Menor que brotinho, pizza mais cara do mundo custa R$ 45 mil; como é feita?

Três tipos nobres de caviar, lagostas, camarões variados, champanhe e conhaque já servido à rainha Elizabeth: essa é a combinação da pizza Louis XIII, criação do mestre pizzaiolo italiano Renato Viola, considerada a mais cara de todo o mundo.

Menor do que o tamanho médio de um brotinho de 4 pedaços vendido no Brasil, o disco de 20 cm serve duas pessoas e é vendido na Itália por 8.300 euros —cerca de R$ 45.376.

"Para poucos" (óbvio), segundo o site do próprio chef, a pizza é feita na casa do cliente —com exceção da massa, produzida antes, pois passa 72 horas em fermentação natural para garantir a sua leveza e se tornar "altamente digestível".

O serviço é oferecido em domicílios fora do território italiano —e fica mais caro ainda. Segundo o canal Sky TG24, o preço para quem deseja comer a pizza em Nova York, por exemplo, chega a 15 mil euros (ou R$ 82 mil). Além de Renato Viola, participam do processo um sommelier e um chef. O alimento é servido em louças e talheres exclusivos de edição limitada.

Por que é tão cara?

O valor salgado da Louis XIII é justificado pela raridade dos ingredientes. Há três caviares na cobertura:

O primeiro deles o "Oscietra Royal Prestige", uma seleção bastante particular do Oscietra, que possui ovas de tamanho grande, sabor adocicado e aroma acastanhado.

O segundo é o "Caviar Kaspia Oscietra Royal Classic", originário de um esturjão que vive perto da costa do Irã, pode ter até dois metros de comprimento e que chega a pesar até 200 kg —na média, ele tem 1,2 metro de comprimento e entre 20 kg e 80 kg. Suas ovas, também bastante únicas, possuem coloração marrom escura, medem quase dois milímetros de diâmetro e são conhecidas pelo "sabor refinado".

A pizza ainda leva o "Beluga Caviar Kaspia", produto de um esturjão ainda mais raro do Mar Cáspio —com comprimento de até 4 metros e peso que pode chegar a mais de uma tonelada. Não é possível pescar mais de 100 deles por ano. Suas ovas, em tons de cinza perolado ou escuro, chegam a medir de 2,5 a 3,0 milímetros em diâmetro e possuem "a delicadeza de uma pele", de acordo com Viola. O sabor seria suave, cremoso e firme, destacando-o dos outros dois caviares.

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A receita única ainda leva outros ingredientes coadjuvantes, mas bem específicos: muçarela de búfala orgânica italiana, o australiano sal rosa natural Murray River, farinha orgânica e fermento biológico natural.

Além dos caviares, lagostas e camarões típicos do Mediterrâneo são estrelas da pizza Louis XIII
Além dos caviares, lagostas e camarões típicos do Mediterrâneo são estrelas da pizza Louis XIII Imagem: Reprodução/Renato Viola

"Tempero" da rainha

Camarões vermelhos de Acciaroli, em Cilento, região italiana de onde o pizzaiolo é nativo, ainda dividem as atenções sobre o disco com o camarão Mantis e a lagosta-vulgar (Palinurus Elephas) —ambos também típicos do Mediterrâneo.

Mas os ingredientes mais nobres, à parte os caviares, são os alcoólicos. A pizza mais cara do mundo é batizada em homenagem ao Remy Martin Cognac Louis XIII, considerado o melhor do planeta e feito à base de uvas exclusivas da região da Grande Champagne.

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O Remy Martin teria sido servido à rainha Elizabeth 2ª no Palácio de Versalhes em 1957, em homenagem à sua visita à França. Ainda segundo Viola, Winston Churchill teria celebrado a sua vitória eleitoral em 1951 com este mesmo conhaque, que também teria sido consumido por Tom Cruise em seus últimos filmes.

Esta não é a única bebida alcoólica que serve de tempero para a pizza. O champanhe Krug Clos du Mesnil, safra de 1995, com suas notas de frutas cítricas e Chardonnay equilibraria os sabores de frutos do mar. Já o brandy espanhol Cardenal Mendoza Carta Real, em sua reserva especial, Sanchez Romate, empresta notas levemente adocicadas de uvas e ameixa à receita, além de aromas amadeirados.

Quem é o pizzaiolo?

Viola é uma espécie de pizzaiolo celebridade, membro do Time Acrobático de Pizza da Itália, e já ganhou diversos prêmios pelas suas habilidades em competições de preparo de pizza pela Europa, como em Monte Carlo, Paris, Londres, Roma, Nápoles, Stuttgart, Dublin, Edimburgo e Milão, além de êxitos nos EUA em Las Vegas e Miami.

Apesar de ser especializado naquela que é reconhecida como a autêntica de pizza italiana, ele também costuma incorporar métodos e formatos modernos às suas receitas. Atualmente, ele se divide entre os fornos e seu trabalho como instrutor, ensinando outros chefs e oferecendo consultorias a outras pizzarias antes de suas aberturas.

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Renato Viola vive hoje em Miami Beach, no estado americano da Flórida, onde ele mantém três unidades da pizzaria MisterO1 Extraordinary Pizza — suas outras duas filiais estão em Madri, na Espanha, e Riad, na Arábia Saudita — e também a escola MisterO1 Pizza School. Uma aula de três horas para aprender os truques do mestre custa US$ 195 (R$ 981) por pessoa.

Quando não está treinando novos talentos, ele ainda serve outros: entre seus clientes famosos estão o ex-jogador de futebol americano Tom Brady, os jogadores de basquete Tyler Herro e Caleb Martin, o artista plástico brasileiro Romero Britto e o DJ Khaled.

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