Como estão as Sete Maravilhas do Mundo Antigo - e como visitar uma delas

Visitar as Sete Maravilhas do Mundo é parte dos sonhos ou planos de viagem de muita gente, mas enquanto os monumentos modernos tiram o fôlego, impressionam e atraem hordas de turistas, estas construções que encheram os olhos da Humanidade há milhares de anos descansam nos livros de História — distantes da nossa realidade e (quase) totalmente inatingíveis.

Conheça as seis maravilhas que o mundo não pode mais visitar e a única que resiste ao tempo:

1. Jardins Suspensos da Babilônia

'Jardins Suspensos da Babilônia', obra de 1886 de Ferdinand Knab
'Jardins Suspensos da Babilônia', obra de 1886 de Ferdinand Knab Imagem: Domínio Público

Apesar de ser considerada uma das Sete Maravilhas, não há evidências definitivas de que os Jardins Suspensos tenham existido — e se existiram, qual era a sua localização exata.

De acordo com relatos escritos do sacerdote babilônio Berosso e do historiador romano Flávio Josefo, os incríveis jardins teriam sido construídos por volta de 600 a.C. junto a um grande palácio pelo rei Nabucodonosor 2º para sua esposa em território árido que hoje pertence ao Iraque.

Segundo os pesquisadores do Museu Britânico, Michael Seymour e Irving Finkel, autores de "Babylon: City of Wonders", não há evidência arqueológica dos jardins encontrada até hoje.

No entanto, os historiadores gregos Estrabão e Diodoro Sículo, que afirmam em suas obras terem visto os jardins pessoalmente, os descrevem como maravilhas de engenharia agrônoma, com enorme variedade de flores, frutas deliciosas, folhagem exótica e impressionantes cascatas em meio à paisagem natural semi-árida.

2. Grande Pirâmide de Gizé

Grande Pirâmide de Gizé, no Egito
Grande Pirâmide de Gizé, no Egito Imagem: Nina-no/Creative Commons
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A Grande Pirâmide de Gizé, também conhecida como Pirâmide de Quéops, é a única maravilha do mundo antigo que ainda existe e deteve o recorde de estrutura construída por ser humano mais alta do mundo durante mais de 3.800 anos.

Sua altura original da base ao pico era de cerca de 147 metros — sua fachada está parcialmente destruída, o que dá a ela hoje 138 metros de altura. O comprimento de cada lado da base é de cerca de 230 metros.

Finalizada por volta do ano 2.560 a.C. na margem oeste do rio Nilo, ela teria levado cerca de 20 anos para ficar pronta e serviu como túmulo do faraó Quéops — daí o apelido. É a maior das três pirâmides de Gizé, tendo levado em torno de 2,3 milhões de blocos de pedra para ser esculpida e, posteriormente, erguida, segundo informações da revista National Geographic.

3. Mausoléu de Halicarnasso

Ilustração de restauração especulativa do Mausoléu de Halicarnasso, feita por James Fergusson em 1862
Ilustração de restauração especulativa do Mausoléu de Halicarnasso, feita por James Fergusson em 1862 Imagem: Domínio Público

Ao contrário dos jardins babilônios, existem provas de que o Mausoléu de Halicarnasso realmente existiu — e suas ruínas persistem até hoje em território turco. Esta construção teria sido concebida entre 353 a.C. e 350 a.C. pelos arquitetos gregos Sátiro e Pítias para Mausolo, governante de Cária (parte do Império Persa), daí o nome "mausoléu" ter se convertido em sinônimo de túmulo rebuscado.

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A obra foi encomendada por sua mulher (e irmã), Artemísia 2ª, após a morte do marido. Com aproximadamente 41 metros de altura e exterior com esculturas complexas e obras de arte preciosas, ele era uma das maravilhas da capital criada pelos dois monarcas, Halicarnasso.

Sua beleza é relatada em diversas obras históricas, como a Ilíada de Homero. O mausoléu teria sobrevivido por séculos (até mesmo a um saque encomendado por Alexandre, o Grande), mas um terremoto eventualmente o levou ao chão.

Ruínas do Mausoléu de Halicarnasso em Bodrum, na Turquia
Ruínas do Mausoléu de Halicarnasso em Bodrum, na Turquia Imagem: FollowingHadrian/Creative Commons

4. Estátua de Zeus em Olímpia

Ilustração 'Le Jupiter Olympien' (1814), de Firmin Didot, imaginou o que seria a Estátua de Zeus em Olímpia
Ilustração 'Le Jupiter Olympien' (1814), de Firmin Didot, imaginou o que seria a Estátua de Zeus em Olímpia Imagem: Domínio Público

A estátua de Zeus teria sido criada na cidade-sede dos primeiros Jogos Olímpicos pelo mais reconhecido escultor de sua época, o grego Fídias, celebrando Zeus em seu próprio templo.

