No coração de Buenos Aires, antiga torre 'farol' renasce como hotel de luxo

O hotel foi instalado no Edifício Mihanovich, construído na década de 1920 e que chegou a ser um dos mais altos da América do Sul, com 20 andares.

Localizado nas proximidades do Rio da Prata, o prédio foi projetado lembrando um farol para que se tornasse a primeira coisa vista por marinheiros que se aproximavam do porto de Buenos Aires.

À época, a construção acabou não obtendo autorização para superar a altura do famoso Palácio Barolo. Mas sua encantadora arquitetura fez que o edifício se transformasse em um ponto de interesse da cidade. Sorte dos hóspedes que, devido ao formato de ferradura da edificação, conseguem admirar da janela dos quartos os detalhes clássicos e de art decó da fachada.

Por dentro do Casa Lucía

Um bar ao fundo do lobby, na área em que intuitivamente hotéis instalariam suas recepções, traduz uma das propostas do lugar: a de não somente ser uma acomodação de luxo, mas também um point frequentado por que vive e frequenta a sedutora região. Com menos cara de hotel, o local virou um atrativo local.

A iluminação natural do lobby por meio de um teto de vidro — de onde se vê a arquitetura do edifício que se ergue — e as modernas luminárias que pendem do alto compõem um agradável ambiente, que mistura o antigo com o moderno, com detalhes da arquitetura histórica pelas paredes, móveis contemporâneos e plantas da vegetação natural da calle Arroyo que trazem leveza para a decoração.

A riqueza da construção, agora administrada pela Único Hotels, rede espanhola de hotéis de luxo focada na experiência do hóspede, se evidencia nos adornos das paredes, na fachada da parte mais alta do edifício e até nos corrimões das escadas de mármore ao fundo do lobby.

O hóspede pode escolher entre diferentes categorias de acomodação, que vão dos quartos Executive aos mais amplos, recomendados para famílias ou grupos de amigos — pela opção de conexão entre suítes ou de alugar vários quartos e fechar um andar inteiro — e o Terrace Master Suite, com uma varanda que tem vista panorâmica para a cidade e para o Rio da Prata.

Dentro da proposta do hotel de colocar o hóspede em contato com a essência argentina, em todos os quartos há fotografias de Ricardo Piñeiro de fachadas de casas icônicas de Buenos Aires, bebidas nacionais e alfajores no frigobar.

Drinques e gastronomia

No restaurante Cantina, que abre suas portas à direita do lobby, a cozinha comandada pelo chef Julián del Pino se dedica a oferecer sabores e aromas argentinos, como a famosa fainá (massa de grão de bico que costuma acompanhar a pizza) com burrata, tomates queimados e pesto, provoleta com foccacia, e claro, os clássicos da parrilla, bife de chorizo e ojo de bife.

Vale dedicar um tempo para desfrutar sem culpa os sabores do café da manhã com elegantes quitutes.

O buffet, servido no bar do lobby, inclui pudim de chia, brusquetas com uma deliciosa combinação de queijo bocconcini, tomate seco e abacate, scone de queijo com truta defumada, além das tradicionais medialunas, que podem ser turbinadas com o 'dulce de leche' argentino.

Na esquerda do lobby, o bar Le Club Bacán, alia a habilidade do bartender Martín Suaya com nomes de músicas nacionais na composição de uma carta de drinques autorais, como o Por una Cabeza (rum, Aperol, abacaxi, limão e falernum), Mi Buenos Aires Querido (gim, dry vermute, Hesperidina, Angostura) e Suspiro de Bandoneón (Johnnie Walker Red Label, manjericão, solução cítrica, soda de cítricos). Todas as noites, o local tem música ao vivo comandada por um DJ.

Na dúvida entre as tentações da carta, uma dica é provar o La For Azul, drinque preparado com tequila, limão, mel de cana de açúcar e licor de maracujá caseiro — mas saiba de antemão que a pedida será feita sob risco de querer repetir.

Bem-estar

O deleite da hospedagem chega ao ápice no spa recém-aberto, ambientado com música zen pensada para proporcionar tanta tranquilidade quanto a piscina de borda infinita combinada com um elegante mural de paisagem, salas de massagens e sauna.

Basta pisar no lugar para o visitante ser tomado pela vontade de dedicar uns dias ao completo descanso, sem sair na rua e se entregar ao acolhimento das instalações, apesar de todos os encantos da cidade de Buenos Aires.

E se você chegou muito antes do horário do check-in, não precisa deixar as malas e bater perna pela cidade para matar o tempo. Já para para aproveitar o hotel: como parte da experiência os clientes, são disponibilizadas como cortesia cabines no spa para que os hóspedes 'adiantados' tomem uma ducha e se refresquem enquanto esperaram para entrar no quarto.

Com instalações pensadas cuidadosamente e sem ostentações, o Casa Lucía abre as portas de um edifício histórico se propondo como um ponto de encontro entre a vida da rua mais parisiense da capital, com doses bem-medidas de modernidade e descontração.