Obra rápida, zero barulho e economia: casal faz casa de isopor e viraliza

Deise Linhares e Vinícius Marafigo, de Canoas (RS), estão construindo uma casa na praia do Rosa, em Imbituba, uma das mais turísticas de Santa Catarina. O que eles não imaginavam é que viralizariam no Instagram por mostrarem, em vídeos, sua experiência de construção com o material escolhido como base do imóvel.

Pesquisamos várias opções diferentes, como bloco estrutural, madeira e até tijolo de plástico. Mas assim que vimos o isopor (ou EPS, poliestireno expandido) foi quase instantâneo. Deise Linhares

Nesse sistema, as paredes de isopor, com malhas de aço dos dois lados, são revestidas com concreto e reboco. Como estão fixadas umas nas outras e no alicerce da construção, formam um sistema único, substituindo blocos, tijolos e estruturas auxiliares, como vigas e colunas, deixando a casa mais firme e durável.

O isopor é indicado para a execução de edificações de até quatro pavimentos, mas na casa da Praia do Rosa se limitou à laje do primeiro e segundo pisos.

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Imagem: Arquivo pessoal

Como faz casa, sendo tão leve?

O isopor, poucos sabem, mas é uma marca, da empresa alemã Knauf. Ele surgiu no pós-guerra e desde então vem sendo utilizado e aprimorado para diversos fins. É um material produzido à base de petróleo, portanto um plástico, e pode ser trabalhado em diferentes densidades, conferindo alta resistência e durabilidade. Logo, não serve somente para maquete de escola ou embalagem de comida.

[O isopor] permite diferentes aplicações, em todas as etapas da construção civil, desde infraestrutura até acabamento. A sua aplicação pode ser encontrada em paredes, forros, lajes, telhas e até no assentamento de solo para a construção de edifícios, pontes, rodovias e viadutos. Ângelo Giuliangeli, engenheiro civil da Knauf

É importante ressaltar ainda que, embora o isopor tenha como base o plástico, contém apenas 2% desse material, enquanto 98% da fórmula é composta por ar. Essa alta proporção de ar é o que confere ao isopor sua característica de leveza e flexibilidade. "Pode ser moldado em qualquer formato e depois simplesmente fresado, serrado ou cortado no tamanho adequado", complementa Giuliangeli.

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Imagem: Arquivo pessoal

É resistente à natureza e aos vizinhos, mas pode ficar quente

Segundo a arquiteta Juliana Jagelski, o isopor pode ser considerado impermeável, pois absorve em 12 meses 1% em seu peso de água, prevenindo infiltrações e fissuras. "Pelo fato de as peças serem revestidas, a umidade do mar não causa nenhum prejuízo, a não ser em eventual falha. O material resiste bem a ventos, trepidações, enxurradas, incêndios e até tiros, na maioria das vezes", informa.

"Era a melhor opção pelo custo-benefício, velocidade da obra e principalmente resistência", diz Deise, emendando sobre a eficiência térmica e acústica do isopor.

Se faz frio lá fora, dentro fica mais quente e até o barulho da vizinhança é abafado. "Não temos necessidade de ar-condicionado, então economizamos com energia e quando fechamos a casa, o isopor reduz muito o som lá de fora, de festas da vizinhança, permitindo que tenhamos uma noite de sono tranquila", diz Deise.

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Imagem: Arquivo pessoal
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Entretanto, a arquiteta Cristiane Schiavoni faz uma ressalva sobre o conforto térmico: "Se o interior da casa estiver muito quente, esse calor não vai sair, pois o isopor isola literalmente. Por isso, é preciso pensar no projeto como um todo para garantir que a construção seja mantida fresca, não depende unicamente de um material. Mas, sim, o isopor pode impedir que o calor de fora acabe entrando", diz.

Econômico e acelerador de obras

Quanto às etapas de estrutura, supraestrutura e infraestrutura, com o uso de isopor, costumam ser quatro vezes mais rápidas que na alvenaria convencional, informa o arquiteto Bruno Moraes, da BMA Studio. "O isopor, por ser modular, economiza tempo no canteiro de obra e na concretagem, que é feita de uma única vez", acrescenta.

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Imagem: Arquivo pessoal

"No nosso caso, a construção foi executada em 90 dias", explica Deise. Segundo ela, os custos da casa ficaram bem abaixo do que se ela tivesse sido erguida com alvenaria convencional. "Mas depende da região, do clima, do projeto, pelo método com isopor não ser muito conhecido pelos construtores brasileiros", diz.

Por ser um material durável e que gera quase nenhum resíduo, o isopor contribui para a redução do impacto ambiental. "Com ele, pode-se diminuir o uso de madeira em mais 90%, aço em mais 60%, energia para construção mais 50%.", explica a arquiteta Juliana Jagelski.

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Entretanto, o tempo de decomposição do isopor é considerado indeterminado. Quando descartado incorretamente no meio ambiente, o plástico do isopor tende a se quebrar, originando microplásticos que podem absorver compostos químicos tóxicos. Mas, pelo menos, o material é 100% reciclável. Ainda assim, é crucial adotar práticas responsáveis de descarte e reaproveitamento para minimizar seu impacto.

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