e Marathon do que em Key West.
Key Largo é conhecida como a capital do mergulho no mundo, mas ninguém precisa ser profissional para aproveitar — só um mergulho com snorkel já traz felicidade. E até para quem não quer se molhar existe opção: dá para navegar em um barco com fundo de vidro.
A ilha é endereço do John Pennekamp Coral Reef State Park, um parque estadual subaquático que engloba a terceira maior barreira de corais do mundo (atrás só das famosas barreiras da Austrália e Belize).
Como todo parque norte-americano, o lugar tem ótima estrutura: vestiários com chuveiros, lojas de souvenires, estacionamento, trilhas e duas praias estão pelo John Pennekamp — ainda que as praias não sejam das mais convidativas. É que por estarem próximas do manguezal, a água é escura.
E é justamente dessa água escura de onde sai o barco para fazer o snorkel, mas basta passar meia hora de navegação que ela então ganha um surpreendente azul-cor-de-Caribe. O bom é que, diferentemente de muitos passeios de snorkel por aí, no John Pennekamp todos têm tempo o suficiente no mar: cerca de uma hora e meia para esquecer da vida vendo peixes fosforescentes e corais multicoloridos.
Um dos pontos altos do mergulho é chegar perto de uma estátua de bronze submersa a 7,6 metros de profundidade, a chamada "Cristo do Abismo", réplica da estátua submersa na região italiana da Ligúria.
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BARES E RESTAURANTES
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Quero receberA estátua de bronze de 2,74 metros e 1814 quilos foi colocada ali em 1961 e repousa sobre uma base de concreto de 20 toneladas.
A surpreendente Key Largo
Key Largo é cortada por uma rua só, a Overseas Highway, formada por uma via para ir e uma para voltar. As atrações estão escondidas nas laterais, e quem não entra nos restaurantes e hotéis nem mar vê. Por isso, os restaurantes surpreendem e acabam sendo uma atração tanto quanto o parque estadual.
No Pilot House, por exemplo, você vai entrar e dar de cara com uma marina. Já no Key Largo Fisheries Cafe, o peixe vem literalmente a passos de distância: os barcos estão parados logo ali levando lagostas, caranguejos e peixes fresquíssimos para serem preparados.
Mas é na ilha a vinte minutos de Key Largo, Islamorada, que está um restaurante que vai render um fim de tarde memorável: o Lorelei. É ali que você vai ter um dos mais bonitos pores do sol das Florida Keys — e a concorrência para isso é grande. O restaurante na beira da baía colocou mesas a céu aberto em um deque de areia, varal de luzinhas e música ao vivo para dar um ar de aconchego durante o pôr do sol.
No menu, estão os clássicos da Florida Keys: coconut shrimp (camarões empanados com coco), peixes com molho de coco ou manga, e a torta que ganhou os Estados Unidos, mas nasceu nas Keys: a key lime pie, torta de limão com recheio de suco de limão, leite condensado e gemas.
Mais alguns restaurantes-atrações de Islamorada são o Morada Bay Keys, para almoçar em um ambiente alegre de cadeiras coloridas de frente para o mar, e o restaurante Hungry Tarpon na marina de Islamorada, a Robbie's Marina.
Não é daquelas marinas norte-americanas com roda-gigante e lojas. Como tudo nas "Keys", ela é despojada. Quando você vir uma aglomeração, é na área dedicada a alimentar os peixes tarpões.
São cerca de 100 vivendo ali e os turistas podem dar comida a eles pagando US$ 2,50 para acessar a área mais US$ 5 pela ração. Almoçar de frente para o mar já rende um dia gostoso em Islamorada, mas para ver o mar azul de arder os olhos, vá até o banco de areia de Islamorada em um passeio de barco.
Key West: a cereja do bolo
Key West é a ilha mais alegre e a mais vibrante das "Keys". Deve ser porque mistura os turistas que chegaram animados depois de percorrer a Seven Mile Bridge (ponte de 10,9 km com um baita visual do mar azul-esverdeado) com os tantos moradores cubanos que vivem sorrindo. Afinal, Key West está mais perto de Cuba do que dos Estados Unidos: são 266 km até a cidade norte-americana e 153 km até Cuba.
A graça de Key West também vem das casas históricas alegres, com paredes de madeira, cores vibrantes e sacadas ornamentadas. Elas estão pela Duval Street, a rua mais famosa de Key West, que parece feita para andar sem rumo, entrando nas cafeterias cubanas (se você gosta de café forte é a sua chance), sorveterias, bares de música ao vivo e lojas de roupas praianas.
Quando você vir uma casa que ocupa todo um quarteirão, não deixe de entrar: é a casa do escritor Ernest Hemingway, que viveu ali de 1930 a 1941. Compete em atenção com os móveis originais e com o jardim a quantidade de gatos na propriedade: são cerca de 60. O escritor era fã de gatos e a administração os manteve.
Em Key West, dá para fazer tudo a pé. Dali, é só seguir 10 minutos para chegar ao ponto mais concorrido das Florida Keys: o monumento em formato de boia que marca o ponto mais ao sul da parte continental dos Estados Unidos. A fila para tirar foto ali é imensa, mas para quem viveu tantos momentos deliciosos nas Keys o monumento é o de menos.
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