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Após 'invasão dos EUA', cidade italiana inflaciona casas de 1 para 3 euros

A cidade de Sambuca, na Itália, e uma das localidades a oferecer casas a um euro Imagem: Getty Images

Colaboração para Nossa

24/06/2024 05h00

Antes considerada praticamente um vilarejo fantasma, a charmosa cidadezinha de Sambuca de Sicilia, no sul da Itália, ganhou uma "Little America" com o grande fluxo de migrantes dos EUA que se mudaram para lá desde a primeira rodada de venda de casas por 1 euro (R$ 5,85) em 2019.

A iniciativa, que visava repovoar e restaurar suas construções milenares, foi tão bem sucedida que houve repeteco em 2021. No último mês, a prefeitura abriu a terceira rodada de vendas e decidiu inflacionar o valor da pechincha: 3 euros ou R$ 17,50 por uma residência.

Sambuca di Sicilia, na Itália Imagem: Divulgação/Comune di Sambuca di Sicilia

São 12 os imóveis que fazem parte desta nova rodada de negociações. "Queremos deixar claro que, numerando estes lotes, mais vendas provavelmente acontecerão nos próximos anos", informou o prefeito recém-eleito Giuseppe Cacioppo à CNN americana.

"O timing [do início das novas vendas] é perfeito. Turistas e compradores interessados atualmente estão viajando pela Itália e aqueles que planejam uma viagem para a primavera ou o verão podem vir dar uma olhada", convidou ainda.

Como são as casas de Sambuca?

As residências disponíveis estão no distrito histórico sarraceno, onde os árabes que povoaram a cidade (fundada pelos gregos) viviam durante a Idade Média. De acordo com a reportagem do jornal The New York Post, os imóveis estariam estruturalmente estáveis, mas precisam de reformas para que sejam novamente habitáveis.

Com dois a três dormitórios, as casas variam entre 50 a 80 metros quadrados distribuídos por dois a três andares. Elas foram construídas, a sua maioria, em pedras de um marrom-dourado, algumas com sacadas com vista aos seus becos e vales, portas originais pintadas em tons de verde, arcos decorados e grandes janelas, em típico estilo do sul da Itália.

As mais amplas possuem seus próprios pequenos quintais com limoeiros e pisos de azulejos pintados. No entanto, elas não possuem a beleza de outrora no momento. Dá para conhecer cada uma das casas disponíveis aqui no site da prefeitura.

A Pequena América

"Estrangeiros estão vindo em bando para comprar nossas casas, tem sido um sucesso até agora", celebrou ainda o prefeito Cacioppo à CNN. "Eles eram uma vista rara aqui antes de 2019, mas agora se tornaram parte de nossa paisagem. Nossa cidade definitivamente está no mapa neste momento".

A maioria dos novos moradores são americanos, criando uma verdadeira "Pequena América", uma subcomunidade dentro da cidadela de cerca de 5 mil pessoas. Com eles, os americanos trouxeram algumas novidades e modernidades para este endereço que parece perdido no tempo: um casal instalou até um elevador na sua propriedade, de acordo com o veículo.

Apesar da pechincha inicial, eles chegam a investir cerca de 30 mil euros (R$ 175,3 mil) em reformas mais simples, mas os projetos de "retiros de luxo" custam cerca de 200 mil (R$ 1,17 milhão). Diversos que já adquiriram imóveis nas primeiras rodadas acabaram também comprando mais propriedades na cidade, especialmente as vizinhas para ampliar seus imóveis — o que aqueceu o mercado imobiliário de Sambuca.

Atualmente, diversos moradores locais estão colocando garagens e antigos sótãos e anexos à venda, para fazer renda extra.

Projeto mudou a paisagem

Como resultado destes investimentos, Sambuca agora tem novas pousadas — em antigas casas de 1 euro reformadas —, além de lojas e mais trabalho para arquitetos, empreiteiros, designers de interiores e até tabeliões. Na esteira da chegada dos estrangeiros, a prefeitura inaugurou espaços de co-working para trabalhadores remotos e instalou wi-fi em seus pitorescos becos.

Inicialmente, apenas 16 casas foram vendidas por 1 euro em 2019. Dois anos depois, mais uma leva foi vendida por 2 euros cada. Mas a instalação dos novos residentes gerou cerca de 20 milhões de euros, ou quase R$ 117 milhões na economia local.

Sambuca di Sicilia, na Itália Imagem: Divulgação/Comune di Sambuca di Sicilia

Isto porque nem só dos leilões das casinhas do projeto vivem as imobiliárias de Sambuca: muita gente interessada que não conseguiu levar o imóvel na batida final do martelo acabou comprando outros imóveis baratos pela cidade. No total, 250 casas já foram vendidas até agora, divulgou o prefeito.

O processo de negociação das casas do projeto acaba sendo burocraticamente facilitado, já que muitos imóveis desocupados por residentes que fugiram do terremoto de 1969 foram reapropriadas e agora pertencem às autoridades municipais. Como não há intermediários, como no caso de outras cidades em que o governo precisa convencer os proprietários a vender as casas desocupadas, a venda é mais fácil.

Como comprar uma casa de 3 euros?

Com uma barganha dessas, é de imaginar que haja muito interesse nas 12 casas disponibilizadas pela prefeitura. Portanto, como nas outras rodadas, será realizado um leilão — e as casas são, de fato, vendidas a quem está disposto a pagar o maior valor.

Mas elas não custavam 3 euros? Sim.

No entanto, para participar dos leilões, é preciso fazer um depósito-caução de 5 mil euros (R$ 29,2 mil) junto à prefeitura. Caso você não vença a disputa pela casa, o dinheiro é devolvido imediatamente, de acordo com a CNN. Já para aqueles que levam as casas, o dinheiro se torna uma "garantia" de compromisso com o projeto — é preciso completar a reforma em até três anos para não perder o reembolso.

Interessados podem encontrar mais informações sobre o processo no site comune.sambucadisicilia.ag.it.

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