Quer comer num estrelado Michelin e pagar 'pouco'? Vá para São Paulo

Se para um chef ganhar (ou perder) uma estrela no Guia Michelin pode significar um terremoto na cozinha, para o turista, seja ele gourmet, gourmand ou apenas alguém que gosta de preencher listas quando viaja, visitar um restaurante estrelado é parte importante de qualquer roteiro de férias.

O problema é que não é algo barato. Mas a expansão do guia - que nasceu na França, começou a avaliar restaurantes nos anos 1920 e por muitas décadas se restringiu à Europa Ocidental - ampliou também a oferta de culinárias diferentes em países mais diversos. Isso acaba aumentando, também, a diferença de preços.

A revista especializada "Chef's Pencil" decidiu mapear isso. Ao longo de três anos, analisou os cardápios de 3.517 restaurantes em 39 países que receberam uma, duas ou três estrelas do guia.

"Infelizmente para nós, não pudemos visitar cada restaurante. Por isso, tivemos que confiar nos preços exibidos nos sites e aplicativos de reservas dos restaurantes", explicou a publicação em sua metodologia. "Quando indisponíveis, vasculhamos vários meios de comunicação, blogs, relatórios publicados no Google Maps e outros sites de avaliações de restaurantes."

Segundo o levantamento, o preço médio do menu-degustação em um restaurante estrelado é US$ 179 por pessoa (cerca de R$ 932). Isso não inclui bebidas, taxas nem gorjetas, então o preço final fica perto dos US$ 200 (cerca de R$ 1042).

Quanto mais estrelas, mais caro. Isso não surpreende, mas é curioso notar que o aumento do preço médio segue um padrão. Grosso modo, é assim: ganhou uma estrela, fica US$ 100 (cerca de R$ 521) mais caro. Perdeu, US$ 100 mais barato.

A média dos restaurantes com uma estrela ("cozinha de alta qualidade", segundo o Michelin) é de US$ 165 (cerca de R$ 859). Entre as casas com duas estrelas ("cozinha excelente"), o preço médio é de US$ 256 (cerca de R$ 1334). Por fim, entre os locais três estrelas ("cozinha excepcional"), o valor sobe para US$ 356 (cerca de R$ 1855).

Em que cidades comer em um restaurante estrelado é mais caro?

Noma, em Copenhagen
Noma, em Copenhagen Imagem: Reprodução
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Mesmo entre restaurantes agraciados com a mesma quantidade de estrelas, os preços variam um bocado. É um reflexo de realidades geográficas bem distintas, em cidades com custos de vida, taxas de inflação e situação econômica diferentes.

A Dinamarca, lar do badaladíssimo Noma e de outros restaurantes listados entre os melhores do mundo, é também, sabidamente, um país caro para caramba. Logo, dá para saber de antemão que se aventurar em uma casa estrelada por lá é uma brincadeira para bolsos fartos e fundos.

Copenhague, a meca escandinava dos "foodies", tem 16 restaurantes estrelados, sendo sete com duas ou três estrelas. O preço médio do menu-degustação mais caro é US$ 443 (cerca de R$ 2308) por pessoa, drinques não incluídos.

A capital dinamarquesa continua no topo das cidades mais caras do Michelin, mesmo com a chegada do guia a outros destinos moedores de cartões de crédito como Hong Kong, Dubai e Singapura. Macau, com 16 casas estreladas, é a segunda na lista, mas bem atrás de Copenhague: US$ 283 (cerca de R$ 1474) o preço médio do menu-degustação mais caro.

Hong Kong tem 79 restaurantes laureados. Somente Tóquio (181), Paris (132), Quioto (100), Osaka (85) e Londres (80) têm mais. Se considerarmos apenas os três estrelas, a cidade só perde para Tóquio (13) e empata com Paris (10). Mas comer em um desses restaurantes é mais caro em Hong Kong (US$ 266 - R$ 1386) do que em Paris (US$ 224 - R$ 1167) e em Tóquio (US$ 209 - R$ 1089).

