Portão do Inferno e Caverna da Morte: as atrações mais perigosas do mundo
Há paisagens naturais que impressionam não só por sua beleza, mas também por sua singularidade: dificilmente você vai encontrar a oportunidade de visitar um local semelhante no mundo. No entanto, nem todos os passeios são inofensivos.
O jornal britânico Daily Mail elegeu nove atrações — de crateras de vulcões a cavernas, passando por cachoeiras e desertos — entre as mais perigosas para turistas em todo o globo. Conheça a lista:
"Porta do Inferno", no Turcomenistão
A cratera Darvaza, que vive pegando fogo há 50 anos graças aos gases liberados de seu interior, no Turcomenistão, tem um apelido para lá de apropriado para esta lista: "Porta do Inferno". Com cerca de 30,5 metros de profundidade e quase 40 metros de largura, a cavidade se formou durante a Guerra Fria, quando os soviéticos perfuravam o solo em busca de gás natural.
Com o colapso das camadas superiores de terra para as profundezas da caverna e o vazamento descontrolado das substâncias que os perfuradores procuravam, geólogos do Turcomenistão decidiram incendiá-la nos anos 70 — e desde então ela queima, como forma de prevenir que a população e os animais da região fossem envenenados pelo excesso do gás.
Em 2013, o canadense George Kourounis liderou uma expedição para a revista National Geographic ao interior da Porta do Inferno e coletou amostras de DNA e solo que revelaram que bactérias sobrevivem no fundo da cratera em chamas. Toda a operação durou apenas 17 minutos, graças às altíssimas temperaturas, aos riscos de deslizamentos e à capacidade de resistência dos materiais de proteção utilizados — mas a preparação levou um ano e meio de treinamento e burocracia junto ao governo, que estuda há alguns anos fechar o local.
Mesmo assim, turistas insistem em visitar seus entornos e fazer fotos em um dos pontos mais perigosos do globo.
Caverna de Cristais de Naica, no México
Descoberta em 2000 por dois mineiros que procuravam por chumbo, a Caverna dos Cristais é conectada à mina de Naica pelo subterrâneo e impressiona não só pelas suas dimensões (são cerca de 109 metros de comprimento a cerca de 300 metros de profundidade), mas pela paisagem repleta de pilares de selenita — uma forma cristalizada de gipsita — com feixes que podem atingir quase 10 metros.
Os cristais teriam começado a se formar há centenas de milhares de anos quando água saturada com gipsita a altas temperaturas começou a se resfriar no seu interior. E é justamente este calor que pode atingir 58ºC de acordo com a National Geographic, resultado da proximidade do local com uma câmara de magma, que torna a exploração da caverna tão desafiadora — é impossível para humanos passar mais do que 10 minutos lá.
O canadense Kourounis, o mesmo que visitou a Porta do Inferno, foi um dos poucos a ousar entrar na caverna e relatou ao jornal britânico Daily Mail que esta foi uma das experiências "mais loucas" de sua vida.
A temperatura interna do ar atinge 50ºC com uma umidade relativa que se aproxima de 100% tornando a sensação térmica cerca de 105ºC. Tivemos que usar trajes especiais cheios de gelo para entrar na caverna para explorações breves.
Vulcão Kawah Ijen e sua mina de enxofre, na Indonésia
Newsletter
BARES E RESTAURANTES
Toda quinta, receba sugestões de lugares para comer e beber bem em São Paulo e dicas das melhores comidinhas, de cafés a padarias.
Quero receberO vulcão Kawah Ijen, em Java Oriental, possui o maior lago acídico (seu interior não é "água", mas ácido sulfúrico, com pH de 0,5 nas bordas e 0,13 no centro, segundo Kourounis) em uma cratera vulcânica do mundo. Ele é famoso por sua impressionante cor turquesa que lhe garantiu o status de geoparque reconhecido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), mas é letal para quem cair ali dentro.
O Kawah é um dos diversos estratovulcões — composto por muitas camadas de lava e cinzas solidificadas — ativos na caldeira de Ijen, a maior de Java com cerca de 20 km de largura. Erupções no local são muito perigosas por causa dos riscos de o lago ser drenado e se formarem deslizamentos da estrutura do vulcão. Plantações de café ficam ao redor da base do Kawah Ijen e turistas frequentemente visitam as cachoeiras, águas termais e demais paisagens, tornando-os vítimas fáceis no caso de desastre natural.
