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De Ramones a Kamala: All Star passou de tênis esportivo para ícone de moda

Converse All Star Imagem: Edward Berthelot/Getty Images

Gabriela Dourado

Colaboração para Nossa

02/07/2024 04h00

Tema de canção e símbolo estético de movimentos musicais, o All Star já deixou, há tempos, de ser um tênis para ser uma mensagem. Desde os pés dos atletas de basquete, os primeiros a popularizarem os tênis, até o universo punk dos anos 1970, o All Star carrega em seu design algo que toda marca deseja: ser reconhecida em qualquer lugar.

Mais do que isso: estar sempre associado a algum movimento, tornando-se objeto de desejo por quem quer fazer parte. E por aí passa a rebeldia juvenil de James Dean nos anos 1950, a atitude punk dos Ramones e Sex Pistols nos anos 1970 e o grunge de Kurt Cobain em 1990 como figuras que ajudaram a alavancar o status de um simples tênis para um ícone.

Anúncio de 1920 para o Chuck Taylor All Star Converse Imagem: The American Legion Weekly

Lançado como um calçado de borracha para o inverno pela Converse Rubber Company, em 1908, foram os atletas de basquetes os primeiros a alçarem o tênis a outro patamar. Em 1917, a empresa lançou um modelo focado no esporte, com solado em formato diamante feito para derrapar menos. Em 1922, o atleta Chuck Taylor surge como garoto propaganda do modelo com reforço no tornozelo. É aí, então, que o modelo passa a levar o nome do jogador.

Entre altos e baixos da sua popularidade, um marco na trajetória do calçado foram as novas cores, uma vez que, até a década de 1960, os únicos modelos disponíveis eram em branco e preto.

Após o lançamento de sete novos tons nessa época, o mundo de possibilidades se expandiu para, anos depois, Nando Reis cantar que o preto de cano alto dele combinava com o azul de Cássia Eller.

Hoje, as possibilidades de customização são infinitas, indo desde spikes aplicados até estampas em grafite. Comme Des Garçon e Dungeons & Dragons, por exemplo, são algumas das parcerias mais recentes que resultaram em designs exclusivos.

Converse All-Star Imagem: Getty Images

Movimentos da contracultura

Foi na contracultura dos anos 1970 que o All Star se estabeleceu como sinônimo de rebeldia. Enquanto entoavam o lendário "Hey Ho Let's Go", o quarteto Ramones combinava os tênis de lona com suas calças skinny, camisetas justas e jaquetas de couro.

A simplicidade dos três acordes conversava com o aspecto descolado dos All Stars em um visual reproduzido por 10 entre 10 adeptos do punk novaiorquino.

Joey Ramone e Dee Dee Ramone, com seus All Star em 1978 Imagem: Ed Perlstein/Redferns/Getty Images

E é, provavelmente, essa ideia de simplicidade que levou a certo declínio do modelo em meio a opulência oitentista. Lona e borracha não se encaixavam nas plumas, pérolas, ombreiras, paetês e permanentes da moda à época.

Foi quando o Grunge chegou, ali por volta dos anos 1990, que carregou junto de volta os tênis. Entre blusas de flanela e calças rasgadas, os pés voltaram a ostentar o modelo que combinava com o visual "destroyed" dos adeptos ao som de bandas como Nirvana e Pearl Jam.

No entanto, no início dos anos 2000, a Converse enfrentou dificuldades financeiras e acabou declarando falência. Pouco depois, em 2003, a empresa foi adquirida pela Nike. Essa mudança de proprietário permitiu que a marca se renovasse e se ajustasse às constantes mudanças das tendências da moda mundial.

Foi também nessa gestão que ajustes foram feitos, como a inclusão de palmilhas Lunarlon (uma tecnologia já utilizada pela Nike em modelos de corrida e basquetebol), a lona se tornou mais resistente e a logo passou a ser bordada.

Elegância pé no chão

Kamala Harris, em 2011 Imagem: Frederick M. Brown/Getty Images

Não é só de visual punk ou grunge que se fez o hype do All Star. O clamor por mais conforto vindo de mulheres em eventos sociais levou os tênis para locais como tapetes vermelhos e púlpitos.

É o caso da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que não dispensa um bom par de All Star em aparições públicas e oficiais. Junto de elegantes terninhos, Kamala aposta nos tênis para criar um visual despojado e jovem, sem perder a autoridade.

Timotheé Chalamet no Met Gala de 2021 com seus tênis Imagem: Mike Coppola/Getty Images

Em eventos ultraglamourosos como o Oscar, o All Star também está lá. Como esquecer a foto de Rooney Mara comendo um sanduíche ao lado de Joaquin Phoenix sentada em uma calçada com seu belíssimo vestido e um bom cano alto preto no pé?

Timothée Chalamet, Kristen Stewart, Millie Bobby Brown e Blake Lively são outras celebridades que já trocaram os sapatos sociais ou saltos altos pelos tênis na hora de cruzar o tapete vermelho da premiação.

Nesses quase 120 anos de existência, o clássico All Star prova que ainda tá muito longe de se aposentar.

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