O picadinho do Ritz e outras comidas afetivas de restaurantes de São Paulo
Sentada na plateia do Teatro Commune, na Consolação, assisti à peça "Donatello" com fome. Enquanto o autor e ator Vitor Rocha, na pele do personagem Amendoim, contava ao público como transformava as memórias em sabores de sorvete na tentativa de ajudar o avô com doença de Alzheimer a lembrar da vida, me peguei listando quais gostos eternizei na mente sem querer.
O pensamento romântico logo foi interrompido pela crítica. Os jornalistas gastronômicos não aguentam mais ouvir falar em chefs que baseiam seu cardápio em "comfort food".
Ainda assim, o que todo participante do MasterChef mais deseja é ser elogiado ouvindo o Jacquin dizer que aquela garfada o fez voltar à infância na França.
A grande questão, acredito, é que comida afetiva não é sinônimo de comida boa. Na cozinha profissional, isso é um problema. Mas, dentro da minha cabeça, prefiro ignorar que provavelmente a nostalgia nos faça digerir o critério e seguir acreditando que a vó Ondina fazia a melhor tortilla do mundo.Abaixo, estão algumas receitas afetivas (para mim) e verdadeiramente boas (espero que para você também).
Estrogonofe, da Camelo
O prato nasceu na Rússia, mas por aqui ganhou ketchup, mostarda e o afeto de muita gente (especialmente das crianças). Me traz boas memórias comer o de filé-mignon na pizzaria Camelo. Com arroz branco e batata caseira "da boa", serve três pessoas por R$ 192.
Rua Antônio Camardo, 344, Tatuapé. @pizzariacamelo
Picadinho, do Ritz
Às vezes nem dá tempo de sentir gosto de nostalgia. Já que é nos pedacinhos de filé-mignon ao molho inglês e de tomate que eu me conforto e me acabo. Às segundas, quartas e sextas, o Ritz serve o prato com arroz, feijão, banana-da-terra tostadinha, ovo cremoso e batata chips caseira (R$ 79).
Alameda Franca, 1088, Jardim Paulista. @restauranteritz
Massa Alfredo, do Nino
Provei o fettuccine no restaurante Alfredo, de Roma, onde foi criado o molho de mesmo nome. Mas a dica é a réplica (R$169 para dois) feita pela equipe do Nino, agora sob comando do romano Marco Renzetti, conhecido como o dono da melhor emulsão de manteiga e grana padano da cidade.
Rua Jerônimo da Veiga, 30, Itaim Bibi. @ninocucina
Tortilla de batata, do Huevos de Oro
Minha avó nem era espanhola, mas de alguma forma as batatas foram parar dentro da sua frigideira com omelete. Me lembro dela sempre que peço a "tortilla de patatas" no Huevos de Oro e recebo na mesa a receita douradinha por fora, mas ainda cremosa por dentro (R$36).
Avenida Pedroso de Morais, 267, Pinheiros. @huevosdeorobar
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BARES
Por Sergio Crusco
Bebendo bem no vegetariano
E se te convidarem para beber um drinque no restaurante vegetariano? Nada de achar a ideia maluca, pois dois dos melhores endereços da cidade também são ótimos de bar. Levam às taças o mesmo capricho dispensado às criações que vêm da cozinha.
Banana Verde e Quincho têm mais em comum: colocaram seus bares logo na entrada, nos seduzindo a pedir um drinque antes da refeição. Ou ficar por ali mesmo, no balcão, no esquema de beber e petiscar, como acontece nos bons botecos. Só que, dessa vez, com comidinhas saudáveis.
Banana Verde
A casa da chef Priscilla Herrera agora conta com o Borbu Banana Bar, em parceria com a Companhia dos Fermentados. Vermutes e bebidas borbulhantes feitas com uma penca de frutas brasileiras entram na composição dos drinques, bolados por Isadora Fornari. Caiu Cacau é dos mais sutis, com vermute de caju, fermentado de cacau, graviola e jambu. Potente, Puxa Saco vem com vermute de jabuticaba, sidra de maçã, bourbon, manjericão e pera.
Rua Harmonia, 278, Vila Madalena. @restbananaverde
Quincho
No restaurante da chef Mari Sciotti, a leveza dá o tom às receitas autorais do bar, a cargo do mixologista Andrea Ambrosano. Sutileza aponta o que está por vir, mesclando gim, graviola, creme de capim-santo, bitter de lavanda e jasmim. Oferenda tem mistura mais complexa: tequila, jerez, single malt, xarope de framboesa, limão, espinafre e jasmim. A equipe de bar também está pronta para executar clássicos mais encorpados.
Rua Mourato Coelho, 1447, Vila Madalena. @quincho.sp
BELISQUETES
Por Gabrielli Menezes
Chocolates para presentear
Nos últimos anos, a produção de chocolate evoluiu na capital paulista com o movimento chamado "bean-to-bar". Na prática, quer dizer que alguns chocolatiers corajosos decidiram conhecer os produtores de cacau e fabricar as suas barras do zero, a partir da amêndoa. Estão nesse grupo lojas que admiro, como a Gallette (Rua Augusto Tolle, 245, Santana) e a Mission (Rua Califórnia, 808, Brooklin).
Na esteira dessa mudança, surgiram também formas mais criativas de trabalhar as versões já processadas, como o belga Callebaut (favorito dos confeiteiros). As duas indicações a seguir fazem dos bombons uma tela de pintura e reforçam que chocolate é um dos melhores presentes.
Beaubon
Cada bombom é pintado à mão com manteiga de cacau pela equipe da jornalista Roberta Pires, que abriu a marca após se formar na Le Cordon Bleu. O amarelo brilhante com pintinhas pretas por fora indica que dentro há ganache de maracujá. Já o que leva chocolate meio amargo no recheio e na casquinha é decorado com um olho grego (R$ 12 cada um).
Alameda Itu, 1485, Cerqueira César. @beaubonchocolates
Mica
Faz seis anos que a advogada Michelle Kallas largou o mundo corporativo para se dedicar às técnicas aprendidas com a chocolatier americana Melissa Coppel, em Los Angeles. Isso quer dizer produzir bombons reluzentes, com acabamento delicado e recheios divertidos. Entre eles, s'more (bolacha, marshmallow e chocolate), donut e pavlova (R$ 25 a dupla).
Rua Artur de Azevedo, 1199, Pinheiros. @micachocolates
SAIDEIRA
Clandestino renasce como Clandestina
O Clandestino marcou a história de São Paulo. De 2010 a 2020, a chef Bel Coelho recebia esporadicamente na Vila Madalena interessados em provar o menu degustação que apresentava diferentes culturas e produtos brasileiros. A partir do jantar de terça (9), o restaurante renasce com os mesmos valores, mas com nova proposta, no endereço antes ocupado pelo premiado ChefVivi.
Com pegada mais informal, o agora chamado Clandestina — com "a" — oferece para compartilhar receitas preparadas com ingredientes nativos, aproveitados na sua integridade. Lendo os pratos do menu, planejei o meu futuro pedido: guioza de pato ao molho de jambu e tucupi como entradinha e, para o principal, arroz da costela extraída da raça curraleiro com jiló frito empanado no fubá crioulo.
Em tempo: a abertura do Clandestina não anula o plano de Bel de reabrir em breve o Clandestino, com direito a menu fechado e tudo mais.
Rua Girassol, 833, Vila Madalena. @clandestinarestaurante
MELHORES BARES E RESTAURANTES
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