De basiquinho a ícone amado e odiado: a evolução fashion de Lewis Hamilton
Fernando Barros
Colaboração para Nossa
04/06/2024 04h00
A temporada 2024 da Fórmula 1 segue até o final do ano e a cada GP, além das manobras dos pilotos nas pistas, os looks de Lewis Hamilton são um espetáculo à parte. Sete vezes campeão mundial do esporte, o britânico é também um ícone da moda.
Lewis esbanja charme, tem um senso fashion apurado e não tem medo de ousar em suas produções — muitas delas, aliás, causam verdadeiro alvoroço. Investigamos a seguir a evolução do estilo do atleta, os looks mais polêmicos e sua relação com a moda.
Bem basiquinho
Lewis Hamilton estreou na F1 em 2007 e, enquanto pavimentava o caminho para se tornar um dos maiores pilotos da história do esporte, seu jeito de se vestir era mais básico. Nos primeiros anos da carreira, ele preferia apostar num mood clássico.
Com cabelo raspado, o combo t-shirt, jeans e jaqueta era seu outfit favorito. Calças sociais e camisas de tecido combinados com blazer ou terno completo na vibe engomadinho também marcavam presença nas ocasiões mais formais.
As peças que usava geralmente eram lisas e os tons costumavam ser neutros. Branco, preto, cinza e azul marinho compunham a sua paleta naquela época, bem diferente do Lewis coloridão e estampado que vemos hoje em dia.
A virada
Foi à medida em que conquistava lugar de destaque na F1 que ele começou a se interessar mais fortemente pela moda e experimentar outras possibilidades, como a mudança de visual e a relação com grandes marcas e estilistas do universo fashion.
Vieram os cachos no cabelo, as tranças, as tatuagens, as joias no pescoço, mãos e braços e as roupas que exploram estampas, grafismos, mix de cores, formas inusitadas, transparências e pele à mostra.
O piloto abraçou o streetwear fashionista e já declarou algumas vezes que, além de expressão pessoal, enxerga seus looks como uma forma de abrir a mente dos mais conservadores para a diversidade.
A criatividade para se vestir aflorou seu lado criador. Entre 2018 e 2020, Hamilton firmou parceria com a Tommy Hilfiger e desenvolveu cinco coleções junto com a marca. Da collab, resultaram peças esportivas, utilitárias e também sem gênero.
Provando sua alçada ao posto de ícone, o piloto passou ainda a ser figurinha cativa nos principais eventos de moda, do Met Gala à primeira fileira dos desfiles das grifes. Esse novo rumo, no entanto, assim como nas pistas, não foi traçado sem obstáculos.
Estilo que incomoda
Sua aproximação com a moda e a aposta num estilo mais ousado com o decorrer do tempo passou a ser vista por muitos como uma distração, algo que poderia atrapalhar o desempenho no esporte.
Em 2020, por exemplo, o ex-chefe da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, alfinetou o modo como Hamilton se vestia ao dizer que se já não soubesse que ele era piloto de corrida nunca imaginaria pelas suas roupas.
Ele chegou a comparar o seu estilo ao de outras lendas do esporte, afirmando que bastava olhar para Michael Schumacher e Nelson Piquet para dizer o que faziam. O piloto finlandês Kimi Raikkonen também já ironizou a relação do britânico com a moda.
Mesmo tendo uma legião de fãs e sendo referência fashion para muita gente, Hamilton não conseguiu escapar do hate. Nas redes sociais, a ode às suas roupas divide espaço com críticas e reações negativas.
Os looks polêmicos
Em 2021, sua produção para o Met Gala com tecido branco rendado simulando uma saia junto ao terno causou desde comentários preconceituosos e de indignação, por trazer elementos associados ao feminino, até sátiras que diziam ter arrancado um pedaço de cortina.
As estampas e cores que se tornaram marca registrada da sua chegada ao paddock dos GPs nos últimos anos também não escapam das línguas ferinas. "Ridículo", "vestido de palhaço" e "péssimo estilo" inundam seu perfil no Instagram ao compartilhar os looks.
Ainda mais surpreendentes, arrojadas e provocadoras, suas produções na temporada 2024 são alvo de sarcasmo. O conjunto de silhueta justa e ombros alongados usado em Ímola, por exemplo, foi comparado ao desenho "Dragon Ball Z" e até à Lady Gaga.
Já para o Grand Pix de Mônaco, ao vestir um look de Stella McCartney, repleto de aplicações felpudas que lembram pêlos, Hamilton foi associado ao personagem Chewbacca, da franquia "Star Wars", e ao Sulley, de "Monstros S.A".
O brilho de Hamilton desagrada? A julgar pelos incomodados com sua chegada ao GP de Miami com um conjunto preto do estilista Marc Jacobs bordado com esferas cintilantes, a resposta é sim. As críticas, no entanto, estão longe de ofuscá-lo.
Planos na moda
Hamilton não se intimida e pretende continuar ousando com seu estilo. Mais: o piloto quer ir além de ser um ícone fashion. Em entrevista à revista GQ em abril deste ano, ele afirmou que ampliar sua participação no mundo da moda está entre seus planos futuros.
O britânico estuda maneiras de apoiar etiquetas independentes dentro do mercado e sonha criar sua própria empresa de moda, inspirada no grupo LVMH, conglomerado que abarca algumas das maiores marcas de luxo do mundo como a Louis Vuitton, Givenchy, Dior e Fendi.
Para quem é sinônimo de buzz, transformou seu estilo em 360°, tem uma das maiores fortunas do esporte e vem construindo um legado dentro e além do automobilismo, não é de se esperar que seja uma missão impossível.