Ajude seu 'cão terrível': como fazer um pet destruidor entrar no 'modo paz'
Colaboração para Nossa*
07/05/2024 04h00
Um belo dia você chegou em casa e se deparou com um verdadeiro cenário de guerra proporcionado pelo seu cãozinho. Agitado, hiperativo e ansioso, ele resolveu "gastar" toda a energia acumulada com peripécias nota dez nos quesitos criatividade e destruição. Identificou-se com a situação? Calma!
Um combo envolvendo atividade física, estímulos mentais e enriquecimento ambiental é capaz de resolver o problema e conter os ânimos do pet estressado e do tutor enlouquecido.
Pesquisa antes
O ideal, de acordo com especialistas, seria que as pessoas pesquisassem sobre as peculiaridades das raças antes de levar os bichinhos para casa, já que muitos cães têm a agitação e o alto nível de energia como características principais. Quando os tutores adotam ou adquirem um animal sem conhecer suas particularidades, aparecem as frustrações e este é um dos principais motivos de abandono.
Os futuros tutores podem procurar ajuda profissional para definir qual cãozinho "combina" mais com o perfil e estilo de vida da futura família. Isso evitaria, por exemplo, casos de famílias que adotam um border collie, por exemplo, porque é o cachorro mais inteligente do mundo, mas não pensam no gasto de energia e o pet acaba destruindo a casa. Ou mesmo cães de raças menores, mas que têm altos índices de latidos. Ou seja, o ideal é sempre buscar as informações com um profissional que vai analisar sua rotina e o cão mais indicado.
Atividade é tudo
Se o cenário ideal passou longe da realidade e o caos já se instalou, é preciso tomar uma providência. Atividade física, passeios e estímulos mentais caem muito bem para a saúde do pet e são capazes até de fortalecer o vínculo com o tutor. Brincadeiras em ambientes externos com bolinhas e frisbee, jogos com alimentos escondidos, procura de objetos e contato com outros cães trabalham tanto o cognitivo quanto a parte física dos animais.
Matricular o pet em uma creche pode ser uma alternativa para conter a agitação. Além do estímulo com bolinhas, mordedores e brincadeiras entre os pets, existem as aulas de adestramento e atividades de enriquecimento ambiental --o que geralmente os tutores não conseguem fazer em casa.
A recomendação é que os tutores passem mais tempo com seus cãezinhos para entenderem suas necessidades. Pode ser caminhar, correr, brincar no parque, buscar a bolinha... Como muitas pessoas não têm tempo livre, o day care pode ajudar.
Opções criativas
O mercado de brinquedos lota petshops com uma infinidade de possibilidades que muitas vezes não cabem no bolso, então é preciso criatividade! Dá para usar "materiais" que já existem em casa e confeccionar os próprios brinquedos.
Ao invés dos brinquedos recheáveis, uma boa dica é encher uma caixa de ovos com ração ou petiscos e amarrá-la com uma fita. Outra ideia é fazer pequenos furos em uma garrafinha de água que se transforma em um brinquedo que o cão pode rolar e obter o petisco ou fechar os dois lados do rolinho do papel higiênico e deixar que o cão descubra como abrir.
A primeira vez do doguinho com um brinquedo novo (seja comprado em petshop ou "fabricado" pelo tutor) não deve acontecer quando ele estiver sozinho, mas sempre sob supervisão. Como alguns cachorros destroem e comem papel, é preciso observar. O "adestramento positivo", sem punição, sem bater ou utilizar enforcadores é sucesso garantido, dizem os especialistas.
Sem exageros
Animado com a possibilidade de gastar rapidinho toda a energia acumulada do pet? Cuidado e pé no freio caem bem. É que o excesso de atividade também pode estressar o doguinho e o que era para ser solução acaba se transformando em um problema a mais.
Algo muito importante que os tutores devem saber é o nível de exercício ideal para cada cãozinho. Muitos ficam tão incomodados com a situação que acabam levando o pet à exaustão, o que também pode gerar problemas comportamentais. Ou seja, nem sempre a frase "cachorro cansado é cachorro feliz" condiz com a realidade.
Fontes: Anderson Alcântara, coordenador da creche do Cachorródromo de São Paulo; Guilherme Fernandes, CEO da Dog's Play; e Ane Grispino, adestradora.
*Com informações de reportagem publicada em 21/07/2021