Quem trabalha na região geralmente tem expectativa de vida reduzida graças às condições no local: a maioria dos trabalhadores usa apenas calças e camisetas para coletar material, apesar das fumaças de enxofre constantemente expelidas a cerca de 115ºC, segundo o Daily Mail. O enxofre é utilizado por refinarias de óleos na produção de detergentes, fósforos e fertilizantes.
Passagem Estreita, Parque Nacional de Zion, nos EUA
Apesar de as fatalidades não serem comuns, as fendas mínimas entre os cânions do Parque Nacional de Zion, no estado americano de Utah, apresentam um risco permanente de enchente instantânea. Em 2015, sete visitantes morreram levados pelas águas do local de imensa beleza natural.
Os corpos levaram três dias para serem encontrados por mais de 60 guardas florestais, policiais e profissionais de emergência de diversas áreas que participaram das buscas. Segundo as autoridades locais, os viajantes estavam fazendo uma trilha pelo Keyhole Canyon, uma rota desafiadora no lado leste do parque que exige a prática de rapel por alguns trechos e nado por outros, de acordo com o jornal Tampa Bay Times.
Apesar de o grupo ser experiente em trilhas e ter obtido autorização do parque para a viagem, o Serviço Nacional Meteorológico já havia emitido alertas na ocasião de 40% de chance de chuvas e probabilidade de enchentes. Um caso semelhante já havia acontecido em 1963, com cinco mortos e, o mais recente, em 2022, quando uma mulher do Arizona foi levada pelas águas da Passagem Estreita.
Viajar pelos estreitos do Virgin River, mesmo para viagens curtas, pode ser desafiador e arriscado, exige planejamento cuidadoso antes de começar. Sua segurança depende da sua capacidade de julgamento, de preparação adequada e observação constante. Enchentes frequentemente causadas por tempestades a milhas de distância são um risco bastante real e podem ameaçar a vida. Durante uma enchente, o nível da água sobe rapidamente, em minutos ou até segundos. Uma enchente instantânea pode criar uma correnteza com paredão de água de mais de 3,6 metros. Informe-se sobre as condições do tempo e o potencial de enchentes antes de começar sua viagem. Se o tempo ameaçar ficar ruim, não entre em um cânion estreito, alerta o Serviço Nacional de Parques dos EUA.
Kaaterskill Falls, nos EUA
As Kaaterskill Falls, no estado americano de Nova York, atraem turistas por sua beleza única e muita gente quer tentar fazer uma selfie ali. Ela ganhou o status de uma das mais perigosas atrações naturais do mundo justamente porque diversas pessoas morrem todos os anos tentando alcançar o feito.
O site de aluguéis para temporada Holidu alerta:
Entre as cataratas, não é as maiores cataratas ou das maiores quedas do mundo que são as mais perigosas. Em vez disso, é uma pitoresca cachoeira de dois andares nas montanhas Catskill. Sua beleza é o que a torna tão arriscada, com relatos de que as últimas quatro pessoas que morreram por lá estavam posando para uma foto ou tirando.
Nos últimos anos, o Departamento de Conservação Ambiental do Estado de Nova York lançou estratégias para diminuir as fatalidades, como a instalação de uma plataforma de observação, barras de apoio, placas de alerta, criação de uma ponte e ampliação de dois estacionamentos para evitar que turistas estacionem em locais proibidos. Mesmo assim, autoridades temem que as Kaaterskill continuem sendo perigosas demais para visitantes.
Deserto de Danakil, na Etiópia
Outra área de vulcões violentos, altas temperaturas do ar, emissões de gases tóxicos e desabamentos, o Deserto de Danakil se tornou uma atração improvável na Etiópia. Apelidado de "lugar mais cruel da Terra", ele é um destino popular entre diversas empresas de tours que levam turistas corajosos para explorar a área sob risco de erupção constante.
