Você sabe o que quer dizer 'grand cru' e 'premier cru' na Borgonha?
De Nossa, em São Paulo
24/05/2024 04h00
"Grand cru" e "premier cru" são temas com potencial para fazer dispararem alarmes do enochatismo. Mas, na prática, eles ajudam a saber que vinho se está tomando (e, às vezes, por que se está pagando tão caro).
No quadro "Momento Nerd" do programa "Vamos de Vinho" desta semana, o jornalista e nerd assumido Rodrigo Barradas explica o que isso quer dizer na região francesa de Borgonha.
No episódio desta semana, ele e Vinícius Mesquita falam sobre a pinot noir, que é a principal uva tinta da região.
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Esses termos têm a ver com a classificação dos vinhos, que, na Borgonha, se baseia nos vinhedos ("crus"). Na real, é bem simples. A ideia é que, quanto mais específico e renomado for o local de onde saíram as uvas que fizeram o vinho que está na garrafa, mais alto ele está na escala de qualidade. Existem regras específicas de produção para cada nível, mas a essência da classificação está na localização dos vinhedos.
O nível mais básico é o regional. No mais usual, as uvas podem sair de qualquer lugar da Borgonha e serem ou não misturadas. Nesse caso, o rótulo do vinho vai dizer "Bourgogne". Existem variações, como o Bourgogne Passetougrain (que normalmente tem mais gamay que pinot), ou os sub-regionais, que ainda abrangem áreas grandes, mas um pouco mais específicas, como "Bourgogne Hautes-Côtes de Nuits".
Um pouco acima, vem os vinhos de vilarejos específicos, que podem ter uvas de quaisquer vinhedos dessa cidadezinha. Gevrey-Chambertin, por exemplo (é o que vai vir escrito no rótulo). Aqui, é possível adicionar algum indicador de que o vinho veio de um vinhedo específico (mas não classificado), como Gevrey-Chambertin Clos Tamisot (Clos Tamisot é um pequeno vinhedo cercado na vila de Gevrey-Chambertin).
Depois, começam os vinhedos específicos, considerados muito bons. São os "premiers crus". No rótulo, normalmente vai vir o nome do vilarejo, o nome do vinhedo e a indicação de que ele é um premier cru. Para ficarmos na mesma cidadezinha: Gevrey-Chambertin 1er Cru Les Combottes é um exemplo. A pegadinha: um vinho que mistura uvas de mais de um vinhedo premier cru pode dizer apenas "Gevrey-Chambertin Premier Cru".
No topo da pirâmide estão os grand crus, vinhedos considerados excepcionais. Nesse caso, o normal é omitir o nome da cidade no rótulo. Por exemplo, Chambertin Grand Cru (curiosidade: Chambertin, como é o vinhedo mais famoso de Gevrey, acabou tendo o nome incorporado ao do vilarejo).
Um pinot noir sem destruir a conta bancária?
A pinot noir é uma uva muito admirada por enófilos. Seus vinhos costumam ser sutis e complexos e são cultuados em todo o mundo. O diabo é que o lugar onde a variedade brilha intensamente é a Borgonha, cujos rótulos variam entre "caros" e "impraticáveis".
No programa da semana, a dupla de apresentadores também dá uma dica de pinots que não quebram a banca: os chilenos.
Há pouco mais de 20 anos, o Chile começou a entender melhor as características dessa variedade. Aos poucos, os pinots excessivamente concentrados e quase doces foram dando lugar a outros, mais focados na elegância.
Vamos de Vinho:
Apresentado pelos jornalistas Vinícius Mesquita e Rodrigo Barradas, o videocast combina conhecimento especializado e uma abordagem descontraída sobre o vinho. Os episódios são disponibilizados toda quinta, a partir das 19h, no Canal UOL e no Youtube de Nossa. Assista ao episódio na íntegra: