Viajante, cuidado: ONU aponta estes países como os mais perigosos do mundo
Da Jamaica às Bahamas, alguns dos principais paraísos turísticos do mundo enfrentam uma realidade violenta. É o que demonstrou o recente relatório "Estudo Global de Homicídios", com dados coletados pelo Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes durante o ano de 2023 a respeito de mortes violentas e intencionais em 164 países de todo o globo em 2022.
A segurança durante os passeios é uma das principais preocupações de viajantes antes de fazer as malas. Portanto, é preciso se informar a respeito da situação e de cuidados antes de planejar as férias — até mesmo dentro do próprio país. Segundo o relatório, quem busca um destino mais tranquilo não erra ao optar pelo Vaticano: o menor país do mundo registra zero homicídios ao ano desde 2015.
Como não dá para visitá-lo sem passar pela Itália, a boa notícia é que o país também tem índices baixos de mortes violentas para um país europeu: foram 322 homicídios em 2022, o equivalente a 0,55 morte a cada 100 mil habitantes. Comparativamente, a França registrou 1,14 a cada 100 mil em 2021, seu dado recente, com um total de 734 assassinatos. Já a média mundial é de 5,8 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes.
A situação no Brasil e na América Latina
O Brasil, por exemplo, registrou uma taxa de 21,26 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes (ou um total de 45.562 casos) em 2021, último ano com dados reportados a ONU. Os números não são muito melhores do que os do último colocado deste top 10, o Equador com 26,99 homicídios a cada 100 mil habitantes durante o ano de 2022.
A boa notícia é que, mesmo assim, o país tem se tornado menos letal: em 2017, houve 63.788 casos, o equivalente a 30,59 assassinatos a cada 100 mil residentes. Segundo o relatório, a redução tem a ver com o cenário do crime organizado no Brasil: áreas dominadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo teriam registrado menos crimes violentos nos últimos anos.
O crime organizado, aliás, é um dos principais responsáveis pelos altos índices de homicídios intencionais em toda a América Latina e Caribe, que possuem nove representantes entre os 10 países mais violentos do mundo. Relacionados à atividade destas organizações estão outras causas como uso indiscriminado e porte ilegal de armas, tráfico de drogas, formação de milícias e grupo paramilitares, além de perseguição a jornalistas.
É importante notar ainda que a ONU avaliou como boa ou justa a qualidade dos dados obtidos em toda a América do Norte, Central e do Sul, assim como na Europa. Registros poucos confiáveis ou até não informados foram verificados em algumas nações na África, Ásia e Oceania. Confira a lista destes destinos que sofrem com a violência:
1º: Jamaica
A Jamaica encabeça a lista dos países mais perigosos do mundo com uma taxa de 53,34 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes registrada em 2022, ano em que houve 1.508 assassinatos computados no país. O número é quase dez vezes superior à média mundial — e a tendência é de crescimento desde 2020, quando a taxa era de 47,26 homicídios a cada 100 mil residentes (ou 1.333 assassinatos).
2º: São Vicente e Granadinas
O paradisíaco arquipélago de São Vicente e Granadinas, que figurou durante anos nos tabloides graças às festas da princesa Margaret (irmã da rainha Elizabeth 2ª) em sua propriedade na Ilha Mustique, atingiu uma taxa de 40,41 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes em 2022, em um total de 42 assassinatos no ano. O salto foi grande nos últimos anos: em 2019, este número era de 19 ocorrências, o que representava 18,11 homicídios intencionais a cada 100 mil.
3º: Trinidad e Tobago
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Quero receberO Caribe completa o top 3 com Trinidad e Tobago, arquipélago vizinho à Venezuela que registrou uma taxa de 39,52 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes em 2022, isto é, 605 assassinatos durante o ano. O salto foi grande em relação a 2021, quando o país apresentou um índice de 29,36 mortes intencionais ou 448 homicídios.
As mortes estariam ligadas, segundo o levantamento da ONU, à grande circulação ilícita de armas de fogo — obtidas por motivos variados como proteção pessoal, pressão social, atividade criminal e questões financeiras.