Veja a lista das cidades onde restaurantes com uma, duas ou três estrelas Michelin são mais caros (valor médio do menu-degustação mais caro, em dólares, por pessoa):

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  • Copenhague (Dinamarca) - 443
  • Macau (China) - 283
  • Hong Kong (China) - 266
  • San Francisco (EUA) - 263
  • Dubai (EAU) - 259
  • Nova York (EUA) - 258
  • Miami (EUA) - 257
  • Mônaco - 256
  • Veneza (Itália) - 256
  • Munique (Alemanha) 248

Em que cidades comer em um restaurante estrelado é mais barato?

Prato de restaurante estrelado Michelin em Chengdu
Prato de restaurante estrelado Michelin em Chengdu Imagem: Getty Images

A China tem as caríssimas Hong Kong e Macau, mas tem também dois dos destinos mais baratos (ou menos caros) para conhecer um restaurante estrelado. Chengdu, berço da culinária de Sichuan, uma das mais tradicionais da China, e Hangzhou, outra capital gastronômica do país, oferecem barganhas, se comparadas com as cidades mais caras.

Com um menu-degustação em Copenhague, você come cinco em Chengdu, que tem 13 restaurantes estrelados pelo Michelin. Em Hangzhou, onde há oito estrelados, o preço médio é 2,5 vezes mais em conta do que em Macau.

O segundo lugar da lista é uma surpresa: Vancouver. A cidade do Canadá, tida, segundo a "Chef's Pencil", como um dos melhores lugares do mundo para comer, é quase duas vezes mais barata do que a outra referência canadense no assunto, Toronto.

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Outras cidades destacadas pela publicação são brasileiras. São Paulo e Rio de Janeiro figuram em 4º e 8º lugares, respectivamente.

Ambiente do Kuro, uma estrela Michelin em São Paulo
Ambiente do Kuro, uma estrela Michelin em São Paulo Imagem: Reprodução/Instagram

A desvalorização do real colocou nossas duas maiores metrópoles lá em cima. O Rio tem seis casas destacadas pelo Michelin e São Paulo, 15, sendo sete deles japoneses. A "Chef's Pencil" destacou a forte influência da comunidade nipônica na capital paulista.

Se você está procurando um sushi ou sashimi que valem um Michelin por preços mais em conta, esse é o lugar.

O preço médio do menu-degustação nesses restaurantes sai por US$ 115 (cerca de R$ 599). Pagar quase R$ 600 por uma refeição é uma exorbitância irreal para a imensa maioria da população, mas para quem viaja o mundo à procura de um prato, o Brasil acaba sendo um destino em conta. Para comer em um estrelado em São Paulo, o cliente paga menos da metade do que pagaria em Nova York, Miami, Dubai ou Veneza.

Ambiente do D.O.M, duas estrelas Michelin em São Paulo
Ambiente do D.O.M, duas estrelas Michelin em São Paulo Imagem: Divulgação
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Veja a lista das cidades onde restaurantes com uma, duas ou três estrelas Michelin são mais baratos (valor médio do menu-degustação mais caro, em dólares, por pessoa):

  • Chengdu (China) - 88
  • Vancouver (Canadá) - 113
  • Hangzhou (China) - 114
  • São Paulo (Brasil) - 115
  • Taichung (Taiwan/China) - 116
  • Montpelier (França) - 128
  • Nara (Japão) - 130
  • Rio de Janeiro (Brasil) - 133
  • Dijon (França) - 133
  • Lyon (França) - 139

Como comer mais barato nesses restaurantes?

Dá para conseguir pagar menos, segundo a revista. Ela elenca algumas dicas:

  • Antes de tudo, os valores usados para comparação são os dos menus-degustação mais caros e completos. Muitas vezes, há outros menores, com menos pratos e mais em conta.
  • Não se vive só de menu-degustação nesses lugares. Você pode encontrar algum prato muito mais barato no cardápio (e que agrade muito mais).
  • Os preços listados valem para o jantar. Diversos restaurantes oferecem preços mais baixos no almoço.
  • Dia da semana também conta. Às vezes, o fim de semana é mais caro (e quase sempre mais cheio).
  • Beber drinques fora de casa não é algo barato, e nesses lugares é muito menos. Ficar só na água dá um belo desconto na conta.

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