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A obra de 12,4 metros com a imagem do deus sentado segurando Nice (deusa da vitória) em sua mão dataria de 435 a.C., quando ocupou um trono coberto por ouro, pedras preciosas, mármore e ébano, segundo relatos da época e estudos de pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Universidade de Londres, no Reino Unido.

Reverenciada, especialmente pelas suas proporções imponentes, a estátua eventualmente foi destruída antes do fim do século 6 d.C., em circunstâncias não totalmente esclarecidas. Há relatos de um incêndio, de terremoto e até de uma ordem do imperador Calígula para a sua destruição.

5. Farol de Alexandria

Ilustração do que seria o Farol de Alexandria, feita pelo arqueólogo alemão Hermann Thiersch em 1909
Ilustração do que seria o Farol de Alexandria, feita pelo arqueólogo alemão Hermann Thiersch em 1909 Imagem: Domínio Público

O antigo farol — considerado uma obra exemplar de técnica que serviu de modelo para faróis subsequentes — foi construído em Faros, uma ilha no porto de Alexandria, no Egito, entre os anos de 285 a.C. e 247 a.C. com mais de 107 metros de altura.

A estrutura possuía três porções: uma base quadrada em pedra, uma porção octogonal em seu meio e uma seção cilíndrica no topo. No ápice, um espelho refletia a luz do sol durante o dia. À noite, chamas eram acesas para iluminar os arredores e guiar os navegantes.

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O farol foi danificado por terremotos nos anos 965, 1303 e 1323. Até 1480, foi completamente destruído. Em 1994, um time de arqueólogos franceses mergulhou na porção leste do porto e encontrou restos do farol no fundo do mar.

Em 2016, o Ministério das Antiguidades do Egito anunciou planos de transformar as ruínas submersas de Alexandria (inclusive o farol) em um museu subaquático, mas até o momento ele não saiu do papel. No lugar da antiga maravilha resiste hoje um forte, Qaitbay, construído algumas das rochas encontradas do farol.

6. Templo de Ártemis em Éfeso

Maquete do que teria sido o Templo de Ártemis vista no Miniatürk Park, em Istambul, na Turquia
Maquete do que teria sido o Templo de Ártemis vista no Miniatürk Park, em Istambul, na Turquia Imagem: Zee Prime/Creative Commons

O templo dedicado à deusa grega da caça possuiu diversas versões dado a destruições e reconstruções, a mais famosa delas completada em 550 a.C. em Éfeso, hoje Sulçuk, na Turquia. Ela teria 115 metros de comprimento, 55 metros de largura e 127 colunas jônicas, além de esculturas finas e pinturas em sua decoração. O engenheiro Filão de Bizâncio, ao se deparar com a obra, teria dito:

"Já vi os muros e os Jardins Suspensos da antiga Babilônia, a estátua de Zeus em Olímpia, o Colosso de Rodes, o grande trabalho nas altas Pirâmides e a tumba de Mausolo. Mas quando eu vi o templo de Éfeso se erguendo em direção às nuvens, todas essas outras maravilhas ficaram às sombras."

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Em 356 a.C., o templo foi destruído por Heróstrato, que buscando fama incendiou a "casa de Ártemis". Como punição, os efésios o condenaram à morte e proibiram que seu nome fosse repetido, mas ele acabou sendo conhecido por ter sido registrado por historiadores.

As ruínas do templo, contudo, persistem no sítio arqueológico da antiga cidade, que é Patrimônio da Humanidade, como se vê abaixo:

O que restou do Templo de Ártemis em Éfeso, na Turquia, em foto de 2017
O que restou do Templo de Ártemis em Éfeso, na Turquia, em foto de 2017 Imagem: FDV/Creative Commons

7. Colosso de Rodes

Colosso de Rodes imaginado em gravura de Sidney Barclay, de 1880
Colosso de Rodes imaginado em gravura de Sidney Barclay, de 1880 Imagem: Domínio Público

Turistas que visitavam Rodes, uma ilha do Mar Egeu, na Antiguidade eram recebidos pela enorme estátua do deus-sol, Hélio, erguida entre 292 a.C. e 280 a.C. pelo escultor Carés de Lindos, segundo estudos do arqueólogo britânico Reynold Higgins.

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Com 33 metros de altura, ela era o símbolo da vitória contra a invasão do exército de Demétrio 1º da Macedônia em 304 a.C. — uma espécie de Estátua da Liberdade da época.

Sua supremacia como maior escultura do mundo do seu tempo durou pouco: apenas 56 anos, já que um terremoto a destruiu em 224 a.C. partindo o deus Hélio na altura dos joelhos e desmoronando-o sobre a ilha.

As ruínas, contudo, se tornaram uma popular atração nos 800 anos subsequentes. Desde 2008, uma série de propostas já surgiram para construir um novo Colosso em Rodes, mas elas nunca saíram do papel.

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