Em vez de palmeiras, espreguiçadeiras e acomodações cinco estrelas, visitantes encontram um enorme lago de enxofre, como na Indonésia, apelidado de "Lago Amarelo" pelos locais. Outro ponto de interesse, segundo o jornal britânico, é Erta Ale, um vulcão com um lago de lava basáltica ativa que possui um fosso apelidado de "estrada para o inferno", tamanha a destruição. Seus entornos ainda possuem salares impressionantes e, porque o sal mata a vegetação, a paisagem parece extraterrestre.
Khumbu Icefall, no Nepal
A face nepalesa da escalada ao pico do Everest guarda alguns desafios aos montanhistas, entre eles, a Khumbu Icefall — uma "abertura natural glaciar", isto é, uma fenda que surge naturalmente no meio da geleira e exige dos escaladores escadas, cordas e outros artifícios para superar o obstáculo.
Diversas manchetes de acidentes na região estão relacionadas à ela, porque o tamanho da fenda (que chega a 10 andares de altura) pode mudar com deslizamentos do gelo. A base de dados do Himalaia ainda destaca que um colapso em 1970, além de outros acidentes entre 1960 e 1980, "deram a Khumbu a reputação de ser a parte mais perigosa do Everest".
Três sherpas morreram em 2006 devido ao colapso de um bloco de gelo no local. Mais um morreria em 2009. Em 2014, uma imensa avalanche matou 16 guias nepalenses na fenda — em um dos acidentes mais letais de toda a cordilheira que acabou com a temporada de escalada no Everest.
Trolltunga, na Noruega
Trolltunga — cuja tradução é "língua do troll" — é uma das atrações mais populares da Noruega. A formação rochosa a quase 700 metros de altura acima de um lago azul, que realmente lembra uma língua, se tornou um dos locais favoritos para turistas tirarem aquela foto perfeita. No entanto, frequentemente o serviço de resgate norueguês é chamado porque os visitantes tentam escalar a paisagem sem o preparo adequado, físico ou equipamento.
Segundo o Daily Mail, o campeão de escalada norueguês Magnus Midtbo foi muito criticado por posar para uma imagem em 2016 enquanto estava "pendurado" na ponta de Trolltunga. "Dando às minhas pernas um descanso muito necessário depois de uma trilha longa", ele comentou na ocasião. Apesar da ousadia do clique, ele alertou que estava usando cordas e equipamento de segurança.
Nunca tentem isso sozinhos
A última morte altamente noticiada em Trolltunga aconteceu em 2015, quando a estudante australiana Kristi Kafcaloudis, então com 24 anos, escorregou e caiu do local ao tentar posar para uma foto, segundo a emissora ABC australiana.
Caverna da Morte, na Costa Rica
Conhecida como "Cueva de la Muerte" ou Cova da Morte, esta atração da Costa Rica fica no complexo turístico de Recreo Verde, em Venecia. Apesar dos diversos alertas de "perigo", "não ultrapasse", em placas, sua entrada se assemelha a de qualquer outra caverna inofensiva, na maioria das circunstâncias.
No entanto, a caverna de quase dois metros de profundidade e três metros de comprimento mata, instantaneamente, qualquer criatura que nela entra. Segundo o explorador belga Guy van Rentergem, o motivo para a letalidade seria a alta concentração de gás carbônico dentro da caverna, como já reportou o Daily Mail. Os níveis seriam tão altos que levariam um ser humano à inconsciência quase que instantaneamete e, posteriormente, interromperia a respiração do indivíduo.
@tonygidillini Checking out the Cave of Death at #recreoverde #foryoupage #foryourpage #nature #costarica #vacation #mothernature #zipline #fire #caveofdeath #oxygen #carbonmonoxide #cave #fastantic #wow ? original sound - Casa Fritaliano
Como o local é pequeno e bem sinalizado, os visitantes estão geralmente mais seguros do que em outros locais desta lista, mas eles não deixam de visitar querendo fazer fotos e vídeos para as redes sociais. Cobras, pássaros e roedores, no entanto, costumam morrer ao procurar por comida por lá. Apesar de a origem do gás não ter sido determinada — o belga alega que seria vulcânica, mas não há evidências suficientes —, vídeos de tochas se apagando rapidamente na sua entrada são um dos efeitos que visitantes costumam compartilhar na internet como evidência do CO² presente.
Deixe seu comentário