Como prato de peixe, camarão e catupiry fez restaurante de Ubatuba bombar
Cintia Oliveira
Colaboração para Nossa
10/06/2024 04h00
Quem rolou o feed das redes sociais nos últimos tempos, deve ter sido impactado com uma porção de vídeos de um certo peixe frito, de crosta dourada e crocante, com recheio farto e cremoso, feito de camarão e catupiry.
Embora tenha uns 30 anos que a receita faz parte do cardápio d'O Rei do Peixe, um clássico restaurante de pescados e de frutos do mar localizado em Ubatuba (SP), no litoral norte paulista, foi somente no final do ano passado que ela ganhou fama nas redes sociais.
E quem abriu caminho para esse fenômeno foi a influenciadora mineira de moda, beleza e lifestyle Livia Koeler (@liviakoeler). Frequentadora assídua do restaurante há muitos anos, em outubro passado ela postou um vídeo no qual falava sobre a receita.
Além de uma descrição de dar água na boca, na gravação Livia mostra o peixe em detalhes, destacando o recheio que esbanja cremosidade.
Bastou isso para que o prato clássico do restaurante, inaugurado há quatro décadas em Ubatuba, se tornasse um sucesso instantâneo.
Ficamos muito surpresos com a repercussão. No final de semana seguinte ao vídeo, tinha fila de espera na porta e chegamos a atender mil pessoas em um único dia. A maioria dos clientes pediram 'o peixe da moça do TikTok', lembra o proprietário do restaurante, Jurandiau Lovizaro, o Jura.
Com o nome de peixe à moda do chefe (R$ 280) no cardápio, a receita elaborada pelo chef da casa, Joel Ferreira Araújo, tem como base um filé de abadejo, que é batido até ficar bem fininho, e, depois, recheado com camarão sete barbas pré-cozido e o queijo cremoso.
Empanado em ovos e farinhas de trigo e de rosca, é frito por imersão e chega à mesa em porção generosa - para quatro pessoas - na companhia de arroz à grega e batatas fritas.
Embora a maior parte dos pescados e frutos do mar utilizados na casa venham do litoral brasileiro, o abadejo é importado de países como Argentina e Nova Zelândia. "No início, nós usávamos a sororoca, da nossa região, mas os filés eram muito finos e macios. O abadejo é mais firme, o que segura melhor o recheio", justifica o proprietário d'O Rei do Peixe.
O segredo está no peixe
Mas a história do restaurante começa muito antes da receita viralizar. Em 1984, Jura inaugurou O Rei do Coco, uma barraca onde vendia pastéis, caldo de cana e - como o próprio nome sugere - água de coco. Enquanto na alta temporada era um sucesso, no resto do ano Jura amargava um período de vacas magras. Foram dois anos nesse sobe e desce, até que, certo dia, o empresário recebeu um conselho que mudou a direção de seu negócio.
"Estava conversando com um garçom que trabalhava na região e ele me sugeriu: 'por que você não monta um restaurante de comida caseira?'", lembra Jura.
À primeira vista, lhe pareceu uma boa ideia. Afinal, a casa atrairia não apenas os turistas da alta temporada como a população local. No entanto, na prática, a empreitada não foi o sucesso que Jura esperava.
Durante seis anos, éramos somente eu, minha esposa e minha sogra para dar conta do restaurante. Era muito trabalho para pouco retorno e estava quase desistindo, lembra ele.
Naquela altura, o local ainda se chamava O Rei do Coco. De um amigo, veio a sugestão de, simplesmente, substituir a palavra coco por peixe.
Em 1992, o restaurante foi rebatizado como O Rei do Peixe e "desde então, esse nome abriu as portas do sucesso", como Jura costuma dizer.
Desde o início, o restaurante sempre fez a linha mais tradicional e mantém até hoje uma clientela cativa, formada por famílias atraídas pelos pratos servidos em porções fartas, e pelo atendimento dos garçons "das antigas" - muitos deles acumulam mais de duas décadas de casa.
Além do peixe à moda do chefe, o vasto cardápio reúne outras sugestões como o peixe à caiçara (a partir de R$ 220), filé grelhado (peixe do dia ou o abadejo) com camarão e alcaparras na manteiga, além da caldeirada completa (R$ 278), elaborada com polvo, lula, mexilhão e peixe do dia, que é servida com pirão feito de farinha de mandioca e o próprio caldo do peixe.
Até hoje, se multiplicam postagens sobre a receita, em que usuários das redes sociais e influenciadores provam (e aprovam!) a receita.
Teve uma cliente que viajou mais de 800 quilômetros só para comer o prato, conta Jura, impressionado pelo alcance das redes sociais.
Porém, mesmo com a chegada de um público mais jovem, Jura garante que vai preservar a identidade clássica do restaurante. "O que tem de bom a gente mantém. Os pratos fazem parte da memória gustativa dos clientes".
Receita do peixe à moda do chef
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 2 porções
Dificuldade: fácil
Ingredientes
- 500 g de filé de abadejo
- 150 g de camarão sete barbas descascado cozido e resfriado
- 150 g de catupiry
- 1/2 colher (chá) de sal
- 1 colher (sopa) de suco de limão
- 2 colheres (chá) de shoyu
- 3 colheres (sopa) de azeite
- 1 colher de chá de alho picado
- 200 g de farinha de trigo
- 2 ovos batidos
- 300 g de farinha de rosca
- Óleo para fritar
Modo de preparo
Abra os filés de abadejo e bata-os com um martelo até que fiquem bem finos. Tempere com azeite, alho, sal, limão e shoyu. Reserve.
À parte, misture o camarão já cozido e resfriado com o catupiry. Coloque a mistura no centro do filé de abadejo batido e dobre-o como se fosse um envelope. Feche as pontas com palitos de dente.
Empane o filé recheado na farinha de trigo, depois nos ovos batidos e, por último, na farinha de rosca.
Depois de empanado, frite em óleo a uma temperatura branda até que fique dourado e bem cozido internamente. Sirva a seguir. Se preferir, com os acompanhamentos do restaurante: arroz à grega e batatas fritas.
Receita do chef Joel Ferreira Araújo, do restaurante O Rei do Peixe.
Serviço
Rua Guarani, 480, Itaguá, Ubatuba (SP)
(12) 3832-5101
oreidopeixe.com.br