4º: Santa Lúcia
A ilha de Santa Lúcia alcançou em 2022 uma taxa de 36,70 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes — um total de 66 casos — o que representou uma ligeira queda em relação a 2021, quando houve 70 assassinatos (uma taxa de 38,96 mortes a cada 100 mil). Apesar disso, o quadro é drasticamente diferente de menos de uma década atrás: em 2015, o país registrou 28 homicídios intencionais (15,94 a cada 100 mil habitantes).
5º: Honduras
Honduras, na América Central, alcançou uma taxa de 35,09 mortes intencionais a cada 100 mil habitantes durante o ano de 2022 com 3.661 casos registrados. Os números são significativamente (e progressivamente menores) que na última década: em 2015, este índice era de 55,39 homicídios a cada 100 mil, com 5.148 óbitos do tipo.
Segundo o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes, a redução desta violência em Honduras é resultado de agressivas intervenções de autoridades contra gangues.
6º: África do Sul
Já a África do Sul, um dos dois únicos países de fora da região da América Central e Caribe, ficou em sexto ao registrar 33,96 homicídios a cada 100 mil habitantes — um total de 19.972 casos — em 2020, último ano em que as taxas foram calculadas e reportadas pelas Nações Unidas.
No entanto, números preliminares apontados pelo relatório "Estudo Global de Homicídios 2023" indicam que fatores como o desemprego gerado pela pandemia aumentaram a violência no país consideravelmente: entre 2020 e 2021, houve cerca de 5 mil homicídios intencionais a mais na África do Sul, totalizando quase 25 mil assassinatos. Em 2022, a curva cresceu mais 8%, chegando a um aumento total de 28% em relação aos índices pré-pandêmicos.
Portanto, a experiência de visitar a África do Sul em 2024 requer mais cuidado do que há cinco anos.
7º: Bahamas
Outro caribenho na lista: a sétima posição é das Bahamas, que computou 128 mortes intencionais em 2022, uma taxa de assassinatos de 31,22 a cada 100 mil habitantes. Os índices representam um retorno à realidade de 2017, quando o país somou 122 homicídios (30,57 a cada 100 mil). Atividades de gangues estão relacionadas aos crimes na região.
Entre 2018 e 2020, os números haviam sofrido uma queda substancial que atingiu seu ápice no primeiro ano de pandemia, quando houve 73 homicídios (17,96 a cada 100 mil). Não é claro se houve subnotificação naquele período ou apenas uma diminuição das ocorrências devido ao isolamento social.
8º: São Cristóvão e Neves
O menor país de todo o Ocidente, o arquipélago de São Cristóvão e Neves teve o oitavo maior índice de homicídios intencionais do mundo — 29,41 mortes a cada 100 mil habitantes — com 14 mortes durante 2021, último ano reportado pelas Nações Unidas. Mesmo assim, houve uma enorme queda de violência na última década. Em 2016, a taxa era 62,78 assassinatos a cada 100 mil, com 30 óbitos violentos relatados.
9º: Belize
Belize é o último país da América Central no top 10, com 27,88 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes, um total de 113 casos em 2022. Em relação a 2021, houve uma ligeira queda na violência, quando a taxa atingiu 31,25 assassinatos a cada 100 mil residentes. Desde 2015, contudo, o único ano em que o índice registrado esteve inferior a 30 mortes/100 mil foi em 2020, durante o isolamento da pandemia, o que pode sinalizar que a queda recente seja mais significativa — resta aguardar os dados de 2023 e 2024 para observar a tendência.
De acordo com o relatório, a violência no país está ligada ao porte ilegal de armas, especialmente devido à atividade criminosa. A queda teria sido resultado de políticas de combate às atividades de gangues na região.
10º: Equador
O último representante da lista é da América do Sul: o Equador registrou os números mais altos do nosso continente com 26,99 homicídios intencionais a cada 100 mil habitantes durante o ano de 2022, em que houve 4.859 assassinatos. A escalada de violência no nosso vizinho é significativa — em 2017, a taxa era de 5,81 homicídios a cada 100 mil habitantes, um total de 970 casos.
De acordo com o relatório, o agravamento da situação se deu pelo aumento da atividade do crime organizado ligada à produção de cocaína. A competição entre gangues rivais de traficantes levou a um crescimento de 407% no número de mortes nos últimos seis anos de dados coletados.
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