Quem topa? Trilha que vai do RJ ao RS tem 4.000 km e exige 7 meses andando
4.300 km em uma rota que vai do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. Esse é o desafio a ser enfrentado pelo aventureiro que quiser fazer a maior trilha do Brasil: o Caminho da Mata Atlântica.
Chico Schnoor, coordenador do projeto, explicou a Nossa que a nova trilha é, na verdade, uma conexão entre caminhos antigos. Já são 900 quilômetros a mais finalizados, que permitem que o andarilho faça cerca de 90% do trajeto final planejado em 2012, que liga o Parque Estadual do Desengano (RJ) ao Parque Nacional de Aparados da Serra (RS).
"Temos lugares que já estão basicamente finalizados, tipo Santa Catarina, mas tem outros que estão mais demorados. Dá pra ir do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, mas fazendo alguns desvios pequenos onde a trilha não está aberta ou com autorização do proprietário para passar", detalha.
Segundo o ambientalista, essa é outra parte difícil do processo: a negociação para fazer a trilha em terras que são de propriedade privada ou parte de unidades de conservação.
Com toda dificuldade logística, o Caminho da Mata Atlântica ainda não foi completado por algum aventureiro — apesar de uma primeira turista ter começado a empreitada, tendo completado "apenas" o trecho do Rio de Janeiro.
No cálculo de Chico, para percorrer toda a trilha seriam necessários sete meses e meio de caminhada. "Algumas pessoas fizeram trechos do norte do Rio, trechos de Santa Catarina, mas ninguém fez ela toda ainda."
Os coordenadores da trilha ainda não fizeram um orçamento de qual o investimento necessário para quem quiser embarcar na aventura.
Mas Chico exemplifica que até mesmo um trecho curto, como uma ida de Friburgo até Campos, no norte do Rio, já exigiria ao menos R$ 1.000 na versão econômica.
Falando dessa trilha, que está 100% sinalizada. Podemos pensar que em 12 dias você vai gastar entre R$ 1.000 e R$ 1.500 em comida e hospedagem.
Já quando o assunto é a dificuldade do caminho, o coordenador destaca que a intenção foi facilitar ao máximo o acesso a todos os públicos, mesmo aqueles que queiram apenas passear por algum dos pontos.
Projeto vai muito além de trilha
No total, a ideia do Caminho da Mata Atlântica já está em execução desde 2014.
Ainda hoje, 90% das pessoas que trabalham no projeto são voluntárias - são cerca de 4700 cadastradas, mas pouco mais de 200 ativas e distribuídas de forma desigual pelo país, outro fator que complica a evolução.
"Tem trechos em que você tem de 30 a 50 voluntários atuando mas, ultimamente, tem trechos que você não tem nenhum. Então, tem que fazer esse engajamento também para que o trabalho aconteça. Em São Paulo, por exemplo, a gente está muito parado."
O grande objetivo do projeto não é apenas conectar dezenas de trilhas pelo país, mas também fazer um projeto de conservação do meio ambiente e de regeneração da Mata Atlântica na Serra do Mar, que sofre com o desmatamento.
A gente quer que seja um grande corredor florestal, do norte Fluminense até o norte Gaúcho. É usar o turismo como ferramenta base para regenerar o planeta, gerando renda pro território rural e para as localidades urbanas por onde passamos.
Lado a lado com a trilha, parte da equipe participa de ações de reflorestamento, de educação ambiental, para espalhar a ideia por trás do projeto.
"O nome dela é Caminho da Mata Atlântica exatamente por isso, porque o objetivo é conseguir conservar e ao mesmo tempo dar uma utilidade diferente."
O site do projeto tem um mapa interativo com todos os serviços envolvidos na trilha, como os locais para dormir e comer, além da cadeia produtiva ao longo de toda a trilha.